Trimestre robusto, com fundamentos ainda sólidos
Mais uma vez a JBS nos surpreende positivamente, com resultados robustos e acima de nossas expectativas, em reflexo, principalmente, aos patamares elevados dos preços e demanda ainda forte nos Estados Unido, que favoreceu os segmentos que atuam no país. Visto isso, a JBS reportou uma receita recorde para o trimestre de R$ 90,9 bi (-6,5% t/t e +20,8% a/a), 18,7% acima do nosso esperado, apesar da queda em comparação ao 4T21, em virtude de um mix entre sazonalidade negativa, câmbio mais valorizado e variação dos preços. Por outro lado, por mais que a pressão dos custos tenha sido inferior ao esperado, já vemos um movimento gradativo de compressão das margens, que tendem a se normalizar, voltando para níveis similares ao pré-pandemia. Em vista disso, a companhia reportou uma margem bruta melhor do que o projetado, ficando em 18% (+1,0 p.p. R/E, -1,9 p.p.t/t e +3,2 p.p. a/a), além de um EBITDA Ajust. robusto de R$ 10,1 bi (+36% R/E, -14,4% t/t e 50,3% a/a), mas com uma margem EBITDA de 11,1% (+1,5 p.p. R/E, -1,0 p.p. t/t e +2,2 p.p. a/a).
Tendo em vista a consolidação da JBS, com um amplo portfólio de produtos, extensa diversificação geográfica, além de possuir fortes avenidas de crescimento e fundamentos sólidos, acreditamos que a companhia permanecerá resiliente no ano, assim, mantemos a nossa recomendação de Compra, com preço-alvo para JBSS3 YE22 em R$ 51/ação.
JBS Brasil. Por mais que tenhamos visto uma receita superior no comparativo trimestral, as margens do segmento foram impactadas pelo avanço dos custos e dificuldades de repasses de preços no mercado doméstico. Dessa forma, a JBS reportou uma top line de R$ 14,3 bi (+18,5% R/E, +1,8% t/t e +24,2% a/a), impulsionada pelas exportações, com aumento do volume vendido em consequência da volta da China, assim como preços elevados internacionalmente. Para os custos, valor do gado vivo no mercado interno pressionou a rentabilidade das operações, levando a uma redução do EBITDA Ajust. no trimestre, o qual ficou em R$ 439,2 mm (-37,1% t/t e +85,4% a/a), assim como margem de 3,1% (-1,9 p.p. t/t e +1,1 p.p. a/a). Para o segmento, com a melhora da oferta de gado que já apresenta indícios, esperamos uma recuperação sequencial ao longo do ano.
Seara. No caso da Seara, o avanço dos custos e dificuldades do mercado doméstico trouxeram resultados mais pressionados para o segmento, com receitas ainda estáveis em R$ 9,5 bi (+ 24% R/E, - 6,3% t/t e + 21% a/a), em reflexo ao repasse de preços no mercado doméstico e externo, mas com custos pressionando margens. Em vista disso, a companhia reportou uma forte queda do EBITDA Ajust., que fechou em R$ 616,2 mm (-45,7% t/t e -33,9% a/a).
Beef North America. No trimestre, a companhia reportou resultados acima de nossas expectativas, com uma receita líquida de US$ 5,5 bi (-5,4% t/t e +27,3% a/a), estimulada pela demanda aquecida do mercado doméstico, principalmente pela volta do food service, e avanço das exportações, que foram alimentadas por uma oferta conveniente de gado nos Estados Unidos. No entanto, pressão inflacionária na cadeia de suprimentos proporcionou uma forte redução do EBITDA Ajust. no trimestre na comparação trimestral, que fechou em US$ 791,8 (-36,2% t/t e +51,5% a/a) e margem em 14,3% (-6,9 p.p. t/t e +2,3 p.p. a/a). Para o setor, a atenção é para a virada do ciclo da pecuária, com os últimos dados da USDA apresentando um avanço do abate de fêmeas nos Estados Unidos, em razão das secas no país. No entanto, vemos que a aceitabilidade da população por repasses de preços e dinamismo do mercado com as demais proteínas acabam amparando as operações da JBS.
