Resiliente, mesmo com desaceleração
Irani reportou resultados em linha com o esperado, espelhando a menor demanda interna, mas com custos afetando menos que o projetado, contribuindo para margens levemente acima das nossas estimativas. O EBITDA reportado em R$ 136,568 mil, ficou 3,5% maior que nossas projeções e esperamos que mesmo com desaceleração do consumo no mercado interno, que deve incorrer em menores receitas anuais, a companhia consiga manter as margens estáveis para o ano em razão de menor efeito de custos de aparas e menor inflação projetada para o fim do ano.
Destacamos também que a estratégia de preço sobre volume tem funcionado e a companhia vem conseguindo manter as receitas estáveis trimestre a trimestre, mesmo com cenário mais desafiador de demanda, uma vez que os preços médios de seus produtos seguem avançando na comparação anual. Assim, mantemos nossa recomendação de Compra para RANI3, com TP YE22 em R$ 9/ação.
Resultados Consolidados vieram em linha com o esperado e margens resilientes. A receita da companhia somou R$ 407.944 mil, recuo de 1,5% t/t e expansão de 14,5% a/a (+1,5% R/E), impactada por (i) menores volumes vendidos, em virtude da conjuntura atual de mercado, mas compensada por (ii) preços realizados avançando na comparação anual (apesar da leve queda trimestral), conforme estratégia de valor sobre volume da empresa. Apesar dos impactos dos insumos em razão da alta das commodities nos mercados internacionais, estes foram compensados pela forte queda de 19% t/t e 41% a/a dos preços das aparas, principal insumo da empresa, que atua fortemente na reciclagem. Com isso, o CPV totalizou R$ 233.084 mil, 6,5% abaixo do projetado, 5,2% menor que o 4T21 e apenas 3,2% maior a/a. As despesas VG&A somaram R$ 44.938 mil, 4,7% acima das nossas projeções, porém 21,8% menor que o 4T21. Com isso, o EBITDA encerrou o trimestre em R$ 136.568 mil, 3,5% maior que nossas estimativas (+2,6% t/t e +36% a/a).
Embalagens Sustentáveis (P.O.). Os volumes vendidos no trimestre totalizaram 34,4 kton, recuando 6% t/t e 15% a/a, acima da queda observada no mercado, de 10%, conforme dados da Empapel, em mescla da dificuldade atual de conjuntura e da estratégia da companhia de direcionar mais volumes para o segmento de papel para embalagens. O preço médio ficou em R$ 7.798/t, 2,8% menor t/t e 24,2% acima a/a.
Papel para Embalagens e Florestal. Foram vendidos 31,8 kton de papéis para embalagens no trimestre, leve recuo de 1,7% ante o 4T21, e avanço de 2% sobre o 1T21. Com relação aos preços, papéis para embalagens rígidas recuou 7,8% no trimestre, ficando em R$ 4.603/t, enquanto os preços das flexíveis registraram R$ 5.879/t, +3,8% t/t. No trimestre, houve também efeito da parada para manutenção nas máquinas I e V, que reduziu a produção no período em 11% ante o 4T21. A produção de Breu e Terebentina somou 4.295 t, 32,8% maior t/t, com isso as vendas também avançaram e somaram 4.160 t, +28% t/t. O preço médio do Breu teve recuo de 1,2% no trimestre, assim como o de Terebentina que recuou de 4,2% no período.
Resultado Financeiro e Endividamento. A Irani apresentou resultado financeiro negativo de R$ 16,4 mm, proveniente de receitas de R$ 19,8 mm, despesas de R$ 36,2 mm. A Dívida Bruta somou R$ 887,1 mm e a Dívida Líquida ficou em R$ 477,9 mm, levando a alavancagem, medida pela Dívida Líquida sobre o EBITDA, a 0,9x ante 0,78x no 4T21. O custo médio da dívida da companhia ficou em 12,1%. O lucro líquido, por sua vez, foi reportado em R$ 112 mm versus R$ 63 mm no 4T21. O Fluxo de Caixa Livre fechou em R$ 37,3 mm, excluindo os investimentos feitos na Plataforma Gaia.