Mercado interno recupera, enquanto externo patina
Seguindo o movimento dos últimos meses, as commodities metálicas refletiram um cenário global de desaceleração e, em partes, de arrefecimento da pressão na cadeia de suprimentos, que contribuiu para nova correção nos preços nos mercados internacionais. Na China, a situação segue desafiadora com a crise corrente no setor imobiliário, bem como novos surtos de covid que forçaram lockdowns em algumas cidades do país, mais uma vez. Além disso, uma forte onda de calor levou a racionamento de energia para alguns setores da economia visando a garantir o abastecimento de água para as colheitas, impactando ainda mais a capacidade produtiva do país. Assim, o próprio governo já dá sinais de que talvez não cumpra com sua meta de crescimento de PIB em 5,5% para este ano e especialistas veem agora uma economia em dificuldades para avançar até mesmo 4% a/a. Localmente, o mercado interno brasileiro segue recuperando e o otimismo tem ganhado força nos diversos setores da cadeia do aço. No mês, tivemos o Congresso Brasileiro do Aço 2022 e vimos uma indústria mais animada com uma demanda que retoma e custos que tendem a arrefecer conforme preços de commodities e inflação dão uma trégua, apesar dos ainda altos preços de commodities energéticas (leia o relatório sobre o evento aqui).
O produto padrão de minério de ferro (MF62) ficou em média de US$ 98/t, fechando agosto próximo a US$ 100/t, após novos estímulos anunciados pelo governo chinês ao setor imobiliário. Mesmo assim, na média, a commodity o16% abaixo dos preços observados em julho. Os prêmios pagos aos produtos de maior qualidade, como o MF65, mantiveram-se em patamar elevado, mas viram diminuir a diferença, ficando em cerca de US$ 14/t em agosto ante US$ 21/t em julho. Em relação aos estoques nos portos chineses, estes se mantiveram em 124 Mt, em linha com a média de 2021, de 125 Mt. O frete marítimo teve mais um mês de queda, cedendo 28%, e ficando em US$ 18,8/t, espelhando a queda dos preços do petróleo no período, bem como melhora da cadeia logística no mercado transoceânico, devendo contribuir para menor pressão de custos logísticos no 3T22 para as companhias. Os preços dos metais básicos tiveram nova correção, apesar de que em menor nível, com cobre e níquel recuando 1,2% e 3,2%, respectivamente.
Em junho, no último dado disponibilizado pela WSA, a produção siderúrgica chinesa teve forte queda de 10,3% m/m para 81,4 Mt, enquanto a produção mundial de aço recuou 5,6% m/m. O consumo aparente chinês, contudo, avançou 0,8% m/m em agosto, para 76,1 Mt, após cair 10,1% em julho. Os estoques de produtos de aço na China recuaram mais uma vez, ficando em 12,8 Mt, em linha com a média dos últimos cinco anos, de 13 Mt. As vendas e produção de veículos no país cresceram 30% a/a, conforme a crise mundial de semicondutores enfraquece, mas também motivadas pelo avanço das vendas de carros elétricos. O PMI Manufatura e o PMI Caixin tiveram nova queda no mês, ficando ambos abaixo de 50 pts, indicando contração, em 49,4 e 49,5 pts, respectivamente.
No mercado interno, a produção nacional de aço bruto somou 2.823 kton em julho (último dado disponível), de acordo com o IABR, queda de 3,5% m/m e 6,1% menor que o mesmo mês de 2021. Mas a produção de longos cresceu 12% m/m, enquanto planos subiu 7,8% no mesmo período. As vendas no mercado interno caíram (-4,3% m/m), com longos contrapondo e avançando 2,1% m/m. O Consumo Aparente somou 1,9 Mt, em linha m/m, mas retraindo 19% a/a, refletindo a normalização da cadeia após o processo de reestocagem observado em 2021. No segmento automotivo, com a normalização da crise global de semicondutores, a produção de veículos segue retomando, e com velocidade, e totalizou 237.961 unidades, avanço de 8,7% m/m, e alta de 44% a/a. Os preços dos produtos de aço continuaram o movimento de correção do mês anterior, voltando aos patamares de 2018.
Os preços dos metais básicos tiveram nova correção, apesar de que em menor nível, com cobre e níquel recuando 1,2% e 3,2%, respectivamente.
Os preços dos produtos de aço continuaram o movimento de correção do mês anterior, voltando aos patamares de 2018.