Alívio nos mercados
O Ibovespa encerrou a semana com alta de 1,7% na semana a 106.924 pontos, encerrando uma sequência de 5 semanas em queda, acompanhando o alívio dos mercados internacionais, que desabaram com os dados de inflação nos EUA, mas corrigiram o movimento após a fala de Jerome Powell indicar que deve manter o mesmo ritmo de alta de juros (de 0,5 p.p.), trazendo alívio para os mercados. Por aqui, os balanços foram trazendo tempero às oscilações da semana e a queda das commodities e ações de siderúrgicas sofrendo com anúncio da redução do imposto de importação do aço pesaram para as companhias do setor, mas por outro lado, os bancos apresentaram boa recuperação, após um sentimento misto em seus balanços. Com isso, os índices em destaque na semana foram: IMOB (+4,32%), IFNC (+3,48%), ICON (+2,98%) e INDX (+3,09%). Na ponta negativa, o IMAT caiu 1,7% na semana.
Apesar do alívio na sexta feira, a semana foi marcada por muita volatilidade. Nos EUA, a divulgação da inflação ao consumidor e ao produtor reforçou a preocupação com o tamanho do aperto monetário necessário, e se a elevação de juros pode eventualmente resultar em uma recessão. Qual o ritmo do aperto e até onde o Fed irá subir os juros, deverá continuar sendo o principal debate no mercado. O cenário base ainda é de um “soft landing” e nessa sexta, a queda da confiança do consumidor reforçou essa aposta. A alta de juros até próximo de 3% deve ser suficiente para esfriar a economia e trazer a inflação de volta para a meta no longo prazo, sem causar uma recessão. Mas os números da inflação ainda são bem elevados e impactantes, com variação da inflação ao consumidor em 8,3% em 12 meses, núcleos em 6,2% e preços ao produtor acumulando 11%. O cenário mais otimista nessa sexta resultou em queda dos juros de longo prazo, de 3,1% para 2,9%, enquanto as commodities também tiveram queda de 2% na semana.
Aqui no Brasil, o destaque na semana foi a divulgação dos dados de atividade melhores que o esperado. Os setores de serviços e varejo tiveram altas em março, bem acima do consenso de mercado. Com isso, veremos novas revisões positivas de PIB para o ano. Nós revisamos o crescimento do PIB do 1º trimestre de 0,5% para 1%, e para o ano, de 0,8% para 1,2%. Apesar do bom momento observado desde janeiro, é importante ter cautela nas projeções, pois o impacto da Selic mais alta ainda deve ser sentido pelos setores ligados ao consumo. A defasagem está maior que o usual, a atividade está mais resiliente, mas a inflação também. O IPCA de abril marcou novamente acima de 1%, mas veio em linha com a expectativa e confirmou a desaceleração em relação à variação de março, que havia sido de 1,6%. Gasolina e medicamentos foram os principais impactos e para maio é esperada nova desaceleração, principalmente com a inflação menor de alimentos, além do desconto da bandeira tarifária na energia elétrica. Mas para o ano, o IPCA ainda deve ficar acima de 8% e ter uma lenta convergência para a meta somente em 2023.
