Consistência nos resultados
A Minerva reportou resultados positivos, em linha com nossas expectativas, principalmente em retrato a melhora do cenário no Brasil, com volta da China após prolongamento dos embargos e preços atrativos no mercado externo. Em vista disso, a companhia reportou uma receita líquida de R$ 7,3 bi (+2,7 R/E, -3,7% t/t e +24,6% a/a), estimulado no comparativo anual pelas operações da Argentina, Brasil e Uruguai, que se beneficiaram do avanço dos preços e performaram positivamente, mesmo com redução do volume. No que tange os custos, vimos uma margem bruta em linha com as nossas expectativas, que fechou em 17% (-0,3 p.p. R/E, -1,7% t/t e +0,7 p.p. a/a), no qual por mais que estável para o cenário, evidencia os impactos da alta do preço do gado, além da inflação em toda cadeia produtiva da indústria. Visto isso, a Minerva apresentou um EBITDA equilibrado de R$ 646 mm (+3,5% R/E, -11,5% t/t e +36% a/a), bem como uma margem de 8,9% (+0,1 p.p. R/E, -0,8 p.p. t/t e +0,7 p.p. a/a).
De modo geral, vemos que o indício da virada do ciclo da pecuária no Brasil, demanda externa aquecida e gradual recuperação do consumo interno, somado a sua estrutura de capital equilibrada e gestão operacional eficiente, trazem uma perspectiva positiva para Minerva no ano. Desse modo, reiteramos nossa recomendação de Compra, com preço-alvo para BEEF3 YE22 em R$ 17/ação.
Brasil. No trimestre, os resultados do Brasil foram o destaque da Minerva, ficando acima de nossas expectativas, em detrimento da volta da China, forte demanda dos Estados Unidos e preços elevados no mercado externo, que representaram cerca de 65% da receita, segundo dados informados na teleconferência. Desse modo, a companhia reportou um top line de R$ 3.954 mm (+25% R/E, +20,7% t/t e 47,3% a/a), estimulado pelo movimento atípico das exportações para o período sazonal, após 4T21 ser marcado pelos embargos da China. Para o ano, os sinais da virada do ciclo, com sequencial redução do preço do bezerro e maior disponibilidade de animais para abate, reanimam a indústria sobre a recuperação do Brasil.
América do Sul. No total da América do Sul, excluindo as operações no Brasil, vimos uma redução da receita no comparativo trimestral de R$ 3.158 mm (-20,9% R/E, -23,3% t/t e +3,0% a/a), que ficou abaixo do nosso esperado, impulsionado pela forte contração do volume vendido das operações na Colômbia e Paraguai, que sofreram com a paralisação das exportações para Rússia.
Endividamento e Resultados. No caso do endividamento, a Minerva apresentou uma dívida líquida de R$ 6,5 bi (+6,5% t/t e 20,9% a/a), acompanhado de uma alavancagem estável de 2,5x. Por outro lado, nos surpreendendo negativamente, a Minerva reportou um forte avanço do resultado financeiro, que fechou com um montante negativo de R$ 688 mm (+207,8% R/E, +26,7% t/t e +468% a/a), explicado por perdas expressivas com hedge cambial que atingiu o valor de -R$ 383,4 mm, frente a +R$ 103 mm no trimestre anterior. Em consequência, o lucro líquido veio abaixo do esperado com R$ 155 mm (-61,9% R/E, -23,7% t/t e -55,9% a/a). Visto isso, em resumo, vemos que a companhia reportou resultados operacionais robustos, mas machucados pelos efeitos da variação cambial nos seu balanço.
Agenda ESG. No período, a Minerva foi pioneira na venda de produtos com certificação de carbono neutro no Uruguai. Além disso, a companhia ampliou o monitoramento das suas fazendas fornecedoras na Argentina e Colômbia.