Restrições de ofertas seguem beneficiando o setor
O segundo trimestre do ano deve consolidar o movimento de recuperação de preços de celulose nos mercados internacionais, pavimentando a rota de retomada do setor para o restante do ano, além da estabilização de alguns segmentos no setor de Papel em níveis acima do patamar histórico. No geral, devemos ver resultados positivos, especialmente das empresas expostas ao mercado externo, beneficiadas por uma demanda ainda aquecida e preços elevados por conta de choques de oferta que persistem, principalmente na Europa.
Apesar dos desafios diante dos lockdowns observados no período em um dos maiores mercados consumidores da commodity, a demanda por celulose na China continuou aquecida, principalmente para a fibra curta em razão da inelasticidade do consumo de produtos de papel tissue, bem como em virtude de um movimento extraordinário de exportação de papel da China para a Europa, em razão de restrições e fechamentos de algumas capacidades na região. Assim, os aumentos de preços seguem sendo implementados e devemos ver este reflexo nos preços realizados das companhias. Contudo, em razão das restrições logísticas no transporte marítimo internacional, que vem alongando o prazo de entrega de produtos nos portos chineses, poderemos ver maior presença de preços defasados nos resultados do 2T22, limitando o mesmo ritmo de expansão observado nos preços-lista.
Quanto aos custos, mais uma vez a pressão dos preços elevados de insumos, em especial químicos e combustível, deve pesar nas margens das companhias, mas não o suficiente para compressão. Contudo, vemos pressões seguindo ao longo de todo o ano.
Para o mercado de papel, o segmento papeis para embalagens segue fortalecido pela demanda local, principalmente, assim como cartão, ainda beneficiado pela mudança conjuntural pós-pandemia. Devemos ver volumes em linha, mas preços ainda avançando, no geral, beneficiando margens, que devem seguir avançando na comparação trimestral. Já para Embalagens, dados da Empapel mostraram um crescimento na expedição de caixas de P.O. de 6% t/t, mas queda de 2% a/a, mostrando desaceleração, mas em patamar acima do observado pré-pandemia. Mesmo assim, devemos ver menores vendas de caixas por parte das companhias, compensado por maiores volumes de papeis para embalagem.
Irani (RANI3): voltando ao patamar normalizado
Os resultados do 2T22 da Irani devem apresentar desempenho similar ao observado no 1T22, com volumes em linha, repasse de preços e custos ainda pressionando, limitando os avanços de margens no trimestre. Na contramão do observado no mercado, onde vimos avanço de 6% t/t na expedição de caixas de P.O., de acordo com dados da Empapel, devemos ver menores volumes vendidos de embalagens sustentáveis por parte da companhia, em continuidade à sua estratégia de manutenção de rentabilidade. Com isso, apesar do menor volume, preços devem compensar, mantendo a receita levemente abaixo ante o 1T22 (-2,8%). No segmento de papeis para embalagens, a companhia deve reportar um aumento de 5% nos volumes vendidos, o que deve se refletir nas receitas deste segmento. Na parte de custos, o menor custo com aparas deve parcialmente compensar os maiores gastos com outras linhas, como combustível e madeira. Assim, esperamos um EBITDA em linha com o 1T22, em R$ 135 mm, e margem EBITDA ainda em patamar acima do nível histórico da companhia, em 34%.
Klabin (KLBN11): celulose recupera, papeis estabilizam
A Klabin deve reportar um trimestre positivo no 2T22, beneficiado pela recuperação dos resultados do segmento de celulose, os quais devem refletir maiores volumes vendidos, após os impactos das chuvas e da parada para manutenção que reduziram a disponibilidade no 1T22, e preços mais elevados, em virtude do cenário mais favorável para a commodity nos mercados internacionais. Com relação ao custo caixa C1, devemos ver novamente impactos dos reajustes de fibras e outros insumos (como químicos e combustíveis) pesando negativamente, parcialmente compensados por melhores resultados de venda de energia, fazendo com que esta linha venha mais estável na comparação trimestral. Já para papéis, no segmento de Cartão, em razão da parada para manutenção em Monte Alegre, a companhia deve reportar menor volume de vendas t/t. Já para kraftliner, devemos ver volumes ainda avançando, com mercado interno mais forte, enquanto mercado externo passa por processo de acomodação. Em termos de preços, estes devem vir estáveis na base trimestral. Por fim, em embalagens, devemos seguir vendo o movimento de retorno a níveis de expedição mais normalizados, corrigindo os altos patamares do ano anterior. Contudo, o 2T deve mostrar avanço em razão da sazonalidade no t/t.
Concluindo, esperamos receitas 9% acima do 1T22, totalizando R$ 4.816 mm e um EBITDA de R$ 1.873 mm, 8,5% maior t/t, com margem equivalente ao 1T22, em 39%.
Suzano (SUZB3): preços e volumes em alta
Em virtude das dinâmicas observadas no segmento ao longo do 2T22, esperamos que a Suzano apresente recuperação dos volumes vendidos de celulose, após a conclusão da parada para manutenção que aconteceu no 1T22, juntamente com preços realizados mais elevados t/t, apesar dos efeitos de delay dos embarques chegando nos portos chineses, o que poderá gerar um atraso nas correções de preços observados vs realizados. Com relação aos custos, devemos ver novamente pressões no Custo Caixa C1 advindas dos elevados preços de alguns insumos, como combustível e químicos, porém parcialmente compensadas por maior diluição de custo fixo e maior contribuição de vendas de energia. No segmento de papel, devemos ter um novo trimestre de recorde, consolidando a rota de recuperação do setor, que deve refletir os aumentos de preços anunciados e implementados desde o início do ano. Com isso, as receitas devem avançar ante o 1T22, totalizando R$ 10.468 mm (+7,4% t/t). Esperamos um EBITDA de R$ 5.712 mm, 11,5% maior t/t e margem EBITDA de 54,6%.