Macroeconomia


Inter Setores: Siderurgia & Mineração – Jan/23

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Gabriela Joubert

Publicado 11/jan

China balança mercados no fim do ano

A indústria de siderurgia e mineração seguiu afetada pelas dinâmicas do processo de reabertura na China e dos impactos deste na retomada do crescimento econômico do país. As ações do setor fecharam com desempenhos mistos, com destaque positivo para as mineradoras Vale e CSN Mineração que subiram 3,7% e 5,5%, respectivamente, enquanto as siderúrgicas tiveram queda, seguindo o desempenho negativo do Ibovespa no mês.

Janeiro inicia em ritmo ainda forte com mercados animados com a China, apesar de dados de atividade ainda mostrarem contração no país, como o caso do PMI de dezembro que mostrou recuo frente a novembro, ficando em 47 pontos. Os preços referência de produtos de aço nos mercados internacionais tiveram importante avanço no fim do ano e abriram oportunidades para as siderúrgicas locais anunciarem aumentos de preços para o mercado interno, movimento liderado pela CSN, que elevou preços de seus produtos em 10% a partir do início deste mês, seguido por demais players da indústria. Assim, o ano inicia com demanda ainda resiliente no mercado interno e preços em rota de recuperação, ao mesmo tempo que os custos seguem arrefecendo, podendo impulsionar margens operacionais ao longo dos trimestres. Para as mineradoras, os preços mais elevados contribuem para receitas maiores, porém mantemos a cautela quanto a sustentabilidade destes preços frente à demanda siderúrgica chinesa, ainda em meio fio, em razão da crise que segue no setor imobiliário.

O produto padrão de minério de ferro (MF62) seguiu refletindo o bom-humor com o processo de reabertura na China e encerrou dezembro em cerca de US$ 118/t, avanço de 16% ante o mês anterior. A diferença entre o produto padrão MF62 e os produtos de maior qualidade, como o MF65, caiu para média de US$ 10/t. Já os estoques nos portos chineses recuaram para 121,4 Mt, conforme demanda avança antes do Ano Novo Chinês agora em janeiro. Com a retomada da China, os preços de petróleo tiveram importante avanço nos mercados internacionais o que acabou influenciando os valores dos fretes internacionais. Assim, o frete de Tubarão – Qingdao subiu para US$ 22,3/t no mês versus US$ 19/t em novembro. Para os metais básicos, vimos alta expressiva dos preços de níquel, que subiram 15% m/m, também influenciados pela China. Já para os produtos de aços, as principais referências internacionais voltaram a subir, com destaque para a sucata tanto nos Estados Unidos quanto aqui no Brasil, em alta de mais de 10%. Na China, bobinas a quente e a frio também subiram 9% em média, enquanto o vergalhão turco ficou mais comportado, mas também avançando 2,3% m/m.

Em novembro, no último dado disponibilizado pela WSA, a produção siderúrgica chinesa totalizou 74,5 Mt, queda de 6,6% m/m, mas avanço de 7,5% ante o mesmo mês de 2021. O patamar está aquém dos 90 Mt médio da indústria, o que nos faz questionar o real apetite do mercado de aço no país. Também em novembro, as vendas e produção de veículos recuaram tanto na comparação mensal quanto na anual. Contrariamente ao que se esperava, a desorganização no processo de reabertura da economia chinesa elevou os números de casos de covid, aumentando também as ausências nos locais de trabalho e, assim, o PMI Manufatura surpreendeu negativamente em dezembro, caindo para 47 pontos versus 48 pts, em novembro.

No mercado interno, de acordo com o IABR, a produção nacional de aço bruto somou 2.622 kton em novembro (último dado disponível), queda de 9,3% m/m e 15% no a/a, refletindo efeitos da Copa do Mundo também. No acumulado do ano, o montante produzido é 5,5% menor que o do ano passado, mas ainda forte, considerando que em 2021 a indústria passou por processo de recomposição de seus estoques. As vendas no mercado interno retraíram 3,1% no mês, com longos se mantendo estáveis. Na comparação anual, vemos recuperação mensal no volume vendido de planos, que subiu 10%. O consumo aparente somou 1.924 kton, queda de 5% ante outubro e 3,1% ante novembro de 2021.

CSN | CSN Mineração Day: Nasce uma holding

Revisitamos nossos modelos de CSN e CSN Mineração a fim de incorporar os últimos dados reportados e as novas projeções esperadas para 2023 e para frente, conforme explicitado no último CSN/CMIN Day. Com o reportado quanto às revisões dos projetos de expansão da CSN Mineração e considerando o cenário mais desafiador para toda a indústria em 2023, tanto no exterior com as incertezas advindas da China, em especial com os efeitos da crise do setor imobiliário na produção siderúrgica e demanda por minério de ferro, no cenário doméstico, em meio às discussões sobre arcabouço fiscal, inflação e política monetária, revisamos nossos modelos e, ajustadas as premissas, reportamos novos preços-alvos para ambas as companhias. Sendo assim, esperamos agora um preço-alvo ao final de 2023 para CSNA3 em R$ 20/ação e para CMIN3 em R$ 6/ação, enquanto mantemos a recomendação de Compra para ambos os papéis. (leia o relatório na íntegra aqui)

O produto padrão de minério de ferro (MF62) seguiu refletindo o bom-humor com o processo de reabertura na China e encerrou dezembro em cerca de US$ 118/t, avanço de 16% ante o mês anterior.
A diferença entre o produto padrão MF62 e os produtos de maior qualidade, como o MF65, caiu para média de US$ 10/t.
Já os estoques nos portos chineses recuaram para 121,4 Mt, conforme demanda avança antes do Ano Novo Chinês agora em janeiro.
As exportações brasileiras da commodity avançaram 4,1% ante novembro de 2021 e 12% quando comparadas a outubro de 2022.
A produção siderúrgica chinesa totalizou 74,5 Mt, queda de 6,6% m/m, mas avanço de 7,5% ante o mesmo mês de 2021. O patamar está aquém dos 90 Mt médio da indústria, o que nos faz questionar o real apetite do mercado de aço no país.
O frete de Tubarão – Qingdao subiu para US$ 22,3/t no mês versus US$ 19/t em novembro.

Para os metais básicos, vimos alta expressiva dos preços de níquel, que subiram 15% m/m, também influenciados por China.

Já para os produtos de aços, as principais referências internacionais voltaram a subir, com destaque para a sucata tanto nos Estados Unidos quanto aqui no Brasil, em alta de mais de 10%. Na China, bobinas a quente e a frio também subiram 9% em média, enquanto o vergalhão turco ficou mais comportado, mas também avançando 2,3% m/m.


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