Macroeconomia


Klabin | Resultado 1T22

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Gabriela Joubert

Publicado 04/mai3 min de leitura

Receita em linha, mas EBITDA surpreende

Conforme esperado, os resultados do 1T22 da Klabin foram fortemente impactados pela menor disponibilidade de volumes de vendas, impactando receitas que vieram em linha com o projetado, apesar do efeito negativo da variação cambial, em R$ 4.422 mm, mas 3% abaixo do 4T21, contudo trazendo um EBITDA surpreendente, 13% maior que nossas expectativas, refletindo impacto de custos menores que o esperado. Ao longo do trimestre, contudo, vimos os papéis do setor ainda patinando, refletindo muito mais o momento de queda do dólar do que os fundamentos, em nossa opinião, os quais seguem sólidos para o médio e longo prazo, em especial quanto à substituição do plástico por papel, avanço do consumo de embalagens sustentáveis e, consequentemente, maior consumo de celulose. No curto prazo, o cenário de restrição de oferta vem beneficiando elevação de preços nos mercados internacionais, apesar de demanda em ritmo menor de crescimento. Sendo assim, reiteramos nossa recomendação de compra para KLBN11, com TP YE22 em R$ 36/unit.

Agenda ESG. Em fevereiro, a companhia foi listada na categoria “ouro” do setor de Containers and Packaging do índice “The Sustainability Yearbook 2021”, da S&P Global.

Resultado Consolidado: apesar do menor volume, preços maiores seguram receitas. A produção no 1T22 somou 958 kton (-9% t/t e +5% a/a), com retração trimestral refletindo as paradas para manutenção no período e na base anual, os maiores volumes advindos da MP27. O volume de vendas totalizou 900 kton, recuando 8% ante o 4T21 e +1% a/a. Com isso, a receita líquida consolidada totalizou R$ 4.422 mm, em linha com nossas projeções, mas 3% abaixo do 4T21 e 28% maior a/a, espelhando os maiores preços realizados em todos os negócios da companhia, o que mais que compensou a queda nos volumes e o efeito negativo da variação cambial no trimestre. Já com relação ao CPV, este somou R$ 2.717 mm, 28% acima do 4T21, mas 5,4% abaixo das nossas projeções, impactado por (i) maiores preços de combustíveis e químicos, em razão da alta das commodities nos mercados internacionais, além do já esperado (ii) maior consumo de fibras. As despesas SG&A somaram R$ 596 mm, 13% maior que o 4T21. Assim, o EBITDA da companhia totalizou R$ 1.726 mm no trimestre, 13% maior que nossas expectativas, apesar da queda de 8% t/t. A margem EBITDA ficou em 39%, contra 34,5% das nossas projeções.

Endividamento e Resultado Líquido. A dívida bruta da Klabin encerrou o ano em R$ 24,1 bi, enquanto a dívida líquida ficou em R$ 17,9 bi. O endividamento, medido pela Dívida Líquida/EBITDA, caiu para 2,4x em reais (ante 3,0x no 4T21) e 2,7x em dólar (contra 2,9x no 4T21). O custo da dívida em moeda local da companhia avançou para 13,4%, mas reduziu par 5% em outras moedas. O prazo médio segue confortável, em 102 meses. Com relação ao resultado financeiro, as despesas somaram R$ 328 mm, ante receitas de R$ 213 mm. Vimos também impacto positivo de variação cambial no montante de R$ 2.177 mm, compensado por efeito negativo do hedge de R$ 3.404 mm, fechando o resultado financeiro negativo em R$ 77 mm. Assim, a Klabin reportou um lucro líquido no trimestre de R$ 875 mm, ante R$ 1.050 no 4T21. A companhia também anunciou novo pagamento de dividendos, no montante de R$ 346 mm, traduzindo-se em R$ 0,314/unit, a serem pagos em 18/05/22.

Celulose: menor disponibilidade de volumes impacta receitas, apesar dos preços mais elevados. Os volumes vendidos de celulose totalizaram 334 kton, 13% menor t/t, impactado, novamente, por gargalos logísticos forçando carry over para o 2T22, mas também afetados pela menor disponibilidade de produtos em razão da parada para manutenção em Puma I. Consequentemente, a receita de celulose da Klabin encolheu 11% contra o 4T21, ficando em R$ 1.360 mm, (+3,3% R/E), parcialmente compensada pelos maiores preços da commodity nos mercados internacionais, bem como melhor mix de fibras e geográfico, vantagem competitiva da companhia, a nosso ver. O custo caixa da celulose foi afetado pela elevação dos custos de químicos e combustíveis, principalmente, bem como gastos maiores com fibras, conforme já esperado, e fechou em R$ 1.291/t, 21% maior t/t. Considerando a parada para manutenção, o custo teria sido de R$ 1.608/t.

Papéis e Embalagens. A produção de papéis somou 316 kton no trimestre, em leve queda de 2% no t/t, mas avançando 24% a/a, refletindo os volumes da MP27. Com um mercado de embalagens mais tímido no Brasil, a companhia aproveitou sua flexibilidade e direcionou mais volumes para vendas de kraftliner no mercado externo, ainda aquecido e com preços elevados, o que contribuiu para receitas 7,3% maiores t/t (+60% a/a e +8% R/E), totalizada em R$ 1.555 mm. Já para Embalagens, conforme antecipado pelos dados da Empapel, onde vimos queda de 10% no volume expedido no trimestre ante o 1T21, as vendas de embalagens da Klabin também recuaram, -7% t/t -11% a/a. Contudo, os maiores preços realizados para os produtos da companhia fizeram com que as receitas fossem parcialmente compensadas, somando R$ 1.450 mm, ficando 8,4% maior R/E, apesar da queda de 5% t/t.

Fonte: Inter Research e Companhia

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