Macroeconomia


Câmbio | 14.Out.24

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Gustavo Menezes

Publicado 14/out3 min de leitura

Dólar fecha semana em R$5,61, marcado por CPI, PPI, ata do FOMC e nova proposta de IR

O dólar fechou a última sexta-feira em R$5,61, alta de 2,84% ao longo da semana. Em outubro, o dólar tem alta de 3,16%, apreciando 14,11% no acumulado do ano.

A semana começou com uma continuação do movimento de flight to safety associado aos conflitos do Oriente Médio, onde o real depreciou em conjunto com as demais moedas emergentes. A situação externa se acentuou na terça, com mais outra alta marcada pela frustração com os estímulos chineses. Fatores externos continuaram pressionando o câmbio durante o resto da semana, com a ata do FOMC indicando um tom mais hawkish do que o esperado pelo mercado, além das surpresas inflacionárias do CPI e do PPI. A leitura do PPI, em si, foi mista, mas foi marcada por revisões inflacionárias na leitura anterior, num contexto onde os impactos do furacão Milton ainda não atingiram as coletas para mensuração de preços, que foi referente a setembro, implicando numa trajetória menos acentuada de flexibilização da política monetária americana.

Adiciona-se aos fatores externos uma nova preocupação fiscal: foi levantada, pelo governo, uma proposta de ampliação do IRPF dos atuais R$2.824,00 para R$5.000,00 e que foi reforçada pelo presidente na sexta-feira, com o intuito de ampliar a isenção em anos posteriores. Apesar de ainda existirem incertezas quanto ao impacto orçamentário da medida, que foi proposta em conjunto com um imposto mínimo para rendas milionárias, a declaração ocorre durante um período de preocupações sobre a capacidade do governo de cumprir a meta fiscal estabelecida, que está suficientemente grande para anular os impactos cambiais positivos do upgrade concedido pela Moody’s na semana passada. O conjunto destes efeitos fez com que a moeda brasileira tenha tido a maior desvalorização dentre os pares analisados na última semana, ainda que em um panorama de apreciação global do dólar.

Expectativas de mercado

Os eventos desta semana apresentaram efeitos relevantes na curva de juros e na volatilidade implícita do dólar, que apresentaram aumento inclusive nos prazos mais longos. Observa-se, adicionalmente, uma protuberância mais saliente da volatilidade pré-eleição americana, frente à pesquisas recentes que mostram um acirramento no resultado presidencial, demonstrando que parte do cenário recente enfrentado pelo câmbio também tem origem em fatores de risco dos Estados Unidos. De todo modo, por razão dos riscos domésticos, vimos o CDS aumentar aproximadamente 10p.b. ao longo da semana.

O volume menor de compras financeiras de dólar também foi um fator negativo contra o câmbio, quebrando a tendência de entrada de dividas por conta do carry trade que havíamos observado anteriormente. Isso, em conjunto com um abrandamento na internalização de divisas por exportadores, pressionou a variação das reservas internacionais do BC para o território negativo pela primeira vez em seis meses.


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