Macroeconomia


Inter Setores | Siderurgia e Mineração - Ago/22

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Gabriela Joubert

Publicado 10/ago5 min de leitura

Commodities metálicas em baixa

Os preços das commodities metálicas mantiveram a tendência de queda em julho, espelhando um cenário de desaceleração global mais aguda, mas principalmente em reflexo à dificuldade das autoridades chinesas em retomar o crescimento e manter a meta de 5,5% do PIB para este ano em meio a novos surtos de covid e a persistente crise no setor imobiliário, importante segmento de demanda de metais. Somam-se a isso as incertezas quanto aos próximos passos do banco central norte-americano sobre seu aperto monetário e dados de inflação no país e no restante do mundo. Contudo, para o mercado interno, apesar da expectativa de acomodação da demanda em alguns setores para o 2S22, com base no que foi observado ao longo da temporada do 2T22, poderemos ver as margens das companhias ainda em patamares estáveis nos próximos trimestres, resultante de um possível arrefecimento de custos de insumo, especialmente combustível, e inflação, bem como um patamar definido de juros, com o provável fim do ciclo anunciado pelo Copom – apesar de entendermos que a maioria das empresas do setor já conta com nível saudável de alavancagem.

O produto padrão de minério de ferro (MF62) ficou em média de US$ 108/t, fechando julho em cerca de US$ 120/t, 4% abaixo dos preços observados em junho. Os prêmios pagos aos produtos de maior qualidade, como o MF65, mantiveram-se em patamar elevado, porém arrefecendo para cerca de US$ 21/t. Em relação aos estoques nos portos chineses, vimos avanço para 124 Mt, agora ficando em linha com a média de 2021, de 125 Mt. O frete marítimo teve mais um mês de queda, cedendo 13%, e ficando em US$ 26/t, resultado da queda dos preços do petróleo nos mercados internacionais e podendo contribuir para maior alívio nos custos das companhias, mantida a tendência. Já os preços de metais básicos seguiram corrigindo, como todas as commodities metálicas. Os preços do cobre e do níquel tiveram queda de 5,5% e 4,4%, respectivamente, normalizando-se após o choque em março, com a eclosão da guerra na Ucrânia.

Em junho, no último dado disponibilizado pela WSA, a produção siderúrgica chinesa somou 90,7 Mt, uma queda de 6,1% m/m, enquanto a produção mundial de aço recuou 6,7% m/m e 5,9% no acumulado do ano. O consumo aparente chinês avançou 1,1% m/m em julho, após cair 6,1% em junho, totalizando 84,8 Mt. Os estoques de produtos de aço na China retraíram 12% m/m em julho, ficando em 14,5 Mt, mas ainda acima da média dos últimos cinco anos, de 13 Mt. As vendas de veículos no país surpreenderam mais uma vez e cresceram 24%, motivadas pelo avanço das vendas de carros elétricos, tornando a China um dos principais mercados consumidores de VEs no mundo. Do lado negativo, o PMI Manufatura e o PMI Caixin no país tiveram novo revés, caindo para 49 pts e 50,4 pts, respectivamente.

No mercado interno, a produção nacional de aço bruto somou 2.902 kton em junho (último dado disponível), de acordo com o IABR, queda de 2,3% m/m e 7% menor que o mesmo mês de 2021, com a produção de longos recuando 6,8% m/m. As vendas no mercado interno também caíram (-2,3% m/m), com longos pesando mais, em recuo de 5,2% ante maio. O Consumo Aparente somou 1,9 Mt, queda de 5,8% m/m e 16% a/a, refletindo a normalização da cadeia após o processo de reestocagem observado em 2021. No segmento automotivo, a produção de veículos segue recuperando com suavização dos efeitos da crise global de semicondutores e totalizou 218.950 unidades, avanço de 7,5% m/m, e alta de 33% a/a. Quanto aos preços do aço, seguindo o movimento das commodities metálicas, os preços dos produtos siderúrgicos também tiveram nova queda. O Índice do aço norte-americano (US Steel) teve recuo de 8,6% m/m, enquanto a sucata tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil recuou cerca de 10% ante junho.

