Setor recupera no mês, mas dados não são animadores
Apesar da retomada de fôlego observada na China por conta da reabertura da economia, após longo período de lockdown, o que fez com que os índices asiáticos performassem acima de seus pares internacionais, as ações do setor de Siderurgia & Mineração não seguiram o mesmo desempenho e fecharam o mês de junho pressionadas pelo pessimismo que tomou conta dos mercados globais, conforme o bear market se confirmava nos Estados Unidos. Além disso, a queda dos preços de algumas commodities, incluindo as metálicas, pesou negativamente e o IMAT, índice que engloba as companhias do setor na bolsa, encerrou o mês em queda de mais de 15% e com desempenho pior que o IBOV, que recuou 11% no mesmo período. As incertezas diante de uma provável desaceleração econômica em nível global, em especial com um possível hard landing na China, têm colocado um sinal de alerta no setor, em especial às mineradoras. Contudo, com as pressões de custos, temos vistos ainda boa capacidade de repasse de preços para os produtos de aço na siderurgia, apesar do cenário mais desafiador à frente quanto à demanda e a contínua pressão de custos. A temporada de balanços do 2T22 inicia-se no final deste mês e esperamos um trimestre bastante similar ao 1T22 em termos de margens, com volumes menores compensados por maiores preços e custos ainda pressionando.
O produto padrão de minério de ferro (MF62) ficou em média de US$ 131/t, fechando junho em US$ 122/t, 12% abaixo dos preços observados em maio. Os prêmios pagos aos produtos de maior qualidade, como o MF65, mantiveram-se em patamar elevado, com leve redução para cerca de US$ 24/t. Em relação aos estoques nos portos chineses, com a reabertura e flexibilização das restrições logísticas, vimos novo recuo somando 113 Mt, e ainda abaixo da média de 2021, de 125 Mt. Apesar da queda de 6% m/m, o frete marítimo seguiu em nível desafiador, em US$ 29,9/t, devendo manter a pressão na cadeia. Mesmo com a reabertura na China, os preços de metais básicos tiveram forte queda no mês, com níquel recuando mais de 20% no período e cobre, 13% m/m..
Em maio, no último dado disponibilizado pela WSA, a produção siderúrgica chinesa somou 96,6 Mt, forte recuperação de 4,1% ante abril, (-3% a/a) e de volta ao patamar de 90kton (caminhando para 1 btpa). O consumo aparente também avançou, 1,1% m/m, totalizando 89,7 Mt. Os estoques de produtos de aço na China avançaram 1% m/m em junho, ficando em 16,5 Mt, bem acima da média dos últimos cinco anos, de 13 Mt. A produção e venda de veículos no país recuperaram-se da contração de abril e em maio subiram 59,8% e 57,7% ante o mês imediatamente anterior, respectivamente. Com a volta à normalidade, mesmo que parcial, tanto o PMI quanto o PMI Caixin retomaram patamar acima dos 50 pts, ficando em 50,2 pts e 51,7 pts, respectivamente.
No mercado interno, a produção nacional de aço bruto somou 2.972 kton em maio (último dado disponível), de acordo com o IABR, leve alta de 1,7% m/m, mas em queda de 6% a/a, com planos recuando 5,2% m/m (-23% a/a) e longos expandindo 4,8% m/m (apesar da queda de 11% a/a). Com relação às vendas no mercado interno, vimos crescimento de 3,5% m/m, com ambos, planos e longos, avançando. No acumulado de 2022, as vendas no mercado interno diminuíram o gap, mas seguem 13% abaixo do acumulado de 2021. O Consumo Aparente recuperou e totalizou 2.100 kton em maio (=5,8% m/m e -16% a/a). No segmento automotivo, a produção de veículos totalizou 203.598 unidades, recuo de 1,1% m/m, mas avançando 21,5% a/a.