Macroeconomia


Panorama de Crédito - Setembro/2022

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Matheus Amaral

Publicado 01/nov3 min de leitura

Concessão de crédito desacelera

As concessões de crédito tiveram desaceleração em setembro, principalmente para o segmento pessoa física, refletindo o cenário de taxa de juros mais restritiva e elevado endividamento das famílias. As linhas mais caras e sem garantia têm expansão maior, o que também vem resultando em crescimento da inadimplência na PF, que já chega a 5,7%, patamar pré pandemia. A melhora no mercado de trabalho e a queda da inflação pode aliviar a inadimplência nos próximos meses, mas a taxa Selic em patamar mais restritivo por mais tempo, como comunicado pelo último Copom, deve manter o cenário de crédito mais cauteloso e com menor crescimento.

Em setembro, o saldo de crédito cresceu 16,8% a/a, marcado pela desaceleração na linha de Pessoas Físicas que avançou 20,3% a/a (vs. 20.5% a/a em agosto). Apesar do crescimento anual ainda robusto nas linhas sem garantia, o movimento de desaceleração pode ser observado no crédito não consignado, cartão de crédito e cheque especial. Na PJ, o saldo avançou 12% a/a, acelerando contra agosto, quando havia crescido 11,6%. Na comparação mensal, o saldo foi 2,2% superior, com destaque para pessoas jurídicas que cresceu 2,7% puxado pelas MPMEs com a ajuda da nova rodada do Pronampe.

As concessões nominais avançaram 17,1,0% a/a desacelerando vs agosto (+23,7% a/a). O segmento PF avançou 18% a/a (vs 20,9% em agosto), enquanto as concessões para PJ cresceram 16,2% a/a desacelerando contra agosto (+27,4% a/a). A concessão de crédito livre para PF cresceu 16,4% a/a (vs 18,2% a/a em agosto) com destaque para o cartão de crédito (+25,9% a/a) e cheque especial (+22,5% a/a) e na ponta negativa o consignado (-8,3% a/a) e veículos (-5,3% a/a). Já no crédito livre para PJ destaques foram o cartão de crédito corporativo (+46,3% a/a) e capital de giro (+26,7% a/a).

A inadimplência total registrou 2,8% estável contra agosto e +50 bps a/a e ainda com movimentos de alta no segmento PF que registrou taxa de 3,7% já em nível acima de 2019. Destaque para deterioração concentrada em linhas sem garantia onde o cartão de crédito registrou inadimplência de 7,6% (+40 bps m/m e 300 bps a/a), crédito não consignado 7,4% (+10 bps m/m e +250 bps a/a) e veículos 5,2% (+10 bps m/m e +180 bps a/a). Após dois meses estável a inadimplência PJ registrou 1,6% aumento de 10 bps m/m e 20 bps a/a mas segue em níveis historicamente baixos. O destaque negativo no PJ fica para segmentos sem garantia como cartão de crédito corporativo e cheque especial.

As taxas médias de juros registraram 28,6% com queda de 20 bps m/m e crescimento de 700 bps a/a. A queda no mês foi impactada pelo segmento PF, que reportou taxa de 34,1% (-40 bps m/m e +840 bps a/a) com os ramos de crédito não consignado e veículos reportando queda nas taxas de 370 bps m/m e 40 bps, respectivamente. O segmento PJ reportou taxa de 19% (+10 bps m/m e +420 bps a/a) com as linhas de capital de giro (+70 bps m/m), cartão de crédito (+110 bps m/m) e cheque especial (+240 bps m/m) impulsionando as taxas.

Os spreads terminaram setembro com taxa de 18,7%, estáveis no mês e +420 bps a/a com PF atingindo 24,3% (-20 bps m/m e +520 bps a/a) e PJ 8,9% (+20 bps m/m e +200 bps a/a). Na PF, aqueda deve-se à redução da taxa de juros nos segmentos de crédito não consignado e veículos. No PJ o spread avançou com o aumento das taxas nas linhas de capital de giro, cartão de crédito e cheque especial com a compensação de uma queda de 10 bps no custo de captação, que registrou 10,1% no segmento, já no total o custo de captação registrou 9,9% (-20 bps m/m e +280 bps a/a).


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