Austrália. Anteriormente incluso no JBS USA Beef, o segmento da Austrália recebeu um lugar na divulgação aberta da companhia, em reflexo as recentes aquisições no país com a Rivalea e Huon, que vêm impulsionando as operações da Primo. Desse modo, com a sequencial reconstrução do rebanho australiano após trimestres adversos, o segmento reportou uma receita de US$ 1,4 bi (-8,3% t/t e +25,7% a/a), assim como margem EBITDA Ajust. de 6,6% (-0,1 p.p. t/t e +5,8 p.p. a/a), o que evidencia a recuperação do segmento frente a 2021.
USA Pork. Mesmo com queda das exportações para China, as operações da USA Pork continuaram resilientes, acima de nossas expectativas. Vimos receita de US$ 1,9 bi (+16,6% R/E, -0,1% t/t e +18,4% a/a), em virtude dos altos preços praticados e forte demanda do mercado doméstico. Entretanto, custos em toda cadeia produtiva avançaram, o que levou a JBS Pork a reportar uma margem EBITDA Ajust. de 9,8% (-2,3 p.p. t/t e +1,9 p.p. a/a).
Pilgrim’s Pride. Em reflexo a demanda aquecida com a recuperação do food service e preços atrativos, a Pilgrim’s se destacou positivamente no trimestre, com uma receita robusta de US$ 4,2 bi (+16,7% R/E, +5,0 % t/t e 29,5% a/a). Além disso, a sazonalidade favorável do México e boa performance dos Estados Unidos impulsionaram o EBITDA Ajust., que fechou em US$ 501,8 mm (+11,8% t/t e + 97,7% a/a) e margem de 11,8% (+ 4,0 p.p. t/t e +4,0 p.p. a/a). Pontuamos que os resultados do trimestre foram surpreendentes, superando a pressão dos custos e desafios com o cenário adverso da Europa.
Endividamento e Resultado Financeiro. No 1T22, a JBS reportou uma forte redução do resultado financeiro, que fechou em -R$ 210,1 mm (-78,5% R/E, -87,3% t/t e -82,1% a/a), dado aos efeitos positivos da variação cambial na conta. No caso do endividamento, a companhia apresentou uma dívida líquida de R$ 66,5 bi (-4,0% t/t e +16,3% a/a) e US$ 14,0 bi (+13,0% t/t e + 39,8% a/a), desse modo, a alavancagem em real ficou em 1,36x e 1,53x em dólar.
Resultado e Dividendos. Por fim, a JBS divulgou um lucro líquido robusto, acima de nossas expectativas, de R$ 5,1 bi (+19,5% R/E, -20,6% t/t e 151,4% a/a). Em complemento, a companhia também anunciou o pagamento de dividendos intermediários de R$ 2,2 bi (R$ 1 por ação), referentes ao resultado de 2021, o que representa um dividend yield de 2,7%. De certo modo, podemos ver as vantagens da diversificação do portfólio da JBS, que acaba abrangendo diversos lados da esfera da demanda, assim como os efeitos substituições da população em cenário adverso para o consumo de proteínas.
Agenda ESG. No trimestre, a JBS anunciou a criação da No Carbon, companhia destinada para locação de caminhões 100% elétricos, com o objetivo de reduzir a emissão de carbono, ao mesmo tempo que obtém a integralização da sua cadeia, através da inclusão dessas frotas na logística da JBS Brasil. Além disso, a companhia ingressou no segmento de fertilizantes orgânicos, organominerais e especiais, no estado de São Paulo, com a criação da Campo Forte. Segundo a JBS, o investimento busca ampliar a sua economia circular.