Margens estáveis, obrigações fiscais corroem lucro líquido
A Totvs apresentou resultados mistos, mantendo o crescimento da receita líquida, mas com as contribuições de Dimensões de Business Performance e TechFin caindo 6,7% e 44,6% t/t. A empresa colhe os frutos da jornada de digitalização que se intensificou durante a pandemia, com potencial redução de custos e solidificação dos processos com a nova aquisição da Gesplan e a Joint Venture com o Itaú, sem contar os passos já dados com aquisições anteriores. Em nossa visão, o cenário da companhia enfrenta desafios macroeconômicos como inflação e a alta da taxa de juros, o que encarece a implementação de novos projetos por parte dos possíveis clientes da companhia, além dos que já compõem o ecossistema Totvs. Visto isso, reiteramos nossa recomendação NEUTRA, com preço-alvo para TOTS3 em R$ 37/ação.
A receita líquida apresentada foi em linha com nossas expectativas e totalizou R$ 945,6 mm (-2,6% vs. Inter Research), totalizando um crescimento de 33,8% a/a. Destaque para a dimensão de Gestão que contribuiu com 88,7% da receita total (+6,1 p.p. t/t) enquanto as dimensões de Business Performance e TechFin representaram 6,6% e 4,8% da receita, respectivamente. Já o EBITDA Ajustado da empresa encerrou o 1T22 na ordem dos R$ 223,3 mm, vs. R$ 213,4 mm Inter Research, R$ 217,5 mm referente ao 4T21 e R$ 189,2 mm do 1T21.
Dimensão de Gestão: A ARR (Receita Recorrente Anualizada) cresceu 33% a/a e 9,6% t/t, melhora resultante de adições líquidas recorde na quantia de R$ 247 mm e R$ 22,8 mm inorgânicos resultantes da sua aquisição passada, a Dimensa. A taxa de renovação, que beirou a marca dos 99%, aliada aos novos signings de SaaS e a capacidade de repasse de custos inflacionários, potencializaram o resultado positivo do setor.
Dimensão de Business Performance: A ARR cresceu 34% a/a e 6% t/t, houve redução na adição líquida frente o 1T21 por questões sazonais, que agora excluem a influência da retomada econômica pós-pico da pandemia. A taxa de renovação do setor foi de 97,7% e a recorrência de receita ficou no patamar dos 99%.
Dimensão de TechFin: Aguardando aprovações do CADE e do Banco Central para início da JV com o Itaú Unibanco, a Dimensão de TechFin apresentou um acréscimo de 49% na receita frente o mesmo período do ano anterior, entretanto houve uma redução de 10% no comparativo trimestral. Esta variação negativa é impactada pela alta da Selic, pelo aumento do volume de cessão e o alargamento do prazo da carteira. (Comentário JV)
A Margem Bruta da Companhia encerrou o 1T22 em 73% (+2,9 p.p. t/t e +3,9 p.p. vs. Inter Research), surpreendendo positivamente. Não houve alteração na Margem EBITDA entre trimestres, se mantendo estável em 23,6% (vs. 22,0% Inter Research). Por fim, a Margem Líquida foi a mais baixa desde 1T19, encerrando na ordem de 9,0% (- 4,7 p.p. t/t e -3,5 p.p. Inter Research), impactada fortemente pelo aumento do IR/CSLL do exercício de 2021.
As despesas com Depreciação e Amortização se mantiveram estáveis em comparação ao trimestre anterior, totalizando R$ 71,8 mm. Já o Resultado Financeiro foi de -R$ 0,8 mm, influenciado pelos juros das debêntures emitidos no ano passado e ajustes de valor presente na operação de compra da RD Station, Dimensa e Supplier. O Lucro Líquido Ajustado totalizou R$ 98,1 mm, redução de 22,2% t/t. A queda se dá pelo crescimento na ordem de 131,7% das obrigações fiscais (IR/CSLL).