Macroeconomia


Análise | Setor Externo | Abr.25

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Gustavo Menezes

Publicado 26/mai2 min de leitura

Transações correntes foram deficitárias em US$1,3 bilhões em abril

Transações correntes foram deficitárias em US$1,3 bilhões em abril, ligeiramente acima da expectativa. No acumulado dos últimos doze meses, o déficit foi de US$68,5 bilhões, ou 3,2% do PIB. O resultado em abril, frente ao mesmo mês do ano anterior, foi fruto de uma piora de US$550 milhões no saldo comercial e serviços, de uma melhora de US$550 milhões no saldo de renda primária.

Investimento Direto no País (IDP) teve ingresso líquido de US$ 5,5 bilhões

O IDP em abril foi positivo em US$5,5 bilhões, acima da expectativa de US$4,9 bilhões. O indicador melhorou US$1,6 bi frente ao mesmo mês do ano anterior, e foi motivado substancialmente pela participação de capital. As transações intercompanhia, que apresentaram um resultado negativo na última divulgação, também vieram US$1,1 bi abaixo do mesmo mês do ano anterior. Em geral, o resultado é positivo por conta da participação de capital que tende a ser mais permanente e indica formação de capital fixo por parte dos estrangeiros.

Balança comercial

Em abril, a balança comercial registrou superávit de US$8,2 bilhões, em linha com o superávit  no mesmo mês do ano anterior.

As exportações de bens totalizaram US$30,4 bilhões. Na comparação com abril de 2024, as exportações aumentaram 0,3% com um qualitativo indicando comportamento similar para a maioria das pautas agropecuárias tanto em termos de preço quanto quantidade, enquanto as exportações de automóveis e aeronaves seguem num ritmo robusto.

A supersafra de soja segue em curso em abril, apesar do ritmo levemente abaixo do que se esperaria visto o resultado de março. O volume exportado de farelo de soja foi mais forte do que o historicamente esperado, indicando que a pecuária local não está conseguindo absorver o excesso da produção, que deve ser exportada para a China especialmente após a deterioração das relações comerciais com os EUA. As exportações de milho despontaram, com volume mais de 150% acima do que vimos no mesmo mês do ano anterior, mas constituem pequeno volume por conta da sazonalidade e servem de sobreaviso para uma potencial supersafra na segunda metade do ano.

As importações de  US$22,3 bilhões em abril  variaram 1,6% frente a abril de 2024, sustentando o ritmo de amenização dos últimos meses. O qualitativo, conforme a difusão das pautas de importação, já se situa no quinto mês consecutivo de desaceleração com ampliação da quantidade de itens que observaram importações menores agora em comparação com 12 meses atrás. Em termos de produtos, é mais evidente o enfraquecimento dos insumos agropecuários enquanto os insumos da indústria de transformação seguiram, em geral, uma variação mista, apesar de estarem aquém do apetite visto na segunda metade de 2024.

Cripto e serviços

A conta capital, composta basicamente por transações de criptomoedas, atingiu déficit de US$1 bi em abril, frente a US$1,6 bilhão em abril de 2024 e acumula US$14,3 bilhões em 12 meses, ou 0,67% do PIB. A acomodação dos fluxos em criptomoedas e bets segue em curso, enquanto os serviços associados ao streaming e às pequenas importações segue relativamente inalterado num patamar historicamente alto. Ressaltamos aqui que apesar de um apetite menor pela especulação em criptomoedas nos meses recentes, a medida recente do governo de aumentar o IOF para remessas ao exterior, melhor detalhada em nosso relatório de Medidas Fiscais, pode acelerar as saídas de divisas nessa categoria por meio das stablecoins, que já representam a maioria do valor transacionado em criptomoedas por brasileiros.

O déficit de serviços atingiu US$4,2 bi em abril, estável em relação ao ano anterior. Notamos que o déficit continua crescendo para os insumos associados à demanda das firmas, enquanto os serviços associados à demanda das famílias demonstrando sinais de desaquecimento. Neste sentido os dados de abril foram ambíguos, visto que o resultado das pequenas importações (associadas às famílias) não demonstra sinais claros de aquecimento, enquanto o qualitativo das importações na balança comercial (associadas às firmas) já demonstra tendência de arrefecimento frente ao ritmo visto em 2024.


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