Desafios no curto prazo, mas há esperança
Após um início de ano com desafios importantes como i) a reforma de seu principal alto-forno, o que exigiu um controle importante de seus estoques de placas para atender a demanda de seus clientes e afetou sua estrutura de custos e ii) um cenário macroeconômico ainda limitado pelo patamar de juros restritivos e inflação ainda em nível elevado, a Usiminas viu suas ações recuarem mais de 12% desde o pico no fim de janeiro, afetada ainda pela quebra de expectativas com a recuperação da economia chinesa e a demanda futura de produtos de aço no mercado internacional. Ainda, em março, a companhia passou por um processo de alteração de seu controle, com a saída da nipônica Nippon Steel para a entrada da ítalo-argentina Ternium, o que levou a substituição do então CEO, Alberto Ono, para a entrada de Marcelo Chara, ex-CEO da Ternium Brasil.
Uma Nova Usiminas? A saída do grupo Nippon Steel do controle da empresa põe fim a um impasse que perdura há mais de uma década entre os dois controladores e que quase levou à falência da empresa em meados de 2015, período no qual a companhia precisou de um aporte de R$ 1 bi de seus controladores e entrou com pedido de renegociação de suas dívidas com os principais bancos do país, mediante um acordo de acionistas que previa a alternância entre os grupos para a presidência tanto da empresa quanto do CA. Com a atual mudança, o grupo Ternium passa a contar com 49,5% do capital votante e, em nossa opinião, deveremos ver uma Usiminas mais ágil a partir de agora, com uma visão de entrega de resultados mais imediata, considerando a mudança cultural que devemos observar também na companhia, além de esperarmos ganhos sinérgicos entre ambas as empresas, como por exemplo via comercialização de placas.
E o que estamos vendo para Usiminas a partir de agora? Esperamos também que o ápice crítico em termos de resultados seja agora no 2T23, onde a companhia ainda deve reportar números mais fracos, seguindo uma demanda interna limitada pelo cenário de juros restritivo, bem como pelo cenário externo ainda desafiador com as frustrações com China pressionando os preços das commodities, em especial o minério de ferro, limitando a contribuição da Musa, seu braço de Mineração, nos resultados. Devemos ver ainda custos elevados tanto pelos preços de insumos como pela parada do alto-forno, para então observarmos evolução na sua entrega operacional. Devemos ver já no 3T23, uma leve recuperação da demanda no setor automotivo, em razão do processo de recomposição de estoques das montadoras após o programa de incentivo do governo para vendas de veículos leves, além de um arrefecimento nos custos dos insumos no balanço da empresa. Após a retomada das operações do alto-forno devemos ver uma operação mais eficiente, quando do ramp up, trazendo melhora nas margens a partir do próximo ano.
As revisões mais otimistas para o PIB brasileiro, juntamente com as melhores expectativas para inflação e, concomitantemente, início do ciclo de corte de juros previsto já para a próxima reunião do Copom em agosto devem ajudar a impulsionar a demanda em importantes mercados consumidores da empresa, em especial o setor automotivo, distribuição e indústria, o que, juntamente com custos menores, poderá levar a melhora de margens da companhia. Do lado da mineração, revisamos para cima nosso preço do minério de ferro padrão (MF62) para o fim deste ano, agora em US$ 95/t, e vemos a Musa com resultados menores na comparação anual, mas ainda contribuindo positivamente para os resultados. Assim, esperamos que o segundo semestre seja um período de reorganização para que vejamos retomada no próximo ano. Desta maneira, alteramos nosso preço-alvo de USIM5 para o fim deste ano de R$11 para R$ 10/ação e mudamos nossa recomendação para Compra, uma vez que o atual nível de preço da empresa abre uma excelente oportunidade de entrada em um ativo como a Usiminas, em nossa opinião.