Números fracos e desafios para o ano permanecem
Os resultados do 1T23 da Vale vieram ainda mais fracos do que o esperado após a divulgação do relatório de Produção e Vendas na semana passada. No trimestre, além das vendas menores de Ferrosos impactadas por menor produção sazonal por conta das chuvas, menores embarques por problemas nos portos e menor demanda na China, vimos também preços realizados menores da Vale na comparação anual, com queda de 23% (+14% t/t), enquanto o preço referência recuou cerca de 11% a/a (+26% t/t). Com isso, o top line da empresa encerrou em US$ 8.434 mm, queda de 22% a/a e de 29% t/t.
Os custos também foram uma surpresa negativa, sendo fortemente afetados pela menor produção, que arrefece os efeitos de diluição, além de maiores custos com minério de ferro de terceiros. Por fim, a junção destes efeitos levou à redução de 26% ante o 4T22 no EBITDA proforma da companhia e recuo de 44% ante o 4T22, fechando em US$ 3.687 mm.
Para o restante do ano, vemos produção e vendas da companhia retomando, pós- efeitos das chuvas do 1T, o que pode beneficiar as receitas, compensando os efeitos negativos da esperada queda nos preços de minério de ferro, em nossa opinião. Ainda vemos a demanda na China por minerais ferrosos em leve contração para o ano, limitando os avanços nas receitas. Para Metais Básicos, acreditamos no potencial da operação, mas os desafios tanto internos – com estabilização da produção – quanto externos – com consolidação da demanda no mercado de baterias ainda em evolução devem empurrar o destrave de valor para um prazo mais longo.
Sendo assim, mesmo com o upside que se abriu entre nosso preço-alvo e o preço atual,
mantemos a recomendação neutra, com preços-alvos de R$ 94/ação e US$18/ ADR para o fim deste ano. No entanto, para uma carteira voltada a proventos, ainda vemos a companhia como uma forte geradora de caixa, devendo seguir remunerando bem seus acionistas, mas em menor patamar que o observado nos últimos dois anos.