O Itaú Unibanco apresentou um resultado em linha com as nossas expectativas, reportando um lucro líquido de R$ 7,4 bilhões (+2,8% t/t e -0,7% vs. Inter Research) e ROAE de 20,4% (+0,2 p.p. t/t e +0,3 p.p. vs. Inter Research). O resultado sólido foi uma combinação de diversos fatores. Observamos um crescimento mais tímido da margem financeira com clientes, diferente dos players que já reportaram resultado, mas por outro lado, também observamos uma inadimplência evoluindo em menor ritmo que os pares e ainda abaixo de níveis pré- pandemia. Apesar disso, o banco cresceu timidamente a carteira de crédito, mas viu seu mix de crédito crescer em linhas mais rentáveis como crédito pessoal, em especial nas linhas de cheque especial e crediário, que consideramos linhas mais arriscadas. O banco também sinalizou uma expectativa de crescimento da inadimplência com maior despesas com PDD no trimestre, acima das nossas expectativas. Destacamos também o resultado com seguros, que mostra forte recuperação, e a redução das despesas não decorrentes de juros, trazendo melhoria no índice de eficiência do banco. Mantemos nossa recomendação neutra para ITUB4 com preço-alvo FY22 de R$ 31,00.
Margem com clientes avança pouco, mas tesouraria surpreende positivamente, apesar de reportar menores níveis que os trimestres passados. A Margem Financeira Total registrou R$ 21,0 bilhões (-0,8% t/t e -3,3% R/E) mostrando um avanço tímido na margem com clientes de 0,7%, porém -4,7% ante nossas expectativas e um resultado com tesouraria com queda de 22,5%, mas este superou as nossas estimativas em 35%. Na margem com clientes, observamos um leve avanço dos spreads de 20 bps t/t atingindo uma taxa de 7,9%. Contudo, quando ajustamos pelo risco, a taxa caiu 20 bps para 5,1%, que foi explicada pelo avanço do mix de produtos em linhas como cheque especial, crediário e cartão de crédito financiado. Já na margem com o mercado, a queda de 22,5% já era esperada, porém o resultado veio acima das nossas expectativas e do mercado, em função de maiores ganhos na administração de ativos e passivos. O custo de crédito (PDD expandida) registrou saldo de R$ 6,9 bilhões, uma alta de 12,4% t/t e 16,1% acima das nossas expectativas, em função do crescimento da carteira de crédito nos produtos de consumo sem garantias e da menor recuperação de créditos, sazonalmente menores no primeiro trimestre, o que resultou em uma margem financeira líquida de R$ 14,1 bilhões (-6,2% t/t e -10,7% R/E).
Carteira avança timidamente, porém em linhas mais arriscadas na PF, enquanto a qualidade de crédito também mostra deterioração, mas menor que os pares. A carteira de crédito do Itaú registrou R$ 1,03 trilhão, avançando 0,5% t/t. O segmento Pessoas Físicas continua sendo o vetor de crescimento avançando 4,4% t/t com destaque para Cartão de Crédito (+4,4% t/t), Crédito Pessoal (+7,5% t/t), Imobiliário (+5,4% t/t) e Veículos (+4,3% t/t). Já o ramo Pessoas Jurídicas segue com fraco crescimento e avançou apenas 0,4% t/t, mas viu bom avanço nas linhas de veículos (+1,2% t/t) e Rural (+-24,5% t/t). A qualidade do crédito do banco mostrou sinais de deterioração, com o índice de inadimplência 90d total reportando um aumento de 10 bps e taxa de 2,6%, nível ainda abaixo do período pré-pandemia. Destacamos a inadimplência PJ, que continua em níveis baixos e controlados em 0,5%, sem alteração t/t. Já o segmento PF reportou avanço de 30 bps t/t para 4,1%. O nível de cobertura do banco acabou caindo levemente por conta da deterioração da qualidade do crédito no período e registrou 232% para o NPL 90d, com queda de 900 bps t/t, com a cobertura para o varejo caindo apenas 800 bps no período, registrando 210%.
Apesar da sazonalidade Serviços trouxeram números sólidos e Seguros segue recuperando. As receitas com serviços do banco reportaram saldo de R$ 9,8 bilhões, uma queda de 4,6% t/t, causada pela sazonalidade do primeiro trimestre em cartões que trazem menor TPV. Contudo, anualmente as receitas com serviços avançaram 7,2% a/a, com destaque para o ramo de Cartões de Crédito e Débito, que cresceram 18,6% a/a, vindo do maior faturamento com a retomada das atividades. As receitas com seguros totalizaram R$ 1,8 bilhões (+10,4% t/t e +24,1% a/a), refletindo na comparação anual, o aumento dos prêmios ganhos em 17,5% a/a e da margem financeira gerencial avançando 844% a/a com a maior remuneração dos ativos refletindo o aumento da taxa de juros.
Despesas controladas e eficiência em melhor patamar. O banco mostrou um bom controle dos custos no trimestre, registrando uma despesa não decorrente de juros de R$ 12,8 bilhões, uma queda de 8,5% t/t, refletindo a sazonalidade, que traz menores gastos no 1T e menores gastos com propaganda, serviços de terceiros e processamento de dados e telecomunicações. Destacamos que o banco vem crescendo o número de pessoal, que registrou 100,6 mil funcionários, avançando principalmente em cargos para Tecnologia e ZUP. A rede de atendimento (agências e PAs) mostrou uma redução de 120 pontos totalizando 4.214 unidades, com agências reduzindo em 192 unidades, registrando 2.834 unidades e agências digitais evoluindo em 92 unidades, totalizando 315 unidades. Por fim, o indicador de eficiência do Itaú reportou o menor índice histórico com taxa de 41,8%, queda de 120 bps t/t e 280 bps a/a.