Ontem, soltamos projeções atualizadas para a companhia (veja aqui), imputando os dados do 4T21 ao modelo e reajustando nossas premissas, agora mais comedidas quanto ao desempenho da empresa ao longo de 2022. Os dados reportados hoje acendem um alerta, mas ainda acreditamos em recuperação ao longo dos próximos trimestres, em especial na demanda e preços no mercado interno, bem como acomodação dos preços de insumos, que poderia trazer certo alívio ao balanço. Assim, mantemos o preço-alvo da companhia para o fim de 2022 em R$ 17/ação e a recomendação de Compra para o papel.
Avanços ESG: mapeando e avançando
A companhia firmou parceria com a Canadian Solar para fornecimento de energia renovável para suas operações, com o objetivo de possibilitar uma produção mais sustentável, por meio da redução dos impactos ambientais, além da redução de seus custos com energia. No trimestre, a empresa também se tornou signatária da Nova Carta de Sustentabilidade da World Steel Association.
Resultado Consolidado: operacional deixa a desejar com custos pesando
A receita líquida da companhia somou R$ 7.845 mm, 10% maior que nossas estimativas, mas 2,5% abaixo t/t, com menor contribuição da Mineração. O CPV, entretanto, ficou em R$ 6.129 mm, em linha t/t, sentindo maiores efeitos de custos de insumos, em especial carvão e coque na Siderurgia. Com isso, o EBITDA ajustado da companhia totalizou R$ 1.560 mm, recuo de 36,6% t/t e 9% menor que nossas estimativas.
Endividamento e Resultado Líquido
O resultado financeiro fechou positivo em R$ 501 mm, com receitas financeiras de R$ 240 mm, despesas de R$ 172 mm e variação cambial positiva de R$ 433 mm. O lucro líquido reportado foi de R$ 1.263 mm, ante R$ 2.488 mm no 4T21. A Dívida Bruta caiu para R$ 5,6 bi e a companhia segue caixa líquido, com a Dívida Líquida sobre EBITDA negativa em 0,09x, mantendo posição de caixa forte para fazer jus aos expressivos dispêndios por vir com as reformas dos seus altos-fornos.
Mineração: resultado impactado novamente por chuvas no período
A produção de MF da Musa totalizou 1.732 kton, em linha com o esperado, assim como as vendas, que registraram 1.610 kton. O desempenho foi 30% e 38% inferior ao 4T21, respectivamente, refletindo o impacto das chuvas no período que causaram paralisação nas plantas e problemas logísticos. Assim, mesmo com preços mais elevados do MF nos mercados internacionais ao longo de todo o trimestre e menores descontos de qualidade sobre os produtos da companhia, as receitas totalizaram R$ 812 mm, queda de 12,7% t/t e 4,2% acima R/E. O custo caixa C1 ficou em US$ 21,5/t contra US$ 16,6/t no 4T21, em razão da menor diluição do custo fixo pelas paradas. Por fim, o EBITDA encerrou em R$ 345 mm, 34,4% maior t/t.
Siderurgia: produção e volume menores; guidance para o 2T22 revisto
A produção de aço bruto teve queda de 6,4% t/t, para 677 kton, assim como a produção de laminados, que somou 1.091 kton, recuo de 6,4% t/t, refletindo pior desempenho operacional no AF#2. As vendas, porém, avançaram 6,6% t/t e somaram 1.135 kton, com recuperação das vendas no mercado interno e exportações em linha com o trimestre anterior. As receitas somaram R$ 6.937 mm, 4,7% maior que nossas estimativas e em linha com o 4T21. O custo caixa registrou R$ 4.425/t, alta de 5,1% t/t, novamente afetado pela alta do carvão e coque, principalmente, além de energia e combustível. O EBITDA, então, totalizou R$ 1.011 mm, 49% menor que o 4T21.