Macroeconomia


Itaú Day 2022

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Matheus Amaral

Publicado 02/set

Buscando centralizar o cliente

O Itaú realizou seu evento com investidores e analistas no qual o foco da reunião foi mostrar a estratégia atual do banco de centralidade do cliente e suas ações que passam por três elementos fundamentais: i) obstinação pelo cliente; ii) organização rápida e moderna e iii) crescimento sustentável acima do mercado. Continuando a estratégia do Day do ano passado, que focou em mostrar a estratégia phygital, ivarejo e da implementação de uma cultura mais ágil e de transformação digital no banco, desde a chegada de Milton Maluhy na direção, vimos uma evolução da estratégia apresentada neste day que mostram que o banco tem saído de uma posição de defesa com a chegada das fintechs, que disruptaram o setor bancário, para um movimento inicial de ataque. Tivemos boas impressões neste Itaú Day, que voltado ao tema sobre a centralidade do cliente impactando toda a estratégia do banco, mostra que o Itaú está atento ao movimento competitivo e tentando fechar alguns gaps com os novos entrantes e buscando atender os clientes em produtos específicos no varejo que não oferecia, vide a agenda associativa recente, com a compra da Ideal, Avenue e o ramp up da plataforma de investimentos Íon.

Mensagem do CEO | A máquina de engajamento.

Milton Maluhy abriu o evento mencionando a mudança de cultura sendo feita no banco e trazendo alguns dados voltados aos clientes engajados, ou seja, que possuem a maior parte das suas transações financeiras com o banco e costumam ser mais satisfeitos, fiéis e mais rentáveis que os demais. Esses clientes hoje são 67% da base de 66 milhões de correntistas e trazem cerca de 3x mais crédito que um cliente desengajado com um NPS 1,5x maior e um churn 4x menor. Em termos de receitas, um cliente engajado pode trazer ao banco 10x mais faturamento e um crescimento de 1% dessa base traz cerca de R$ 1,2 bilhões ao ano em receita. Segundo Maluhy, o banco estruturou a “máquina de engajamento” que clusteriza a base de clientes, entende suas necessidades e define a melhor conversa no canal mais adequado e no timing que o cliente precisa, trazendo um nível de 87% de adequação das ofertas. Desta forma, o banco tem conseguido crescer mais com os clientes engajados do que pela base não-engajada, e foram 2 mm de novos clientes no 1S22. Maluhy também enfatizou que a agenda de M&A visa a incrementar o ecossistema do banco, como pudemos ver nas recentes aquisições como a Ideal e Avenue, que atuam em praças nas quais o banco não atuava.

Mensagem dos conselheiros.

Como de praxe, todo início do evento os conselheiros Pedro Moreira Salles e Roberto Setubal comentaram os resultados e feitos do banco desde a última reunião e como o cenário mudou de lá para cá, principalmente em um ambiente mais rigoroso nos mercados com o aumento das taxas de juros globalmente. Primeiramente em relação à cultura, o banco na gestão de Milton Maluhy, mostrou novos valores trazendo tópicos mais diretos, voltados ao cliente, trabalho em equipe, diversidade e resultados. Além disso, um comentário importante foi a transformação digital de sistemas legados para a nuvem, anunciado no ano passado que atingiria 50% do banco migrado para cloud até o final do ano estando atualmente em 30%. A mensagem é de que a mudança de cultura no banco e as melhorias em termos de clientecentrismo têm sido implementadas e vêm trazendo uma percepção de uma melhor capacidade para competir, mas que principalmente se deram após a simetria regulatória definida neste ano pelo Bacen para equalizar os níveis de capital aos novos entrantes.

Pessoa Física.

O Itaú destacou seis linhas de atuação para o crescimento em pessoas físicas: (i) crescer a base de clientes adequando o modelo de servir a cada público e oferecendo atendimento diferenciado aos públicos mais rentáveis; (ii) aprofundar o entendimento de cada perfil e adequar a oferta do produto com uso de dados comportamentais e financeiros; (iii) manter crescimento do crédito dos clientes com boas classificações, oferecendo também outros serviços como investimentos e seguros; (iv) intensificar a agenda phygital; (v) prosseguir com controle de custo de crédito e despesas administrativas e (v) valorização à relação de longo prazo com os clientes garantindo engajamento e fidelização com customização em massa utilizando todo o ecossistema do Itaú. O Itaú também reforçou que na agenda de crescimento, o Iti é um importante vetor que busca atender clientes hoje não tradicionalmente atendidos pelo banco. Hoje o Iti possui cerca de 18 milhões de clientes e experimentou um crescimento de 25% no ano e algumas novas funcionalidades como ferramenta de planejamento financeiro, maquininha para o pequeno empreendedor e meios de pagamento, e também lançou conta para menores de idade a partir e 14 anos. Nas iniciativas digitais do banco Itaú, a operação cresceu com a oferta de novos cartões com a retomada do consumo em grande parte pelos clientes de média e alta renda. A jornada no cliente no ambiente digital mostrou melhorias e trazendo 90% de digitalização das faturas.

Crédito Pessoa Física.

