Com alívio no exterior, Ibovespa mantém ritmo de alta
O Ibovespa encerrou a semana com alta de 3,18% a 111.942 pontos, registrando a terceira semana no campo positivo, acompanhando o movimento de recuperação das bolsas no exterior, que saíram de uma ressaca de semanas em queda. Contribuíram para o movimento altista, que acabou respingando por aqui, as tratativas comerciais entre China e Estados Unidos, dados do varejo nos Estados Unidos acima das expectativas e a confirmação do Banco Central Chinês de manter os estímulos monetários, além disso, a sinalização de que o Fed vai manter um ritmo de alta de juros em 0,5 p.p. nas próximas decisões. Desta forma, por aqui se destacaram as ações de commodities, puxadas por Vale e Siderúrgicas, companhias do setor financeiro, que apesar do momento de cautela com a inadimplência seguem em alta e varejistas seguindo o bom humor externo. No destaque negativo, a Petrobras foi o holofote, contendo uma maior alta do Ibovespa, com a troca repentina de presidente e as constantes sinalizações de interferência política na companhia, em momento de decisões no plenário sobre o teto do ICMS para conter a alta nos preços dos combustíveis. Com isso, os destaques setoriais na semana ficaram para o IMAT com alta de 4,18%, IFNC com alta de 3,05% e ICON com alta de 3,78%, com desempenho negativo para os índices setoriais IMOB, -0,88% e IEEX -0,56%.
No cenário macroeconômico, o destaque na semana foi a divulgação do IPCA-15 relativo a maio. O indicador mostrou leitura de 0,59%, bem acima da mediana das expectativas. Vale destacar que alguns grupos desaceleraram em relação ao mês anterior, como alimentos, combustíveis e energia elétrica. No entanto, a inércia inflacionária segue apontando um quadro prospectivo pessimista, tendo em vista a inflação de serviços anualizada ainda em torno de 10,0%, o que pode influenciar a decisão de política monetária nas próximas reuniões.
Na esfera fiscal, foi divulgada a arrecadação tributária do mês de abril. Apesar das recentes desonerações de tributos, como a redução do IPI e de PIS e COFINS sobre combustíveis, as receitas administradas cresceram 7,4% acima da inflação na comparação interanual, puxadas pelo desempenho ainda positivo do imposto de renda e da contribuição social. Projetamos superávit primário crescente para o Setor Público ao longo dos próximos anos, com contribuição positiva dos governos regionais em 2022; no entanto, alguns riscos ainda são relevantes, como o aceleração da despesa com juros e o acúmulo de precatórios não pagos a cada ano.
Por fim, vale destacar a aprovação na Câmara, do projeto de lei que trata da diminuição do ICMS sobre energia elétrica, combustíveis, gás natural, comunicação e transporte coletivo. Caso aprovada no Senado, superando a resistência dos representantes de entes regionais, a nova lei contribuirá para redução da inflação em aproximadamente 1,5 p.p. em 2022, mas ao custo de potencialmente eliminar o superávit primário dos estados nesse ano.
Externamente, o dado de vendas de casas novas nos Estados Unidos retraiu 16,6%, surpreendendo a projeção do mercado. Esse número negativo vem em linha com a aceleração recente das taxas de juros de longo prazo de hipotecas, que já alcançam o patamar de 2010, e aponta para a existência de alguns riscos para a atividade no setor imobiliário e para os preços de imóveis nos próximos anos.
