Resultados robustos, mas pressão dos custos se acentuam
No 1T22, a Marfrig reportou resultados ainda positivos, com uma receita acima de nossas expectativas, no entanto pressão dos custos foram superiores ao esperado, o que proporcionou margens mais comprimidas. Desse modo, a companhia apresentou um forte top line de R$ 22,4 bi (7,5% R/E), atípico para o período sazonal, que avançou 29,6% a/a, impulsionado principalmente pelo crescimento da receita da National Beef em 25,4% a/a com R$ 15,9 bi, mas também pelas operações da América do Sul que avançaram em 41,2%, fechando o trimestre com R$ 6,5 bi. No caso dos custos, o aumento do preço do gado em ambos os mercados refletiu negativamente na margem bruta da Marfrig, que ficou em 15,6% (-1,6 p.p. R/E, -5,4 p.p.t/t+2,5 p.p. a/a), o que reforça a gradativa normalização das margens, após ano singular para o mercado americano. Por fim, a companhia reportou um EBITDA robusto no comparativo anual de R$ 2,7 bi (-0,7% R/E, -33% t/t +69% a/a), em linha com nossas expectativas, e fechou com uma margem de 12,2% (-1 p.p. R/E, -4,9 p.p. t/t +2,8 p.p. a/a).
Em vista disso, vimos que as operações da Marfrig permaneceram resilientes, mesmo em cenário global desafiador e perdas com investimento na BRF. Além disso, levando em conta a sua estrutura de capital estável, atuação em um mercado sólido como os Estados Unidos e gradativa recuperação do Brasil, seguimos com a nossa perspectiva positiva para companhia no ano, assim, mantemos a nossa recomendação de Compra para MRFG3, com TP YE22 em R$ 29/ação.
América do Norte. Para National Beef, o avanço da demanda no período, com um crescimento do volume de 2,9% a/a, e consequente aumento do preço em 26,9% a/a, trouxe uma receita líquida recorde para o 1T de US$ 3.023 mi (+1,5% R/E, -5,8% t/t e +30,6% a/a), ficando em linha com o esperado. Entretanto, vemos que as margens caminham para uma normalização, em patamares similares ao pré-pandemia, com as operações da América Norte trazendo uma margem bruta de 17,8% (-3,6 p.p. R/E e +3,2 p.p. a/a), reduzindo em 7,2 p.p. no comparativo trimestral. Pontuamos que a forte demanda por subprodutos, assim como avanço do preço comercializado, amenizaram os efeitos do avanço dos custos da cadeia como um todo. Por fim, a Marfrig reportou um EBITDA de US$ 453 mm (+63,4% a/a e -5,8% t/t), assim como uma margem de 15% (+3 p.p. a/a e -7,3 p.p. t/t).
América do Sul. Para operações na América do Sul, os resultados do 1T22 vieram acima de nossas expectativas, no qual a retomada das importações chinesas e demanda dos Estados Unidos, ainda favorável, proporcionaram um avanço de 11% a/a e 1,4% t/t do volume vendido, acompanhado de um crescimento de 27,2% a/a do preço médio, em reflexo ao forte aumento de preços no mercado externo. Além disso, vimos que o consumo doméstico começou a se normalizar, com avanço do food service, o que também beneficiou a receita da companhia. Em vista disso, a Marfrig reportou um top line de R$ 6.458 mi (+9,6% R/E, +7,0% t/t e 41,2% a/a), enquanto os custos exibem a alta do preço do gado em todos os mercados atuantes na América Latina, no entanto, o avanço do preço comercializado, principalmente no mercado externo, amorteceu os efeitos na margem bruta, que ficou em 10,1% (+3,8 p.p R/E, +1 p.p. t/t e +1,4 p.p. a/a). Desse modo, a companhia fechou o ano com um EBITDA de R$ 411 mm (93,4% t/t e 94,9% a/a) e uma margem de 6,4% (2,8 p.p. t/t e +1,7 p.p. a/a).
Endividamento e Resultado Financeiro. No 1T22, o resultado financeiro da Marfrig foi fortemente penalizado pelos efeitos negativos do investimento nas ações da BRF, assim como avanço dos juros no mercado doméstico, que acresceu em 7,2% t/t e 29% a/a, com negativos R$ 526 mm. Desse modo, a companhia encerrou o trimestre com um resultado financeiro negativo de R$ 1.056 mm (+2,4% R/E, -39,8 t/t e 44% a/a). Além disso, a Marfrig apresentou uma dívida líquida R$ 21.168 mm, acompanhado de alavancagem saudável de 1,36x em reais e 1,53x em dólares.
Resultado. Em reflexo aos resultados robustos da National Beef e melhora do quadro da América do Sul, com a gradativa recuperação do Brasil, a Marfrig reportou um EBITDA de R$ 2.727 mm (-0,7% R/E, -33,3% t/t e +69% a/a). No entanto, o lucro líquido fechou em R$ 109 mm ante R$ 650 mm no 4T21 (-79,8 R/E e 61,1% a/a), em reflexo as penalizações da marcação a mercado das ações da BRF, assim como avanço das provisões para impostos.
Investimentos. Para aquisição da Sol Cuisine pela joint venture Plant Plus, a Marfrig investiu R$ 418 mm, fechando o trimestre com um Capex de R$ 880,1 mm.