Inflação e juros ainda em alta
A semana mais curta por conta do feriado não impediu que o tema inflação e seus impactos ganhasse ainda mais fôlego, pressionando ativos aqui e lá fora. Assim, o Ibovespa fechou em queda de quase 2%, seguindo os pares externos, pressionados por incertezas quanto aos ciclos de aperto monetário dos bancos centrais no mundo, em especial nos Estados Unidos, e seus efeitos no PIB global. A temporada de resultados do 1T22 inicia nos Estados Unidos trazendo sentimentos mistos, com mercado avaliando a capacidade das companhias de manterem suas margens, mesmo com custos pressionando e crescimento esperado para o ano mais limitado. A rotatividade entre empresas de growth e value segue forte, com destaque para o setor de energia, beneficiado pela escalada nos preços do petróleo. Internamente, os subíndices ligados ao setor elétrico são destaques (UTIL e IEEX), mantendo-se em campo levemente positivo (+0,30% e +0,13%, respectivamente). Na ponta negativa, chama atenção o ICON e o INDX, com quedas de 3,31% e 2,85%, respectivamente.
Mais uma semana com dados de inflação em alta, dessa vez lá fora. Nos EUA, o CPI veio em linha com o esperado, mas uma alta de 1,2% em março que levou o acumulado de 12 meses para 8,4%. O PPI, índice ao produtor, surpreendeu pra cima, com alta de 1,4% no mês acumulando 11,2% em 12 meses. Ainda nos EUA, tanto o volume de vendas no varejo em março, +1,1% como o índice de confiança de Michigan mostraram dados robustos da economia, indicando que a inflação pode continuar persistindo nos próximos meses. Os títulos do tesouro de 10 anos tiveram nova alta e fecharam a semana em 2,82%. Com a alta de juros, o mercado de títulos do governo americano já acumula queda de 11% desde o pico em 2021, encerrando um longo período de ganhos nos últimos 20 anos, e deixando muitos investidores ainda preocupados com o futuro das taxas de juros. Uma inflação mais persistente pode significar que o Fed Fund rate pode subir acima de 3% até 2023. Na Europa, mesmo com a inflação que também acumula mais de 7% ao ano, o BCE manteve a taxa de juros em -0,5% e indicou que irá encerrar o programa de recompra de bonds somente no terceiro trimestre, ou seja, seguiremos com estímulos monetários ainda por alguns meses, mesmo com a elevada inflação. E, mesmo com o lockdown em grandes cidades na China, as commodities voltaram a subir, o petróleo teve alta de 10% e voltou para $110/barril e o minério de ferro segue cotado próximo de $140/ton.
Aqui no Brasil, o mercado de juros também teve uma semana de alta, após a fala do presidente do Banco Central mostrar preocupação com as recentes surpresas inflacionárias. Na ausência do Focus, devido à greve do BC, o mercado segue sem uma indicação de como estão as expectativas para a inflação, considerando o impacto maior do curto prazo, mas o cambio mais favorável e a expectativa da bandeira verde agora para todo o ano, conforme estimado pela ONS. Os dados de atividade de fevereiro trouxeram surpresas, uma positiva, no desempenho mais forte que o esperado do varejo, e outra negativa com o setor de serviços apresentando queda no mês. Mas no consolidado, os dados indicam que devemos ter um crescimento no PIB do trimestre, que pode ser próximo de 0,5%. O dólar fechou estável em R$4,70 na semana.
