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Matheus Amaral

Publicado 03/dez5 min de leitura

Abertura da semana

Depois de registrar o melhor mês do ano em novembro, impulsionado pelo “efeito Trump”, o S&P 500 manteve o ritmo de alta na abertura dessa semana, impulsionado por ações de tecnologia e pelo bom desempenho das vendas na Black Friday. Ações da Meta, Tesla e Intel avançam por lá puxando o otimismo. O mercado fica de olho em dados do PMI nos EUA e Payroll, enquanto esperam no mês a última decisão do Fedpara a juro americano neste ano.

Por aqui, o mercado segue com o risco fiscal no radar e monitorando a questão da isenção de IR, em um momento que se esperava apenas cortes de gastos. E para complementar o cenário de cautela, a ameaça de Trump taxar em 100% os países do Brics que substituírem o dólar nas transações comerciais, trouxe mais pressão para emergentes e o dólar, por sua vez, se manteve acima dos R$ 6 e os juros futuros também avançavam pressionando a bolsa, que tentava uma reação com a alta da Petrobras.

O Cavalo de Tróia da semana passada

Enfim saiu, mas o mercado preferia ficar na eterna espera semana a semana do pacote fiscal. O problema não foi nem tanto o pacote em si, mas sim o que veio junto, que foi a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil reais. Acho o tema até bom, tem seu mérito, mas não era o momento agora. Estamos precisando de corte de gastos e não renúncia de arrecadação do governo. Só isso foi o suficiente para o mercado não ter mais paciência e colocar mais risco para o Brasil com o dólar se estagnando desde quinta-feira em R$ 6 e o juro de 2 anos acima de 14%. Fato este que segue pressionando os ativos de risco e, consequentemente, a nossa bolsa, que caiu 3,12% em novembro e segue em tom de cautela desde o Cavalo de Tróia, ou melhor, do pacote recebido. Seguimos atentos ao movimento da bolsa e lembramos da nossa revisão para 2025, que você pode conferir aqui. Enquanto isso, o Congresso parece estar tentando impedir que a isenção do IR vá para frente e tem até uma PEC de reforma estrutural para ser discutida por lá, mas a impaciência do mercado já está instaurada no dólar, juros futuros e inflação projetada.

Não para de subir há 8 semanas

Não, infelizmente não é a nossa bolsa, mas sim as expectativas para a inflação em 2025 no Relatório Focus, que não param de subir há 8 semanas. O relatório Focus é uma pesquisa de consenso dos economistas para o Banco Central, que reúne as expectativas para os principais indicadores macroeconômicos. Acontece que desde que o mercado passou a se preocupar bastante com o rumo das contas públicas, as perspectivas para a inflação para 2025 saíram de 3,50% no início do ano para 4,4%. Já para os juros em 2025, saíram de 8,5% no início do ano para 12,63%. Fica difícil para o Ibovespa competir nesse cenário e o índice segue lutando nos 125 mil pontos, com seu valuation a 7,5x lucro esperado há cerca de uns 3 anos.

Novidades no Ibovespa

Essa semana a B3 divulgou a primeira prévia para a composição do índice Ibovespa para o ano que vem, a bolsa divulgará mais duas prévias antes da nova carteira valer a partir de 6 de janeiro. A segunda prévia será divulgada no dia 12 de dezembro e a última em 2 de janeiro. Vamos às movimentações! O índice até agora contará com 85 papéis correspondentes a 82 empresas. Entra Marcopolo (POMO4) e sai Alpargatas (ALPA4) e Eztec(EZTC3). Os cinco maiores nomes para o índice seguem com Vale (VALE3), Petrobras (PETR4), Itaú Unibanco (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4).

O novo entrante, a Marcopolo deve entrar com um peso baixo de 0,28%. A companhia vive um momentum positivo na bolsa, subindo cerca de 40% no ano, enquanto o Ibovespa e o índice de SmallCaps amargam perdas de cerca de 6% e 29% no ano, respectivamente. A Marcopolo tem apresentado bom resultado operacional, um terço da receita voltada à exportação, que em momentos de dólar alto são bem vindos e melhorou significativamente a rentabilidade nos últimos anos. Mesmo com a alta no ano, POMO4 parece um bom nome quando olhamos o valuationdo mercado, que paga 5,7x EV/EBITDA para a companhia e 6,7x PE, o que deixa o papel atrativo.

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