O dólar encerrou a última sexta-feira cotado a R$5,43, estável na semana e findando o mês de agosto com queda de 2,03%, com o real apreciando 11,73% no ano.

Além da estabilidade entre os fechamentos semanais, a cotação do câmbio na última semana foi pouco volátil, com aumentos marginais na percepção de risco dentre países emergentes que foi balanceada por um fechamento da curva de juros após leituras de inflação e crédito indicarem a continuidade do arrefecimento da economia brasileira num ritmo maior do que o esperado, ampliando as apostas para a antecipação do ciclo de corte de juros do Banco Central que, possivelmente, será efetuado ainda neste ano com a reunião de dezembro.

As preocupações acerca da independência do Fed também se destacaram ao longo da semana em meio à demissão litigiosa de Lisa Cook, um dos membros do comitê de política monetária americana, e podem motivar enfraquecimento adicional do dólar por meio de apostas mais agressivas na redução de juros nos EUA, além do menor apetite pela moeda americana. Embora isso alivie indiretamente o câmbio no Brasil, lembramos que os fatores domésticos continuam pressionando a cotação do real, e a ausência de reformas fiscais estruturantes gera espaço para novos gatilhos de alta no câmbio, particularmente caso o dólar sofra alguma reversão da brusca tendência de enfraquecimento global que tem sido vista desde o início deste ano. Outro fator que pode contribuir para uma eventual reversão da apreciação do real é a piora da qualidade do equilíbrio das contas externas que, em julho, viu a distancia entre o déficit em conta corrente e a entrada líquida de investimento direto no país, aumentar para o maior nível em quase 10 anos. Mantida essa tendência, podemos ver o câmbio depreciar para equilibrar as contas externas.