Revisão do orçamento e aumento do IOF
O fiscal tem sido o tema macro número 1 há um tempo e não é sem motivo.
No seu primeiro relatório de avaliação do orçamento de 2025, o Tesouro fez um anúncio positivo de contingenciamento/bloqueio de R$30 bilhões, maior que esperado, mas na sequência, um anúncio bem mais negativo que foram as medidas de aumento de IOF. Ambas mudanças visam adequar a execução orçamentária que sofreu forte revisão de aumento de gastos.
Infelizmente, o governo insiste em repetir a fórmula de aumentar impostos para cobrir o déficit fiscal, que por sua vez vai gerar novo aumento de gastos no ano seguinte, devido às vinculações das despesas à arrecadação, desde a destinação de gastos com saúde e educação até as transferências para estados e municípios. E assim seguimos aumentando impostos e aumentando despesas, ainda distantes do ajuste fiscal.
A revisão do orçamento trouxe nova estimativa de déficit para o ano, de R$29 bilhões para R$97 bilhões. Com o contingenciamento de R$20 bilhões, teremos um déficit próximo de R$77bi, 0,6% do PIB, em linha com a expectativa do mercado e a nossa. Por um lado, a revisão mostrou uma visão mais realista e transparente da evolução das contas públicas para o ano. Por outro, a alta das despesas foi significativa: um acréscimo de R$25,8 bilhões, principalmente em previdência e BPC. Mais um ano que veremos crescimento elevado da despesa total: cerca de 4% além da inflação, ultrapassando 19% do PIB. Tivemos um avanço na transparência, mas o crescimento dos gastos não é compatível com o atual arcabouço.

Pelo lado da receita, veio a surpresa mais negativa: um aumento do IOF sobre crédito, câmbio e até investimentos em previdência. Medidas que não contribuem para o bom funcionamento do mercado e de baixa arrecadação, cerca de R$20bi em 2025.
Com o atual arcabouço, estamos longe de um ajuste fiscal sustentável, com déficit estimado em 0,6% do PIB esse ano e ainda maior para 2026 quando o governo deve aumentar a isenção de IR. A insegurança fiscal e o aumento da carga tributária vão seguir como pontos negativos no cenário, potencialmente desacelerando ainda mais o crescimento do PIB.


