O Itaú Unibanco apresentou um resultado positivo e acima das nossas expectativas, reportando um lucro líquido de R$ 7,7 bilhões (+4,3% t/t e +1,3% vs. Inter Research) com ROAE de 20,8% (+40 bps t/t e +20 bps vs. Inter Research). O resultado atual evidenciou a melhor qualidade no balanço do Itaú frente aos pares privados, que mesmo com o avanço em crédito nas linhas mais arriscadas - como cartão de crédito e crédito pessoal -, mostrou bom controle na qualidade de crédito, com inadimplência registrando taxa de 2,7% (+10 bps t/t), a qual vem buscando uma normalidade e ainda não atingiu níveis pré pandemia, mesmo no segmento pessoas físicas. Vimos um forte crescimento no NII com clientes também beneficiado pelo aumento do volume de crédito e de maiores spreads, apesar de um NII com mercado mais fraco por conta da abertura da curva de juros. Ainda foi um resultado positivo, melhor que os pares privados, que reportaram prejuízo em trading. O Itaú também reportou bom resultado de serviços, com a linha de administração de recursos, cartões de crédito e assessoria econômico-financeira com forte crescimento, mas caindo em seguros por conta de maiores provisões para adequação de passivos em previdência. Com um resultado positivo e sólido, o Itaú vai se mantendo como best in class entre os pares incumbentes e privados, mas mantemos nossa recomendação neutra para ITUB4 com preço-alvo FY22 de R$ 31,00.
Guidance alterado e mantendo crescimento da carteira. Com fortes resultados, o Itaú alterou seu guidance trazendo melhor performance em (i) carteira de crédito, agora com crescimento esperado entre 15,5% a 17,5%, (ii) margem financeira com clientes com expectativa de avanço de 25% a 27% e (iii) receita com prestação de serviços e seguros. Por outro lado, o banco aumentou as expectativas para despesas com PDD, agora entre R$ 28 bilhões a R$ 31 bilhões, e manteve o guindance na margem com o mercado entre R$ 1 bilhão a R$ 3 bilhões, do crescimento das despesas não decorrentes de juros entre 3% a 7% e da alíquota efetiva entre 30% a 33%. Com este novo guidance, o banco deve continuar crescendo a carteira de crédito em linhas mais arriscadas como temos visto nos últimos trimestres, mas contando com uma melhor qualidade de crédito que os pares, o que em nossa visão deve continuar empurrando a inadimplência para patamares normalizados, talvez passando um pouco dos níveis pré-pandemia. Esperamos um resultado em 2022 em linha com a nossas expectativas oferecendo a manutenção de um ROAE em torno de 20%.
NII surpreende com clientes e, como esperado, margem com mercado traz resultados mais fracos, porém melhor que pares. O Itaú reportou um NII total de R$ 22,6 bilhões (+7,6% t/t e +5,6% Inter Research) superando nossas expectativas vindo de um melhor NII com clientes (R$ 22 bilhões +9,7% t/t e +5,8% Inter Research) beneficiado pelo maior volume de crédito e mudança do mix para crédito de maior relação risco retorno, como cartão e crédito pessoal. Além disso, o aumento da Selic também favoreceu o aumento do capital de giro próprio do banco. Outro fator positivo foi o aumento dos spreads, onde o Itaú reportou uma taxa de 8,4%, com aumento de 50 bps t/t, e continuamos observando o crescimento do mix em segmentos mais arriscados beneficiando os spreads em linhas como cartão de crédito. Já no NII com mercado, o Itaú seguiu a tendência do setor de reportar um número fraco por conta da abertura da curva de juros prejudicando o resultado de trading, mas por outro lado, entre os pares privados que já reportaram, o Itaú foi o único que ainda apresentou lucro.
No custo do crédito, avanço com mix de maior risco e normalização do NPL. A PDD expandida (Custo do Crédito) foi de R$ 7,5 bilhões no 2T22, aumento de 8,1% t/t e +5,1% Inter Research, sendo impactada pela maior despesa com PDD no varejo com o crescimento do crédito ao consumo e produtos sem garantia, aumento do NPL, bem como aumento nos descontos concedidos (+15% t/t). Com isso, o custo de crédito avançou para uma taxa de 3,7% (+30 bps t/t) no 2T22, maior que patamares pré-pandemia.
Qualidade de crédito buscando normalização e se mantém melhor que os pares, mesmo com avanço da carteira no mix mais arriscado. A inadimplência no Itaú performou melhor que os pares privados, com avanço de 10 bps t/t no NPL acima de 90 dias totalizando 2,7% no 2T22. No centro das discussões, o NPL 90d no segmento Pessoas Físicas - Brasil reportou taxa de 4,4%, nível ainda abaixo de períodos pré-pandemia, mas continua avançando por conta de avanço nas linhas de crédito como cartão de crédito, crédito pessoal e financiamento de veículos. Já o NPL em MPMEs mostrou declínio de 2,3% no 1T22 para 2,2% em função do crescimento da carteira no segmento. Outro segmento que continua muito bem, mas fora da normalidade é o setor de Grandes Empresas, que reportou um NPL com forte queda de 40 bps t/t, registrando 0,1% com baixa para prejuízo de créditos de um cliente específico. Com o avanço da inadimplência, o índice de cobertura do NPL do banco continuou caindo e registrou 218% (-14 p.p. t/t) por conta da maior inadimplência no varejo.