Temporada de Balanços do 2T22

Vale (VALE3) - Receitas em linha, mas EBITDA fica aquém

Apesar de ter trazido receitas levemente abaixo das nossas expectativas, refletindo a recuperação dos volumes, porém afetada por preços de commodities menores na base trimestral, os custos pesaram mais e o EBITDA sofreu, ficando abaixo do esperado. Não só o efeito da queda das commodities impactou os resultados, mas também o sistema de ajuste de preços com maior presença de preços provisórios. Além disso, a menor participação de produtos premium nas vendas nos faz questionar as recentes informações apresentadas no relatório de produção quanto às dificuldades observadas no Sistema Norte e o impacto disso na qualidade geral do portfólio, apesar da companhia afirmar se tratar de movimento estratégico no trimestre. Com os resultados caminhando para patamares normalizados e as incertezas já mencionadas quanto à demanda futura na China em razão do cenário mais desafiador no mercado imobiliário no país, bem como projeções de desaceleração econômica mais acentuada para este ano, mantemos nossa recomendação Neutra, com preço-alvo YE22 para VALE3 em R$ 83/ação e VALE US em US$ 17/ADR. (leia aqui o relatório completo)

Gerdau (GGBR4) - Positivo. Diversificação importa, sim.

A Gerdau trouxe mais um trimestre de resultados fortes, apesar dos desafios de custos e inflação que pressionam margens no geral. A diversificação de seus negócios segue como seu principal trunfo enquanto vemos a ON Brasil reportando resultados resilientes e ON América do Norte com margem EBITDA em impressionantes 33% – especialmente quando comparamos com um passado recente de margens low single digit – e, com isso, a companhia reporta o melhor EBITDA semestral da sua história. Embora vejamos desafios aumentando no cenário externo, com receios de recessão nos Estados Unidos, entendemos que os resultados da companhia devem seguir saudáveis, amparados no mercado interno ainda positivo e a recuperação que temos observado nas operações de Aços Especiais com amenização da crise de semicomponentes nos mercados internacionais. Segue como nossa favorita no setor e reiteramos nossa recomendação de compra para GGBR4, com TP YE22 em R$ 35/ação (leia aqui o relatório completo).

Usiminas (USIM5) - Em linha: com receitas avançando e compensando custos elevados

Os resultados trimestrais da Usiminas vieram em linha com nossas estimativas, reportando receitas crescentes mas ainda impactada por custos elevados - especialmente pelos problemas nas coquerias - que limitaram os avanços das margens apesar da forte recuperação diante do 1T22, que foi fortemente afetado pelos números aquém da Musa. No geral, vemos um cenário desafiador para custos no 2S22, de fato, em razão dos correntes infortúnios nas coquerias que devem perdurar até 2S23. Contudo, acreditamos que as receitas possam seguir em patamares elevados, especialmente com o avanço de preços que vimos até o momento, amenizando as pressões de custos nas margens, que podem inclusive ser beneficiadas por menores preços de outros insumos e menor pressão de inflação no restante do ano. Assim, mantemos o preço-alvo da companhia para o fim de 2022 em R$ 17/ação e a recomendação de Compra para o papel (leia aqui o relatório completo).

O produto padrão de minério de ferro (MF62) ficou em média de US$ 108/t, fechando julho em cerca de US$ 120/t, 4% abaixo dos preços observados em junho.
As exportações brasileiras de minério de ferro em julho ficando levemente abaixo m/m totalizando 31,9 Mt.
Os prêmios pagos aos produtos de maior qualidade, como o MF65, mantiveram-se em patamar elevado, porém arrefecendo para cerca de US$ 21/t.
A produção siderúrgica chinesa somou 90,7 Mt, uma queda de 6,1% m/m, enquanto a produção mundial de aço recuou 6,7% m/m e 5,9% no acumulado do ano.
Os estoques nos portos chineses avançaram para 124 Mt, agora ficando em linha com a média de 2021, de 125 Mt.
O frete marítimo teve mais um mês de queda, cedendo 13%, e ficando em US$ 26/t, resultado da queda dos preços do petróleo nos mercados internacionais e podendo contribuir para maior alívio nos custos das companhias, mantida a tendência.

Já os preços de metais básicos seguiram corrigindo, como todas as commodities metálicas. Os preços do cobre e do níquel tiveram queda de 5,5% e 4,4%, respectivamente, normalizando após o choque em março, com a eclosão da guerra na Ucrânia.

Quanto aos preços do aço, seguido o movimento das commodities metálicas, os preços dos produtos siderúrgicos também tiveram queda, mais uma vez. O Índice do aço norte-americano (US Steel) teve recuo de 8,6% m/m, enquanto a sucata tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil recuou cerca de 10% ante junho.

Fonte: Anfavea - Não disponível até a divulgação deste relatório

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