Macroeconomia


Suzano | Resultado 1T22

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Gabriela Joubert

Publicado 05/mai7 min de leitura

Preços maiores ofuscados por volumes menores

Os resultados do 1T22 da Suzano vieram conforme o esperado no que tange as receitas consolidadas da companhia, as quais foram impactadas pelos menores volumes de celulose vendidos no período, mas acima do esperado na linha do EBITDA, que somou R$ 5.121 mm, 5,2% maior R/E, refletindo avanço menor que o esperado nos custos da operação. Além disso, o resultado financeiro, fortemente impactado pelas operações de hedge da companhia e pela variação cambial que registraram R$ 7.631 mm e R$ 6.196 mm, respectivamente, levaram a um lucro líquido contábil de R$ 10,3 bi no período, valor bem acima do observado no 4T21, de R$ 2,3 bi. No geral, vemos com bons olhos os resultados da companhia que, se não fossem os efeitos de restrições logísticas e de parada para manutenção no período, os quais limitaram os volumes vendidos, poderia ter reportado receitas ainda mais elevadas, em razão dos maiores preços comercializados nos mercados internacionais. Os custos abaixo do esperado, apesar de ainda elevados, também podem indicar uma melhora nas margens para os próximos trimestres do ano.

Assim como para seus pares, acreditamos que o preço de tela hoje, muito afetado pela forte desvalorização recente do dólar, não reflete os bons números que têm sido reportado pela companhia, bem como as expectativas de crescimento com novo ciclo de expansão e drivers de crescimento para o setor, como maior consumo de embalagens tissue, substituição do plástico em embalagens, dentre outros. Desta forma, reiteramos nosso preço-alvo para SUZB3 YE22 em R$ 73/ação, com recomendação de Compra.

Agenda ESG: Ao longo do trimestre, a companhia publicou nova política sobre Mudanças Climáticas e levou à AGO sobre composição do Conselho de Administração com 30% de diversidade de gênero e membros independentes. A companhia tem apresentado fortes avanços em sua agenda ESG, com o intuito de fortalecer-se como protagonista em seu setor e no mercado brasileiro. A Suzano apresentará um call especial ESG em junho, a fim de elencar os principais avanços e desafios da companhia nesta agenda.

Resultado Consolidado: limitações logísticas limitam um trimestre que poderia ter sido brilhante. A receita líquida da companhia somou R$ 9.743 mm, em linha com as nossas estimativas, porém 15% menor que o 4T21 (+9,6% a/a), refletindo menor volume de vendas no período, bem como a variação cambial desfavorável com a desvalorização do dólar, mas parcialmente compensada por preços realizados mais elevados. O CPV totalizou R$ 5.433 mm, 8,9% menor que o projetado pelo Inter Research, o que acabou beneficiando o resultado operacional da empresa, surpreendendo positivamente ante nossas estimativas. As despesas VG&A vieram abaixo do esperado na comparação trimestral, com menores gastos com pessoal e terceiros. Assim, o EBITDA fechou em R$ 5.121 mm, redução de 19% t/t, mas 5,2% acima das nossas projeções, com uma margem de 53%, ante expectativa de margem EBITDA de 49,6%.

Endividamento e Resultado Líquido: A dívida bruta da companhia ficou em R$ 68,8 bi, ao passo que a dívida líquida totalizou R$ 49,7 bi. A alavancagem, medida pela dívida líquida sobre o EBITDA, reduziu de 2,5x para 2,1x em R$ e ficou em 2,4x em US$, mais uma vez abaixo da meta de 3,0x. O resultado financeiro teve forte impacto positivo tanto da variação cambial no período, totalizando R$ 7.631 mm, como das operações de hedge da empresa, que desta vez somaram R$ 6.196 mm, os quais somados a uma receita financeira de R$ 158 mm e despesas de R$ 1.050 mm, levaram a um resultado líquido consolidado positivo de R$ 12.935 mm. Assim, a companhia reportou um lucro líquido de R$ 10.306 mm no trimestre, ante R$ 2.313 mm observados no 4T21.

Celulose: demanda avança e oferta segue limitada por gargalos, novamente. Diferentemente do observado no 4T21, vimos neste trimestre preços de celulose com importante avanço nos mercados internacionais, beneficiados por uma oferta global mais restrita e demanda resiliente em praticamente todos os continentes, o que permitiu a implementação dos anúncios de aumentos de preços efetuados ao longo do período. Contudo, restrições logísticas limitaram as vendas da companhia, que recuaram 13% t/t (-10% a/a), somando 2.383 kton (-3,7% ante nossas expectativas), fazendo com que parte dos volumes vendidos ainda fossem precificados a termos defasados. Assim, o preço médio realizado da Suzano no trimestre ficou em R$ 641/t, 3% maior t/t (+23% a/a), o que, juntamente com efeito negativo da variação cambial, levou a uma receita líquida no segmento de R$ 7.988 mm, 5,2% abaixo das nossas estimativas, 17% menor t/t, mas 5% acima do 1T21. Já para os custos, o custo caixa C1 ficou em R$ 868/t ex-parada, alta de 16% t/t, refletindo (i) maiores custos de insumo, em especial químicos e combustíveis, (ii) maior custo fixo, em razão da menor diluição por conta da parada para manutenção ocorrida no trimestre e (iii) menor percentual de venda de energia. Por fim, o EBITDA do segmento totalizou R$ 4.560 mm, 21% menor que o 4T21.

Papeis e Embalagens: números surpreendem. Com a sazonalidade do trimestre, as vendas de papel tiveram queda de 16% t/t, mas avançaram 7% a/a, para 312 kton, em razão do cenário interno mais favorável e ainda em recuperação. O preço médio, todavia, avançou 10% ante o 4T21 (+26% a/a), ficando em R$ 5.619/t, espelhando os aumentos de preços e implementação dos mesmos em todos os mercados de atuação. A Receita de todo o segmento totalizou R$ 1.755 mm, 7% menor t/t, 35% maior a/a e 28% acima das nossas expectativas. O EBITDA, por sua vez, finalizou o trimestre em R$ 561 mm, 7% abaixo do 4T21.

Fonte: Inter Research e Companhia

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