Setor recupera no mês, mas dados não são animadores
Ao longo de maio, notícias de arrefecimento das políticas de restrições anti- covid na China animaram os mercados, fazendo com que as empresas no setor de Siderurgia e Mineração recuperassem parte das perdas observadas desde o início dos lockdowns no país. Dados reportados na segunda maior economia do mundo mostraram tendência de recuperação, quando observamos o período de fechamentos, mas ainda abaixo do potencial e do esperado pelo mercado, elevando o receio quanto a um hard landing na economia do país. Esta semana, novos casos de covid reacenderam alerta na região e no mundo, que deve acostumar- se com o possível novo normal de idas e vindas de lockdowns, afetando a cadeia de suprimentos global. Ao mesmo tempo, em termos de mercado, as bolsas na China tiveram sua melhor semana em 16 meses, impulsionadas pela volta do capital estrangeiro ao país. Localmente, a indústria siderúrgica ainda passa por momentos difíceis com anúncios de redução de impostos nas importações de alguns produtos, aumentando a concorrência interna. Ao mesmo tempo, os preços dos aços sofrem correção nos mercados globais, o que deve limitar novos anúncios e implementação de aumentos de preços, o que, juntamente com uma demanda menos aquecida e custos ainda em patamares elevados, pode pressionar o desempenho das companhias no curto prazo.
O produto padrão de minério de ferro (MF62) ficou em média de US$ 131/t, fechou maio em US$ 138/t, ficando 4,2% abaixo dos preços observados em abril. Mesmo com as quedas, os prêmios pagos aos produtos de maior qualidade, como o MF65, mantiveram-se em patamar elevado, em cerca de US$ 26/t. As importações chinesas da commodity tiveram forte avanço de 7,5% m/m, ficando em 92,5 mt., refletindo a reabertura dos portos e dos mercados na região. Em relação aos estoques nos portos chineses, vimos recuo novamente, ficando em 119,4 Mt, e abaixo da média de 2021, de 125 Mt. O frete marítimo teve forte avanço no último mês, ficando em US$ 31,7/t, próximo ao pico de US$ 38/t em set/21, em reflexo aos choques de preços do brent. Os preços de metais básicos, como níquel e cobre, mantiveram a tendência de queda observada no mês anterior.
Em abril, no último dado disponibilizado pela WSA, a produção siderúrgica chinesa somou 92,8 Mt, forte recuperação de 5,1% ante março, embora 5,2% menor que em 2021. O consumo aparente teve recuo de 3,3% no mês, totalizando 85,8 Mt. Em abril, dados de exportação de aço chinesa mostraram importante avanço de 56% m/m, registrando 7,8 Mt, podendo indicar desaceleração na indústria siderúrgica no país. Os estoques de produtos de aço, por sua vez, contraíram 4,9%, ficando em 16,3 Mt. Como efeito dos lockdowns, a produção e venda de veículos no país foram fortemente afetadas, recuando 47,1% e 46,2% ante o mês imediatamente anterior. Outra surpresa negativa no mês, tanto o PMI quanto o PMI Caixin seguiram abaixo dos 50 pts, o que indica retração. A Produção industrial chinesa também recuou, 2,9% m/m, enquanto a falta de mobilidade fez com que as vendas ao varejo cedessem 11% em abril.
No mercado interno, a produção nacional de aço bruto somou 2.923 kton em abril (último dado disponível), de acordo com o IABR, estável m/m, mas em queda de 4,9% a/a. Contrariamente ao visto no mês anterior, o destaque negativo ficou por conta da produção de longos que recuou 8% no período. Com relação às vendas no mercado interno, a situação foi de piora: vimos recuo de 3,9% ante março e queda de quase 10% a/a. No acumulado de 2022, as vendas no mercado interno já apresentam contração de 17% ante o mesmo período de 2021. O Consumo Aparente somou 1.986 kton em abril (-4,5% m/m) e 11% menor que abril de 2021. Os dados da Anfavea, contudo, mostraram expansão da produção de veículos de 28% m/m, totalizando 164.228 unidades, com destaque para o avanço de 29% na produção de veículos leves.