Empresas e Setores
Mais investidores, menos volume. A B3 (B3SA3) divulgou o aumento de investidores PF acresceu no mês de março em 43,7% a/a, entretanto, o volume diário de ações caiu 12,5%. | Energia produtiva. Braskem (BRKM5) assinou um contrato com a Algás para compra de R$ 1,5 bi em gás natural. O contrato tem vigência até o final de 2024, o gás será utilizado nas unidades da empresa no Estado de Alagoas. | Alta no Volume Bruto de Vendas. Mélliuz (CASH3) reportou um aumento de 65% (a/a) no volume bruto de vendas, totalizando R$ 1,6 bi. | Recomprando! A Cielo (CIEL3) aprovou um programa de recompra de ações, a empresa pretende adquirir até 13.339.245 ações no mercado secundário. O prazo da operação foi de 11/04 a 14/04. | Prévias de construção. A Cyrela (CYRE3) divulgou as prévias de seus resultados para o 1T22, as vendas líquidas totalizaram R$ 1,312 bi (+27% a/a e -17% 4T21). | Expansão América Latina. O Nubank (NUBR33) anunciou um financiamento de US$ 650 mm para expansão de suas operações na Colômbia e no México, o destino do dinheiro será para desenvolvimento de produtos e tecnologias, visando o crescimento da base de clientes. | Acima das estimativas do mercado, o volume de vendas no varejo aumentou 1,1% no mês de fevereiro. (Confira nosso comentário de Varejo) | Modernização de galpões. A Via (VIIA3) informou o investimento de R$ 36 mm com o intuito de modernização de centros de distribuição, além da construção de uma nova unidade, todas localizadas em Minas Gerais. | Visando aceleração e inovação a Telefonica (VIVT3) anunciou o desenvolvimento de um fundo para investir em Startups, a previsão é de investimentos totalizando R$ 320 mm em ao mínimo 20 startups.
IPOs & Afins.
O mercado de ofertas iniciais de ações continuou pouco movimentado essa semana, mas já vemos algumas companhias se preparando para mais ação no futuro. Dentre elas, a Corsa, empresa de Saneamento do Rio Grande do Sul, trabalha com a ideia de realizar seu IPO já em julho. Ademais, na CapTable, hub de investimentos em startups, a Lovin’Wine captou quase dois milhões e meio em uma rodada de follow-on.
Fusões e Aquisições.
Na segunda-feira (11), a CSN (CSNA3) anunciou acordo com a gestora Brookfield para compra de 100% da Santa Ana Energética. Segundo a companhia, a operação tem como objetivo sustentar e fortalecer os seus segmentos, tendo em vista a crescente demanda de energia elétrica pela CSN Cimentos e suas recentes aquisições. | Além disso, no setor de saúde, a Viveo (VVEO3) comunicou que realizou três contratos vinculantes para aquisição do Laboratório de Insumos Farmacêuticos Estéreis (Life) e PHD (Hospshop e Alminhana) em Porto Alegre, assim como o FAMAP em Belo Horizonte, por um total de R$ 365,5 milhões. Com essas transações a Viveo passará a atuar no segmento de manipulação de soluções estéreis, além de expandir as suas operações e ecossistema. | Por outro lado, na terça-feira (12), o Itaú (ITUB4) e a Totvs (TOTS3) anunciaram a criação de uma joint venture, chamada Techfin, em busca de ampliar e distribuir os serviços financeiros da tech. Para transação, o Itaú pagará a R$ 610 milhões a Totvs, tendo uma participação de 50% da JV. (Confira o nosso comentário)| Já o Grupo GPS (GGPS3) informou o mercado que adquiriu por meio de sua controlada 55% da Evertical, companhia prestadora de serviços de automação predial e segurança eletrônica. | Ainda na quarta-feira (13), a Porto Seguro (PSSA3) anunciou que adquiriu 100% da Nido Tecnologia, por meio de sua subsidiária Olho Mágico. A operação segue a estratégia de fortalecimento do seu ecossistema, atribuindo a expertise em software para o ramo imobiliário da adquirida. | Por fim, na quinta-feira (14), com o objetivo de ampliar a sua cadeia de suprimentos, a Arezzo (ARZZ3) comunicou a aquisição da HG e Sunset por um total de R$ 43 milhões. Segundo a companhia, a fabricação de bolsas da HG e serviços ligados a exportação da Sunset irão aumentar a representatividade da Arezzo, além de possibilitar ganhos com avanços em eficiência.