Empresas e Setores
E os juros atacam no resultado do 1T22 da Estapar (ALPK3). Com receita líquida abaixo do esperado (-9% R/E) e maiores despesas financeiras, o EBITDA da companhia somou R$ 73 mm (-10% R/E). (Comentário ALPK3) | O Conceito da Eficiência. A Aliansce Sonae reportou resultados positivos para o 1T22, com receita líquida de R$ 255 mm, acima das nossas expectativas. O EBITDA totalizou R$ 184 mm (-27% t/t e +129% a/a). (Comentário ALSO3) | Expansão de portfólio, de margens e de resultados da Alupar (ALUP11) com a divulgação do resultado do 1T22. A receita líquida consolidada da elétrica foi de R$ 713,7 mm (+27% a/a) e EBITDA de R$ 622,2 mm (+34,9% a/a e +9% R/E). (Comentário ALUP11) | Efeitos não recorrentes. A Americanas divulgou prejuízo líquido na ordem dos R$ 137,3 mm, reduzindo a quantia no comparativo anual, já o EBITDA da empresa foi de R$ 659,8 mm (+57,9% a/a) | Em fase de crescimento, o Assaí reportou os resultados do 1T22. A receita líquida da empresa atingiu R$ 11,4 bi (+21,1% a/a), um novo patamar recorde para o período. O EBITDA cresceu 17,3% contra 1T21 e totalizou R$ 752 mm, com margem de 6,6% (-0,2 p.p. a/a). (Comentário ASAI3). | Surpreendente resultado do Banco do Brasil (BBAS3) no 1T22, com lucro líquido de R$ 6,6 bi (+11,5 t/t e +22,2% R/E). O ROAE foi de 17,3% (+1,3 p.p. t/t e +2,1 p.p. R/E). (Comentário BBAS3) | Resultados cada vez melhores para A BB Seguridade (BBSE3), que reportou um resultado do 1T22 levemente abaixo do que projetamos, com lucro líquido de R$ 1,179 bi (+20,7% a/a e -4,2% R/E). Além disso, o resultado foi recorde para o período. (Comentário BBSE3) | Consistência nos resultados. A Minerva (BEEF3) divulgou resultados positivos no 1T22, com melhora do cenário no Brasil e volta da China após embargos. A receita líquida da companhia foi de R$ 7,3 bi (-3,7% t/t e +24,6% a/a) enquanto seu EBITDA totalizou R$ 646 mm (-11,5% t/t e + 36% a/a). (Comentário BEEF3) | Matéria prima. A Braskem (BRKM5) reportou no 1T22 receita líquida de R$ 26,7 bi (+18% a/a), já seu EBITDA foi de R$ 4,9 bi (-30% a/a). | Serenidade em meio à tempestade. A EZTec (EZTC3) consolidou no 1T22 resultados mistos novamente. O VGV da empresa foi de R$ 489 mm, marginalmente estável e em linha com o que projetamos. Além disso, o EBITDA estimado da empresa foi de R$79 mm (+15% R/E e +52% t/t) (Comentário EZTC3) | Resultados sólidos divulgados pelo Itaú Unibanco (ITUB4) no 1T22, com resultados em linha com o projetado por nós. O lucro líquido do banco foi de R$ 7,4 bi (+2,8% t/t e -0,7% R/E), já o ROAE foi de 20,4% (0,2 p.p. t/t e +0,3 p.p. R/E). (Comentário ITUB4) | Trimestre robusto, com fundamentos ainda sólidos divulgado pela JBS (JBSS3) no 1T22. A companhia apresentou receita líquida recorde para o período de R$ 90,9 bi (-6,5% t/t e +20,8% a/a), além de um EBITDA Ajustado de R$ 10,1 bi (-14,4% t/t e +50,3% a/a). (Comentário JBSS3) | Dispêndios ofuscam crescimento de receita. A Rede Mater Dei (MATD3) divulgou resultados mistos no 1T22, com um aumento da receita líquida em 51,1% frente 1T21, somando R$ 343 mm e o EBITDA Ajustado totalizou R$ 90 mm (+44,8% a/a). Entretanto, os custos dos serviços prestados acresceu 61,7% a/a, totalizando R$ 223 mm. (Comentário MATD3) | Crescimento de receita da Panvel divulgado no resultado do 1T22, em linha com nossas expectativas, a receita líquida da empresa foi de R$ 902 mm (+19,8% a/a e +1,% R/E) o EBITDA do trimestre foi de R$ 39 mm (+11,5% a/a e +8,7% R/E). (Comentário PNVL3) | Sinistralidade tira o brilho do bom desempenho comercial da Porto (PSSA3) que apresentou resultado abaixo do projetado no 1T22. O lucro líquido da empresa foi de R$ 175,1 