Transações correntes foram deficitárias em US$7,1 bilhões em julho
Transações correntes foram deficitárias em US$7,1 bilhões em julho, além das expectativas. No acumulado dos últimos doze meses, o déficit foi de US$75,3 bilhões, ou 3,5% do PIB. O resultado em julho, frente ao mesmo mês do ano anterior, foi principalmente fruto de uma piora de US$1,4 bilhão no saldo de renda primária como decorrência de uma redução dos lucros obtidos por ativos estrangeiros sob posse do Brasil.

Investimento Direto no País (IDP) teve ingresso líquido de US$ 8,3 bilhões
O IDP em julho foi positivo em US$8,3 bilhões, acima da expectativa, trazendo o acumulado em 12 meses para US$68,2 bilhões, ou 3,2% do PIB, fruto de uma maior entrada de participação de capital enquanto as transações intercompanhia, com característica de fluxo financeiro, receberam entrada líquida de US$ 1,5bi, volume ameno após as saídas de US$3,6 bi registradas no mês passado e preservando a dinâmica dual do investimento direto que tem ocorrido desde meados do ano passado e que se agravou desde maio, possivelmente por conta das medidas de IOF.
Por ora o indicador mantém-se robusto mesmo em meio à escalada das tensões diplomáticas entre o Brasil e os EUA, principal fonte de investimento direto no país. Embora as medidas tarifárias e a possível ampliação das sanções financeiras à instituições brasileiras sejam fonte de preocupação para a estabilidade do balanço de pagamentos, mantemos o entendimento de que os impactos desta conjectura diplomática ainda não estão concretizados e, caso ocorram, serão provavelmente transitórios como fruto de um choque de incerteza.

Balança comercial
Em junho, a balança comercial registrou superávit de US$7,1 bilhões de acordo com a metodologia da Secex e de US$6,5 bilhões de acordo com a metodologia do Banco Central, US$ 0,5 bilhão abaixo do superávit do registrado no mesmo mês do ano anterior.

As exportações de bens totalizaram US$32,3 bilhões. Na comparação com julho de 2024, as exportações subiram 4,8% com um qualitativo melhor do que esperado na agropecuária, com as exportações de soja desafiando o padrão sazonal, com maior volume de compra vinda da China em razão da guerra tarifária entre China e EUA, que tem feito a economia chinesa privilegiar a soja brasileira em detrimento da soja americana. Por outro lado, as exportações de milho mantém-se num nível parecido com a média histórica, indicando que talvez não haja carrego da super-safra para o segundo semestre do ano.

As importações de US$25,2 bilhões em julho cresceram 8,4% frente a julho de 2024, embora os dados qualitativos indiquem que o resultado foi fruto principalmente das importações de produtos químicos e petroderivados, enquanto o restante das importações de insumos industriais apresentaram um resultado fraco e indicam ampliação da base de arrefecimento em meio aos impactos da política monetária na atividade econômica.

Cripto e serviços
A conta capital, composta basicamente por transações de criptomoedas, atingiu déficit de US$1,3 bi em julho, com variação marginal frente ao mesmo mês do ano anterior e acumula US$14,2 bilhões em 12 meses, ou 0,66% do PIB. O déficit de serviços atingiu US$5,0 bi em julho, estável relação ao mesmo mês do ano anterior. Notamos que o déficit associado à demanda das famílias apresentou reaquecimento, particularmente em viagens, e pode se manter como um sinal de atenção para as próximas leituras embora a política monetária continue pressionando a atividade econômica negativamente. O déficit associado à demanda das firmas, por sua vez, mantém-se aproximadamente estável, ainda que não esteja em tendência de desaquecimento.