Fundos Imobiliários
Interrompendo a sequência de ganhos das semanas anteriores, o IFIX teve variação de -0,15% na última semana. Segue os principais fatos relevantes da semana:
AFHI11: A administradora aprovou a 2ª emissão primária do fundo, com esforços restritos de distribuição e melhores esforços de colocação, nos termos da Instrução CVM nº 476, com montante inicial de até R$ 70 mm a serem captados por meio da emissão de 725.615 cotas ao preço fixado de R$ 96,47 por cota. | VGHF11: O fundo informou a conclusão da sua 3ª emissão primária de cotas. No âmbito desta distribuição, foram emitidas e integralizadas 31.712.474 novas cotas durante os períodos de direito de preferência e sobras e montante adicional e Oferta CVM 400, com preço R$ 9,46 por nova cota, sem considerar a taxa de distribuição primária, perfazendo o montante total de R$ 300 mm. A 3ª emissão de cotas do fundo foi integralmente distribuída, não havendo retratação de cotas ou devolução de valores aos investidores. | HGRE11: O fundo comunicou a repactuação das condições de pagamento das parcelas remanescentes da venda do ativo localizado na Rua Verbo Divino, 1661 – São Paulo/SP, que foi realizada em conjunto com a venda de 20.099 Certificados de Potencial Adicional Construtivo vinculados ao terreno do Imóvel, para Colmar Incorporadora Ltda, subsidiária da construtora EZTEC. | VRTA11: Foi comunicado pelo fundo o encerramento de sua 8ª emissão primária de cotas, que foram subscritas pelo preço unitário de R$ 95,16. Durante o período de colocação, foram subscritas e integralizadas, por investidores profissionais, 2.287.602 novas cotas, perfazendo o montante de R$ 217,7 mm.
Agenda da Semana
A agenda da próxima semana trará poucos indicadores referentes à economia doméstica. No entanto, vale acompanhar o desempenho da arrecadação tributária de março, que já pode mostrar os impactos das isenções de impostos e da desaceleração da atividade econômica nas contas do governo. Ademais, teremos a divulgação do IGP-10 relativo a abril, ainda com forte pressão na inflação ao produtor, principalmente em combustíveis e alimentos, mas também com alguma melhora nas matérias primas brutas dada a apreciação cambial recente. Externamente, será conhecido o PIB da China no primeiro trimestre do ano, com estimativa de variação interanual de 4,2%, além do desempenho da indústria e do varejo em março, mostrando o impacto da pandemia na economia do país asiático
Top da Semana
Ultrapar (UGPA3) teve a maior alta na semana após anunciar a recompra de US$ 500 mm em título de dívida. A companhia Cielo (CIEL3) apresentou um novo meio de pagamento para transportes públicos e teve uma alta de 8,5%. Ainda surfando a onda de uma possível privatização, os papéis da Eletrobras (ELET3 e ELET6) apresentaram um bom desempenho na semana. Impactadas com a alta do preço do petróleo, Petrobras (PETR3) e 3R Petroleum (RRRP3) fecharam no azul. Fechando as maiores altas estão as empresas Carrefour (CRFB3), Eneva (ENEV3), Banco do Brasil (BBAS3) e JBS (JBSS3). Na outra ponta, a Yduqs (YDUQ3) caiu 16,6% após a notícia que a Wellington Management reduziu a participação na companhia. Com repercussões negativas, BRF (BRFS3) teve uma queda de 14,5%. No varejo, Via (VIIA3) e Americanas (AMER3) também caíram na semana. Com prévia operacional que não agradou o mercado, Méliuz (CASH3) caiu 12,7%. Completando as maiores baixas da semana estiveram as companhias Banco Inter (BIDI11), Locaweb (LWSA3), CVC (CVCB3) e SulAmérica (SULA11) e Rede D’Or (RDOR3).
Agenda da Semana