Sem direção clara
O ambiente incerto permanece, com os mercados digerindo os bons dados de atividade americana e a fala do presidente Lula sobre o fiscal de 2024, que colocou pressão nos juros brasileiros e no câmbio. Aqui, o Ibovespa avançou 1,43% na semana, com destaque da recuperação do setor imobiliário, com o IMOB subindo 6,96%.
Brasil
No Brasil, a semana foi fraca de divulgações econômicas. O grande destaque ficou por conta do IPCA-15, a prévia da inflação, que veio em linha com o esperado, registrando alta de 0,21%. Os dados de inflação são amplamente consistentes com a tendência de desinflação, e não vemos nenhum sinal de retomada da pressão inflacionária, pelo contrário, com todas as métricas se mantendo comportadas. Com isso, esperamos manutenção do atual ciclo de cortes, com o Copom devendo cortar a taxa de juros em mais 50 p.b na próxima quarta-feira. Entretanto, a fragilidade dos dados de atividade, como visto na semana passada, combinado com a continuidade do processo de desinflação, pode fazer com que o comunicado volte a colocar no futuro a chance de intensificação dos cortes. Por outro lado, a elevada incerteza no cenário externo, irá servir de contraponto, dando margem para continuidade da cautela no processo de corte.
No lado político, a semana foi marcada pela leitura do relatório da reforma tributária por parte do relator senador Eduardo Braga. Entretanto, a proposta só deve ser votada na Comissão de Constituição e Justiça no dia 7 de novembro, podendo ir a plenário na mesma semana. O texto da reforma foi aprovado pela Câmara em julho deste ano, mas, em razão das mudanças que devem ser feitas pelo Senado, a proposta deverá retornar para votação dos deputados. Ainda assim, o governo espera encerrar a discussão no Congresso até o fim deste ano. Além disso, o presidente Lula deu declarações nessa sexta dizendo que o governo dificilmente irá bater a meta de zerar o déficit público em 2024, o que gerou pressões nos juros e no câmbio.
Internacional
A economia americana continua aquecida a despeito de todo o aperto monetário implementado pelo Fed. O PIB do terceiro trimestre avançou 4,9% e os indicadores antecedentes mostram que o bom momento deve se manter em outubro. Com isso, mantém-se a pressão nos juros longos americanos. Entretanto, a atividade ainda muito aquecida nesse momento não deve alterar a visão do Fed para a reunião da próxima quarta-feira, e esperamos que a decisão seja de manutenção da taxa de juros no atual patamar. Condicionado na continuidade dessa tendência, uma alta em dezembro passa a ter maior probabilidade.
Próxima semana
Na agenda da próxima semana, as atenções estarão voltadas para a super-quarta, quando Fed e Copom decidem sobre os juros. Não esperamos surpresas em nenhuma das reuniões, com o Fed mantendo os juros inalterados e o Copom cortando 50 p.b. Além disso, destacamos a divulgação da taxa de desemprego na quarta e da produção industrial de setembro na quinta. Lá fora, o Payroll deverá movimentar os mercados na sexta-feira.