Carteira de crédito avança no varejo e em linhas de maior risco x retorno. A carteira de crédito do Itaú reportou saldo de R$ 859,1 bilhões (+5,3% t/t e +18,7% a/a) com destaque para o segmento Pessoas Físicas, que registrou R$ 372,1 bilhões e avançou 7,4% t/t e 33,4% a/a direcionado principalmente pelas linhas de: Cartão de Crédito (+8% t/t e +43,1% a/a), Crédito Pessoal (+8,1% t/t e +35,6% a/a) e Consignado (+10,3% t/t e +19,3% a/a), Imobiliário (+5,6% t/t e +35,3% a/a e Veículos (+3,2% t/t e 24,1% a/a) também crescendo, mas em menor grau. Destacamos o avanço e um foco do Itaú na linha de crédito consignado que por conta do recente aumento de margem para o INSS e da aquisição da folha de Minas Gerais. O cartão de crédito também mostrou forte avanço com o aumento da utilização dos clientes no período bem como o avanço da inflação, reforçamos o maior risco deste crescimento, onde o rotativo representou no 2T22 9,8% do saldo em cartões, de 6,3% no 2T21 e o parcelado com juros 9,3% no 2T22 frente a 8,3% no 2T21. Mudando para o segmento PJ, a carteira reportou saldo de R$ 295,4 bilhões (+4,1% t/t e +18,1% a/a) com avanço das linhas de financiamento a exportação/importação de 16,8% t/t e 53,3% a/a, crédito imobiliário (+27,3% t/t e +47,6% a/a) e crédito rural (+0,6% t/t e 29,9% a/a).
Serviços com boa performance em cartões, administração de recursos e assessoria econômico-financeira, mas seguros veio mais fraco. A receita com serviços totalizou R$ 10,5 bilhões (+7,4% t/t e +4,8% Inter Research) com maior contribuição em: (i) receitas com cartões de crédito e débito (+6,6% t/t), principalmente em adquirência (+21,7% t/t) vindo do maior TPV nos cartões sazonal contra o 1T22, mas também maior frente ao 2T21, como esperado pelo retorno das atividades e o maior consumo e inflação observado atualmente; (ii) receitas com administração de recursos que avançaram +18,9% t/t, com maior performance e fees nos fundos e (iii) assessoria econômico-financeira, que avançou 30,6% t/t, com a maior receita no Banco de Investimento com destaque para emissões em renda fixa e liderança do banco no segmento. Por outro lado, as receitas com conta corrente caíram 2,1% t/t com menores receitas em pacotes PF e PJ, mas cresceu na comparação anual em 3,6% por conta da tarifação do Pix nos pacotes PJ. Em seguros, o banco reportou um resultado abaixo da nossa expectativa totalizando de R$ 1,8 bilhão (-2,3% t/t, +6,9% a/a e -4,7% Inter Research) impactado principalmente por maiores provisões de previdência relacionadas a testes de adequação de passivos. Por outro lado, houve bom desempenho comercial, com os prêmios emitidos avançando 6,9% t/t e 21,7% a/a e um bom controle na sinistralidade, que caiu de 42,6% no 2T21 e 28,3% no 1T22 para 23,7% no 2T22.
Despesas e eficiência. Outro bom desempenho do banco foi no controle das despesas operacionais, que avançaram 4% t/t e 6% a/a, abaixo da inflação. O avanço veio por conta de maiores despesas com participação nos resultados, serviços de terceiros relacionados à operações de assessoria e consultoria e campanhas de publicidade, além do aumento de provisões trabalhistas com maior volume de ações e acordos no período. Com o forte aumento das receitas operacionais, o Itaú reportou uma boa performance no índice de eficiência com taxa de 38,7% no 2T22 apresentando queda de 90 bps t/t e 350 bps a/a, com o indicador no acumulado de 12 meses reportando 40,8% com queda de 100 bps t/t e 370 bps a/a. No trimestre houve redução de agências e PAs de 23 pontos totalizando 4.192, sendo uma queda de 43 agências que totalizaram 2.791 unidades e avanço de 34 agências digitais totalizando 349 unidades.
ESG no trimestre. No 2T22 o banco atingiu R$ 224 bilhões em fomento para o desenvolvimento sustentável com 56% da meta até 2025 atingida. Também lançou o Cubo ESG com um hub de inovação NetZero dedicado a desafios de descarbonização e novas restrições diretas e indiretas em operações com carvão térmico para fomento à transição para a economia verde. O banco dobrou a representatividade de pessoas com deficiência na área de tecnologia saindo de 280 para 560 pessoas e lançou a 2ª edição do Bootcamp para capacitação de pessoas trans na área de Operações e Atendimento para formação técnica de 14 analistas além de beneficiar no mês do Orgulho LGBT+ 11 projetos de diversidade que irão criar empregos e renda para pessoas LGBT+.