Empresas e Setores
Política anti-Covid e lockdown chinês. A Apple (BDR: AAPL34; US: AAPL) afirmou que busca expandir sua produção para fora do território chinês, hoje responsável pela produção de mais de 90% dos produtos da empresa para evitar os prejuízos operacionais atrelados à política anti-Covid adotadas pela China. | Educação em foco. A Ânima (ANIM3) lançou um fundo de investimento de R$ 150 mm para financiar projetos de setores que permeiam a educação, o valor será para investimento ao longo de 10 anos. | CADE aprovou a aquisição do Grupo BIG pela varejista Carrefour (CRFB3) com a condição de venda de 14 unidades do adquirido. | Leilão vencido pela Ecorodovias (ECOR3) concedeu à empresa o direito de operar a rodovia que liga o Rio de Janeiro, RJ a Governador Valadares, MG. A concessão envolve mais de 700km de rodovias e é estimado um total de R$ 11,3 bi em investimentos ao longo da concessão. | FAB reduz quantidade encomendada de KC-390 da Embraer (EMBR3) que afirmou que o contrato não prevê nova redução, inicialmente o contrato era de 28 aeronaves. | Contrato milionário firmado pela Eneva (ENEV3) para fornecimento de gás para a operação da Suzano (SUZB3) na Bacia do Parnaíba, no estado do Maranhão. O contrato terá vigência de 10 anos a partir do início do fornecimento (estimado para o início de 2024) e o valor total do contrato foi de R$ 530 mm. | Digitalização de PMEs de varejo. Promovida pela Magalu (MGLU3), a “Caravana Magalu” de digitalização começou no nordeste, com objetivo de incentivar o e-commerce na região e levar soluções aos pequenos e médios empreendedores. | Um reajuste de US$30/t de celulose fibra curta na Ásia foi anunciado pela Klabin (KLBN11) e Suzano (SUZB3), os novos valores devem entrar em vigor a partir de junho. | Reajuste recorde. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) autorizou a correção em 15,5% do valor dos planos de saúde individuais e familiares.
IPOs & Afins
Na esteira dos acontecimentos recentes relativos à privatização da Eletrobras, a empresa submeteu essa semana na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) o registro da oferta primária de distribuição de ações ordinárias. Com objetivo de atender o investidor estrangeiro, tal registro incluiu American Depositary Shares (ADS), representados pelos American Depositary Receipts (ADR). A expectativa é que o bookbuilding seja realizado no dia 9 de junho e espera-se que a oferta total levante R$ 30 bilhões. Vale destacar que, para quem já é acionista, haverá direito de subscrição. Ainda, até R$ 6 bilhões do follow-on poderão ser destinados a investidores que buscam adquirir papeis utilizando o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Por fim, o roadshow começa hoje e os coordenadores líderes são BTG Pactual, Bank of America, Itaú BBA, Goldman Sachs e XP investimentos. Mas ainda participam do sindicato o Bradesco BBI, Caixa Econômica Federal, Citi, Credit Suisse, JP Morgan, Morgan Stanley e Safra.
Fusões e Aquisições
Dando início a semana, a Cosan (CSAN3) anunciou que a sua subsidiária, Moove, fechou contrato para compra da PetroChoice por US$479 milhões. Segundo a companhia, a transação visa a expansão de suas atividades internacionais, no qual a consolidação da Petrochoice nos Estados Unidos fortalecerá as operações de distribuição de óleos lubrificantes da Moove. | Por outro lado, a Nestlé (NSRGY US) anunciou a aquisição da Puravida, fabricante brasileira de produtos naturais, que será integrada a Nestlé Health Science. A transação tem o objetivo de ampliar as operações da multinacional no segmento de nutrição, por meio de sinergias e expansão da Puravida no mercado global. | Além disso, na quarta-feira (25), a Petrobras (PETR4) deu mais um passo na sua estratégia de gestão de portfólio e alocação de capital, com o comunicado da realização de mais um contrato de compra e venda, dessa vez para as operações da LUBNOR, que foram negociadas com a Grepar pelo montante de US$ 34 milhões.
