“Calma, calma, não criemos pânico”
Começamos a semana com os mercados desabando pelo globo repercutindo principalmente uma possível recessão nos Estados Unidos, após dados abaixo do esperado na semana passada da indústria e do payroll.
O Vix, índice que mede a volatilidade do mercado, chegou a ficar acima dos 65 pontos, algo que aconteceu apenas nas duas últimas crises (2020 e 2008), mas logo retornou para a faixa dos 35 pontos. Seguindo o termo de uma recessão, o S&P chegou a abrir em queda de 3,6% nesta segunda, encerrando o dia com queda de cerca de 3%.
Tóquio devolvendo ganhos no ano.O destaque do dia ficou para as ações japonesas, com o índice Nikkei encerrando o pregão de segunda-feira em queda de 12,4%. Em agosto, o índice japonês cai quase 20% e devolve todo o ganho que tinha apresentado em 2024, que estava em 17%. O efeito por lá também foi potencializado pelo momento em conjunto da política monetária japonesa, com juros positivos pela primeira vez em décadas e da curva americana em queda, que tem devolvido valorização do iene e desmonte de um carrytrade feito pelos japoneses, maiores investidores de Treasuries do mundo. Neste relatório do Global Markets a Gabriela Joubert explora um pouco mais sobre o tema. Confira aqui.
Continua o selloff em ações de tecnologia.O selloff dos mercados seguiu impactando principalmente ações de tecnologia, que enfrentam um ceticismo recente do mercado em relação aos esticados valuations. Tanto é que ontem as techsforam as que mais caíram, desabando 4,7%. Vale lembrar que o S&P 500 negocia a cerca de 22x lucros, acima da sua média histórica de 20x, muito por conta do recente boom com big techs e ações voltadas à inteligência artificial.
Não temos nada a ver com isso, mas não somos uma ilha. Por aqui, acabamos sendo contaminados pelo pessimismo global, dado que o investidor estrangeiro acaba movimentando em peso a nossa bolsa. O Ibovespa acabou caindo, mas apenas 0,5% no dia, com maior destaque para os setores de mineração, telecom e tecnologia. Os fundamentos das companhias não mudaram, a precificação do Ibovespa não está esticada como a americana e já estamos descontados demais para sofrer uma correção exacerbada. Só nos resta mesmo fazer o que estamos fazendo desde o início do ano, esperar as questões globais se resolverem e o humor global melhorar. Ah... e também o corte de juros começar nos EUA. Enquanto isso, são momentos como esse que geram oportunidades para comprar boas empresas a bons preços.
Nada como um dia após o outro. A bolsa de Tóquio se recupera na manhã desta terça-feira com forte alta de 10,23%, recuperando parte das perdas de ontem com o mercado entendendo que o movimento de ontem pode ter sido exagerado. Bolsas europeias também operam próximo da estabilidade. Parte do mercado parece ter entendido que apesar dos dados fracos, a economia americana não entrou em recessão, ainda.