mm (-40,6% a/a e -57% R/E) o ROAE foi de 7,5% (-5,9 p.p. a/a e -10 p.p. R/E). (Comentário PSSA3) | Correndo sozinho. Com resultados excelentes, o Grupo SBF (SBFG3) encerrou o 1T22 com receita líquida consolidada de R$ 1,34 bi (+65,4% a/a). O EBITDA consolidado por sua vez atingiu R$ 185,4 mm (400,7% a/a). (Comentário SBFG3) | Integrações custosas, mas há grande horizonte pela frente para a Sinqia (SQIA3) que divulgou resultado positivo no 1T22. A receita líquida da empresa totalizou R$ 138,9 mm (+103,5% a/a e +32,9% t/t) e EBTIDA Ajustado de R$ 36,2 mm (+191,7% a/a e +66,1% t/t). (Comentário SQlA3) | Sintomas da Ômicron no 1T22, com resultados abaixo das nossas expectativas para a Sulamérica (SULA11), que reportou lucro líquido de R$ 24,4 mm (-54,7% a/a e -88% R/E) além de ROAE de 3,7% (-7,9 p.p. a/a e -2.2 p.p. R/E). (Comentário SULA11) | Resultado robusto da Taesa (TAEE11) que segue apresentando constante evolução em seus resultados. A receita líquida da companhia foi de R$ 526 mm (+36,2% a/a e -14% R/E) enquanto o EBITDA foi do montante de R$ 454,4 mm (+43,5% a/a). (Comentário TAEE11) | Trimestre ainda fraco para a Tenda (TEND3) que reportou resultados maiores que o esperado. Em vendas líquidas a empresa alcançou um VGV de R$ 597 mm (-23% t/t e -15% a/a) (Comentário TEND3) | Resultados mistos divulgados no trimestre para a Via (VIIA3), com receita bruta de R$ 8,7 bi (-1% a/a) e um EBITDA Ajustado encerrando o período em R$ 758 mm (+29,8% a/a). (Comentário VIIA3) | “Rei Midas” da B3. A Vivara (VIVA3) apresentou resultados ótimos no 1T22, a Companhia obteve R$ 410,8 mm (+50,3% a/a) em receita bruta, R$ 356,0 mm (+67,1% a/a) por meio do canal físico, em consequência na melhora das vendas, a empresa reportou um EBITDA Ajustado de R$ 51,2 mm (+388,3% a/a). (Comentário VIVA3)
Fusões e Aquisições
Na terça-feira (10), através de sua subsidiária, a Hypera (HYPE3) anunciou a realização de um acordo para aquisição da Boehringer Ingelheim do Brasil, por R$ 190 milhões. Segundo a companhia, a operação possibilitará que a Hypera tenha a autonomia no abastecimento da escopolamina, principal ativo do popular medicamento Buscopan. | Além disso, a Petrobras (PETR4) junto a Sonangol informou a conclusão da venda da E&P, concessão para bloco exploratório terrestre POT-T-794 na Bacia Potiguar, por US$ 750 mil. A transação está em linha com a estratégia da petrolífera de melhorar a sua alocação de capital e gestão do portfólio. | Já, na quarta-feira (11), a Viveo (VVEO3) comunicou o mercado sobre a aquisição de 100% das ações da Pro Infusion, maior manipuladora de terapias antineoplásicas para tratamentos oncológicos e demais outras soluções, por R$ 256,7 milhões. A operação está em linha com a estratégia da Viveo de desenvolver a sua própria plataforma de manipulação, de modo que já investiu mais de meio bilhão de reais para aquisição da LIFE, FAMAP e Pro Infusion, com a perspectiva de agregar em média R$ 90 milhões de EBITDA ao seu ecossistema. | Por outro lado, a Porto (PSSA3) junto a CDF Assistência e Suporte Digital, informaram a criação de uma joint venture através de uma NewCo, que será 100% controlada pela Porto, com o proposito de atuar no ramo de serviços e assistência. (Confira aqui nosso comentário) | Por fim, ainda na quinta-feira (12), a Braskem (BRKM5) também anunciou a criação de uma joint venture em conjunto com a Terra Circular, com o objetivo de ampliar o uso da tecnologia de transformação de resíduos plásticos de baixa qualidade em produtos finais. Segundo a Braskem, a operação impulsionará o desenvolvimento sustentável de suas atividades, com a expansão dos seus projetos em economia circular.
