Macroeconomia


Inter Setores | Siderurgia e Mineração - Out/22

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Gabriela Joubert

Publicado 11/out5 min de leitura

China volta a assustar e empresas preparam para divulgação de resultados

Setembro foi um mês misto para as companhias de Siderurgia e Mineração, com dados setoriais apontando para diferentes direções, o que se refletiu no desempenho das ações do setor no período. Seguimos vendo desafios no cenário externo, em especial quanto aos efeitos da desaceleração global na demanda por commodities, principalmente na China, que segue lidando com os impactos da política zero covid implementada pelo seu governo e que vem provocando choques na produção do país, bem como na cadeia de suprimentos global. O mês também antecipou a Golden Week de celebração do China National Day, feriado que durou toda a primeira semana de outubro. Contudo, apesar da esperada volta da demanda após o feriado prolongado, o número de novos casos de covid no país também voltou a subir, elevando os receios quanto a novos lockdowns que possam seguir impactando os níveis de atividade. Internamente, as empresas do setor se preparam para a temporada de resultados do 3T22.

O produto padrão de minério de ferro (MF62) ficou em média de US$ 100/t, levemente acima do mês anterior, refletindo uma recuperação da demanda no mês, mas já recua em outubro, após receios de possíveis novos fechamentos por conta de novos surtos de covid na China. A diferença entre o produto padrão MF62 e os produtos de maior qualidade, como o MF65 segue diminuindo e este mês ficou em média de US$ 11/t ante US$ 14/t em agosto. Quanto aos estoques nos portos chineses, vimos importante queda, para 117 Mt, com problemas de abastecimento global, em especial com as produtoras australianas, que mais que compensou o avanço de 9% tanto m/m quanto a/a das exportações brasileiras da commodity. A alta do petróleo voltou a pesar no frete marítimo que reverteu a tendência de queda do mês anterior e avançou 31% m/m, ficando em média de US$ 24,7/t. Apesar do cenário de desaceleração global pressionando negativamente as commodities, os preços de metais básicos avançaram no mês, com níquel subindo 4,8% m/m e cobre, +9,3% ante agosto. Contudo, os preços dos produtos referência de aço mantiveram a tendência de queda, recuando em praticamente todos os mercados, exceto pelo vergalhão turco, que avançou 5% no período.

Em agosto, no último dado disponibilizado pela WSA, a produção siderúrgica chinesa totalizou 83,9 Mt, alta de 3% m/m e estável ante o mesmo mês de 2021, porém abaixo dos 90 Mt médio da indústria. Mesmo assim, o consumo aparente chinês avançou 4,1% m/m em agosto, para 78,6 Mt. As vendas e produção de veículos no país seguem com forte avanço, crescendo mais de 30% ante 2021, com destaque para veículos elétricos, com a China já se tornando um dos maiores consumidores de EVs no mundo. Apesar dos desafios, no mês alguns dados de atividade na China mostraram leve recuperação, como as Vendas ao Varejo, que avançaram 5,4% ante o mês anterior, e a Produção Industrial, que cresceu 4,2%, retomando o ritmo de alta. Por fim, o PMI Manufatura voltou ao patamar de 50,1 pts, indicando expansão, mas o PMI Caixin seguiu abaixo, em 48,1 pts em setembro.

No mercado interno, a produção nacional de aço bruto somou 2.841 kton em agosto (último dado disponível), de acordo com o IABR, estável m/m e 9,8% menor que o mesmo mês de 2021. No acumulado do ano, o montante produzido é 4,3% menor que o do ano passado, enquanto as vendas no mercado interno tiveram alta de 3,6% ante julho, apesar do recuo de 11% a/a. O Consumo Aparente somou 2,1 Mt, com importante avanço no período (+8,4% m/m), mas retraindo 11,8% a/a, em reflexo ao processo de normalização da cadeia após reestocagem em 2021. No segmento automotivo, dados da Anfavea mostraram recuo em todas as linhas em setembro na comparação mensal. A produção e as vendas retraíram 12,7% e 7% m/m, respectivamente, mas sobem 19% e 25% a/a.

Comentário sobre Cosan e Vale: na última semana, a Cosan (CSAN3), empresa brasileira de açúcar e etanol, anunciou ter adquirido cerca de 6,5% da Vale (VALE3) em uma operação complexa que inclui compra no mercado à vista, com financiamento de R$ 8 bi via empréstimos bancários com garantias, e o restante em derivativos, com o intuito de adicionar valor aos seus acionistas ao incluir em seu portfólio de investimentos uma das maiores mineradoras do mundo. Em nossa opinião, a transação traz mais revezes que oportunidades se objetiva apenas a valorização dos papéis e geração de caixa futuro da Vale. Com o cenário mais desafiador para a economia chinesa e, consequentemente, as projeções de menor demanda por minério de ferro, em especial por conta da crise enfrentada pelo setor imobiliário no país, vemos que o pico de geração de caixa da companhia já aconteceu, em 2021. Além disso, apesar de acreditarmos no potencial da operação de Metais Básicos da companhia com o futuro dos carros elétricos e a demanda por baterias, conforme falamos em nosso relatório após a visita à sua operação (leia aqui), a companhia precisa lidar antes com os desafios internos de sua própria operação, além dos desafios de desenvolvimento de novas tecnologias e uma demanda que pode tardar a chegar.

O produto padrão de minério de ferro (MF62) ficou em média de US$ 100/t, levemente acima do mês anterior, refletindo uma recuperação da demanda no mês, mas já recua em outubro, após receios de possíveis novos fechamentos por conta de novos surtos de covid na China.
O Brasil exportou 36,3 Mt de minério de ferro em setembro, avanço de 8,9% m/m e 8,8% a/a, ficando acima da média de 2022, de 27,4Mt, que foi prejudicada pelas chuvas do 1T.
A diferença entre o produto padrão MF62 e os produtos de maior qualidade, como o MF65 segue diminuindo e este mês ficou em média de US$ 11/t ante US$ 14/t em agosto.
A produção siderúrgica chinesa totalizou 83,9 Mt, alta de 3% m/m e estável ante o mesmo mês de 2021, porém abaixo dos 90 Mt médio da indústria.
Quanto aos estoques nos portos chineses, vimos importante queda, para 117 Mt, com problemas de abastecimento global, em especial com as produtoras australianas, que mais que compensou o avanço de 9% tanto m/m quanto a/a das exportações brasileiras da commodity.
A alta do petróleo voltou a pesar no frete marítimo que reverteu a tendência de queda do mês anterior e avançou 31% m/m, ficando em média de US$ 24,7/t.

Apesar do cenário de desaceleração global pressionando negativamente as commodities, os preços de metais básicos avançaram no mês, com níquel subindo 4,8% m/m e cobre, +9,3% ante agosto.

Contudo, os preços dos produtos referência de aço mantiveram a tendência de queda, recuando em praticamente todos os mercados, exceto pelo vergalhão turco, que avançou 5% no período.

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