Fundos Imobiliários
Em semana de nova correção, o IFIX teve variação de +0,8%. Seguem os principais fatos relevantes da semana:
RBVA11: Foi assinado o compromisso de compra e venda, bem como recebido o sinal referente alienação de duas agências bancárias. O Fundo deverá receber o valor restante na data da assinatura da escritura, momento em que serão fornecidas maiores informações sobre o negócio. A alienação está condicionada à superação das condições suspensivas do CCV. A alienação dos imóveis ocupados por agências bancárias faz parte da estratégia do Fundo, adotada desde 2018, de reciclar o portfólio com vendas de imóveis non-core para o varejo com condições atraentes e que gerem valor ao Fundo, além da aquisição de imóveis bem localizados, fator relevante para a qualidade e resiliência do portfólio no longo prazo, com locatários de primeira linha e bom risco de crédito e operações que condizem com o nível de risco procurado pela Rio Bravo no atual momento do Fundo. Esta estratégia visa transformar organicamente o portfólio de ativos, com foco em imóveis mais resilientes, com maior qualidade e aderência com a estratégia de varejo; além disso, visa entregar um retorno financeiro competitivo em relação ao benchmark, materializando a valorização imobiliária e gerando resultados não recorrentes para seus investidores. | TRXF11: O fundo celebrou dois instrumentos particulares de contratos de locação de imóveis na modalidade built do suit com a BMB MATERIAL DE CONSTRUÇÃO S.A., empresa controlada pela LEROY MERLIN COMPANHIA BRASILEIRA DE BRICOLAGEM, tendo por objeto a aquisição, o desenvolvimento, construção e locação de dois imóveis localizados no estado de São Paulo, um na região metropolitana da cidade de São Paulo e outro em uma região metropolitana no interior do estado. O fundo também celebrou dois instrumentos particulares de promessa de venda e compra tendo por objeto a aquisição dos referidos imóveis com valor total de R$ 135.000.000,00. | RECT11: O fundo fechou a locação de uma sala no 18º andar do Condomínio Edifício Parque Ana Costa, situado na cidade de Santos, Estado de São Paulo, na Avenida Dona Ana Costa, nº 433, pelo prazo de 60 meses. O Contrato de Locação terá vigência a partir de 1º de junho de 2022, com área alugada correspondente a 122,26m². Após essa locação, a taxa de vacância do portfólio será de 13,12%. | BRCO11: O fundi comunicou a prorrogação do contrato de locação com a locatária RECKITT BENCKISER (BRASIL) LTDA. no imóvel BRESCO ITUPEVA por três anos, até o dia 31/12/2025. O valor do aluguel do referido contrato representa um desconto de 3,0% em relação ao valor anterior, e não deve impactar a distribuição por cota do fundo.
Agenda da Semana
A agenda da próxima semana trará diversos indicadores importantes para a conjuntura doméstica. Em primeiro lugar, conheceremos o desempenho do PIB brasileiro no primeiro trimestre, para o qual projetamos alta de 1,0%, refletindo os números mais fortes do setor de serviços e a sustentação da demanda pelo uso da poupança acumulada na pandemia. Em linha com esse indicador, os dados do CAGED e da taxa de desemprego devem seguir evoluindo favoravelmente, com o mercado de trabalho atingindo o patamar anterior à pandemia. Será conhecida também a produção industrial de abril, para a qual se espera crescimento marginal de 0,2%. No âmbito da inflação, o IGP-M pode voltar a acelerar, refletindo novas pressões nos preços ao produtor. Externamente, será divulgado o relatório de emprego de maio nos Estados Unidos, com provável criação de empregos robusta e nova queda marginal da taxa de desemprego, apontando para continuidade da pressão sobre a inflação nos próximos meses.
Top da Semana
Após anúncios positivos e aquisições feitas por subsidiarias, a Cosan (CSAN3) teve a maior alta da semana, de 16,1%, seguida, pelas petroleiras, 3R Petroleum (RRRP3) e PetroRio (PRIO3), que tiveram alta de 15,7% e 12,9% consecutivamente. Os frigoríficos, BRF (BRFS3) e Minerva (BEEF3) também terminaram com retorno positivo. Fechando as maiores altas estão as empresas CSN (CSNA3), RaiaDrogasil (RADL3), Cielo (CIEL3), Alpargatas (ALPA4) e Rede DOR (RDOR3). Na outra ponta, Banco Inter (BIDI11), apresentou a maior queda, de 14,2%, sendo a segunda maior, Americanas (AMER3), com queda de 8,4%. No segmento imobiliário, Cyrela (CYRE3), Iguatemi (IGTI11) e Multiplan (MULT3) terminaram a semana no vermelho. Completando as maiores quedar estão as companhias Qualicorp (QUAL3), CPFL Energia (CPFE3), Engie (EGIE3), Marfrig (MRFG3) e Estacio (YDUQ3).