Na agenda de crédito direcionado às pessoas físicas, o Itaú mostrou bom resultado no crescimento do crédito garantido, o que beneficiou a qualidade de crédito do banco e gerou boa base para crescimento no crédito sem garantia o que resultou ao banco liderança no crédito imobiliário e consignado entre os bancos privados, além da liderança em cartões e a terceira posição em veículos, mercado que voltou a dar foco. O Itaú também mencionou a construção da plataforma única de crédito, ferramenta que visa otimizar a geração de crédito com a redução de 120 para 1 motor de decisão de crédito, de 7 para 1 ferramenta de gestão, de 106 para 0 robôs de decisão automática e de 50 para 1 pontos de inserção de novos dados para decisão do cliente.

Investimentos no varejo.

O banco tem buscado complementar seu ecossistema de investimentos, que resultou em uma redefinição da estrutura de distribuição, com lançamento dos especialistas Íon, expansão da presença na gestão de ativos com produtos de crédito e retorno absoluto, criação da plataforma Inteligência Financeira de comunicação e educação financeira, modernização da corretora e desenvolvimento do aplicativo Íon com assessoria e oferta de produtos, que até o final do ano deve ser disponível para clientes não-correntistas do banco e por fim, aquisição de plataformas como a Ideal e Avenue, que complementam a oferta de produtos de high frequence e investimentos internacionais.

Pessoa Jurídica.

No banco de investimentos, Itaú BBA segue orientado em crescer de maneira sustentável, visando atender todas as necessidades dos mais de 22 mil clientes, se consolidando e ampliando sua posição de liderança no segmento. A estratégia do BBA possui cinco principais alavancas, sendo elas: i) satisfação dos clientes; ii) manter a liderança no segmento; iii) atingir liderança no agronegócio entre os privados; iv) atingir liderança no middle market e v) em meios de pagamentos ter evolução contínua em Cash Management e transformar em uma plataforma moderna, modular e flexível. Alguns avanços do banco que foram citados envolvendo essas alavancas, e destacamos, foram a melhora no índice de NPS avançando para 78 pontos, mas ainda com trabalho a fazer e oportunidades a serem exploradas, como avanços na corretora, reforço do time de Research e novas aquisições como Ideal Corretora em high frequence traders e atuação em tokenização de recebíveis. O Agro ampliou de 28 para 36 plataformas e mais de 700 profissionais dedicados no segmento, refletindo no crescimento de 50% a/a da carteira agro do banco para R$ 71 bilhões. No middle market, o banco dobrou o número de funcionários sendo 60 dedicados para o segmento e tem atuado com duas mil empresas atingindo R$ 280 bilhões.

PMEs

O banco que colidera o segmento, tem experimentado bom crescimento de receita nos últimos anos de dois dígitos, com boa rentabilidade e qualidade de crédito em níveis controlados e melhor que os pares, além de um custo de crédito com boa evolução, vindo da gestão de portfólio e mix de carteira de porte dos clientes e mix de rede desenvolvida da carteira. O Itaú continua com perspectiva positiva e de expansão no segmento, com expectativa de crescimento de dois dígitos de LAIR no segmento, vindo de uma reformulação do modelo de negócio com uma proposta de valor para cada perfil de cliente dentro de uma nova segmentação entre os clientes PMEs e uma rede de atendimento ampla e com alcances regionais pelo país.

Latam.

A atuação do banco deve se manter nas regiões nas quais já possui atuação, buscando crescimento sustentável e eficiência nos mercados em operação, onde muitos passam por turbulências macroeconômicas, como Argentina, por exemplo. O banco pretende incrementar sua relevância e market share, modernizar produtos e expandir o crédito e depósitos. Entendemos que o banco acaba se limitando a uma maior expansão nos demais países, dado a relevância desses investimentos devido à assimetria tributária ao trazer os investimentos em seu balanço para o país, bem como seus impactos em exigência de capital. Ainda assim, o Itaú ampliou seu market share do varejo (i) no Paraguai, (ii) na Argentina, mesmo com desafios mantiverem sua participação naquele mercado suportando os clientes locais e administrando riscos, (iii) no Chile, onde o banco aumentou a sua participação no capital do Itaú Corpbanca reforçando seu compromisso de atuação nesse mercado.

ESG.

Em sua agenda de impacto positivo, o Itaú destacou suas ações em renegociações de crédito com condições diferenciadas para contribuir com clientes que passam por dificuldades financeiras. Iniciativas como o Cubo Itaú, que potencializa startups existentes ou novas soluções disruptivas e escaláveis de impacto, também é destaque. Na operação, duas linhas de atuação foram destacadas, que já haviam sido anunciadas no ano passado em seu relatório de sustentabilidade como (i) o direcionamento de R$ 400 bilhões para promover uma economia sustentável e mais inclusiva até 2025 em frentes como concessão de crédito em setores de impacto positivo na sociedade, estruturação de operações de mercado com selo ESG para os clientes como green bonds, social bonds e sustainability linked bonds, sendo já alcançados R$ 224 bilhões até o 2T22; e (ii) produtos ESG para o varejo como financiamento de carros elétricos, híbridos, painéis solares e microcrédito e crédito para mulheres empreendedoras. Além disso também destacaram o compromisso Net Zero Bank de zerar emissões até 2050.


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