Fundos Imobiliários
Em semana de nova correção, o IFIX teve variação de -0,34%. Seguem os principais fatos relevantes da semana:
CARE11: O fundo comunicou a alienação de um imóvel localizado na cidade de São José do Rio Preto-SP junto à D.A.N. HOTEL SP LTDA pelo valor de R$ 19 mm, sendo que R$ 1,5 mm será pago à vista e o restante será dividido em 120 parcelas mensais de R$ 40 mil em conjunto com parcelas semestrais de R$ 635 mil. Sobre esses valores, será incidido juros e correção monetária de 1% ao mês, de forma simples e sobre cada parcela. | VGI11: Foi comunicada o encerramento de sua 5ª oferta publica de emissão, onde foram emitidas e integralizadas 3.064.352 novas cotas, com preço de subscrição de R$ 99,20, incluída taxa de distribuição, perfazendo o montante total de R$ 304 mm captado. | HSML11: O fundo se comprometeu a adquirir de forma indireta a integralidade de um Shopping Center cujo nome não foi divulgado, com cerca de 25 mil m² de ABL e localizado na região sudeste do país, pelo valor total de R$ 322,4 mm, a ser corrigido monetariamente pela variação positiva do CDI desde 04/03/2022 até a data do efetivo pagamento, com cap rate estimado de 8,75%. | RECT11: O fundo comunicou a celebração de um contrato com a CREDPAGO SERVIÇOS DE COBRANÇA S.A., para a locação de conjuntos comerciais no 3º andar do Edifício Centro Século XXI – Torre Corporate Emiliano, localizado em Curitiba-PR, pelo prazo de 60 meses. A área alugada corresponde a 2.035,35m², e após essa locação, a totalidade das unidades de propriedade do fundo neste edifício está ocupada e a taxa de vacância do portfólio será de 13,25%.
Agenda da Semana
A próxima semana trará agenda econômica fraca na esfera doméstica. Em particular, poderá ser divulgado o índice de atividade econômica do Banco Central para março, com expectativa de crescimento de 0,6%, além do IGP-10 de maio, que deverá apontar para queda dos preços de matérias primas e forte desaceleração da inflação ao consumidor. Externamente, vale acompanhar a divulgação da produção industrial e das vendas no varejo na China em abril, que devem mostrar forte deterioração em função das medidas de controle da pandemia de coronavírus. Além disso, também serão conhecidos dados mensais de atividade para os Estados Unidos, que devem seguir mostrando crescimento robusto no curto prazo.
Top da Semana
Após aprovação de acionistas para a migração para Nasdaq, o Inter (BIDI11) subiu 17,5%, totalizando a maior alta da semana. Além disso, após queda significativa com resultados negativos, a BRF (BRFS3) se recuperou, posicionando-se com o segundo lugar. Apesar da queda dos lucros, JHSF (JHSF3) subiu 8,2%. No setor de tecnologia, a Positivo (POSI3) e Méliuz (CASH3) apresentaram boa performance. Já, o Banco BTG (BPAC11) reportou resultado positivo e subiu 10,9%. Fechando o ranking das maiores altas, tivemos a Ultrapar (UGPA3), Ambev (ABEV3), Localiza (RENT3) e Yduqs (YDUQ3). Na outra ponta, as empresas ligadas a commodities não tiveram boa performance na semana, com destaque negativo para CSN (CSNA3) e CSN Mineração (CMIN3). Ademais, a Locaweb (LWSA3) reportou a maior queda com 13,5%. Com resultados abaixo do consenso, Rede D’Or (RDOR3) e SulAmérica (SULA11) fecharam a semana no vermelho. Por fim, a lista encerrou com Taesa (TAEE11), 3R Petroleum (RRRP3), Usiminas (USIM5), IRB (IRBR3) e Minerva (BEEF3).