Temporada marcada pela sinistralidade
Após os resultados das seguradoras no trimestre, nossa visão geral foi de um tom misto para o setor. Destacamos que as seguradoras passam por um momento de forte desempenho comercial com a evolução do faturamento - só no 2T22 o setor faturou R$ 84 bilhões (seguros, acumulação e capitalização), avançando 17,2% contra o 2T21, e apenas o segmento de seguros cresceu 22,8% a/a em faturamento, refletindo reajustes na precificação das apólices em linha com a alta da inflação e do aumento dos riscos, principalmente nos setores automotivo e rural, que enfrentam maiores elevações de custos com sinistros.
A sinistralidade, que registrou 50% no 2T22 (piora de 1 p.p. a/a e melhora de 9 p.p. t/t), continua pressionando o setor, desta vez, não mais pelo ramo pessoal, que já vê um controle nos sinistros com o controle de óbitos por covid-19 após a vacina, mas sentindo efeitos da inflação no segmento de veículos e com o segmento rural ainda com efeitos de safras de 2021 e impactando os sinistros no 1S22. O segmento automotivo continuou pressionado e reportou taxa de 74% no 2T22 (piora de 18 p.p. a/a e melhora de 1 p.p. t/t). Já o segmento rural registrou uma sinistralidade de 84%, piora de 5 p.p. a/a e melhora de 152 p.p. t/t, deixando sinais positivos na tendência de ocorrência de sinistros no setor para os próximos trimestres.
Nos resultados do 2T22, a BB Seguridade que atua com relevância no ramo de cobertura pessoal e previdência, foi o destaque do setor, e reportou lucro recorde novamente com resiliência em seu resultado, mesmo com desafio da sinistralidade no rural na Brasilseg e das captações líquidas e resultado financeiro volátil na Brasilprev. (Comentátio 2T22 - BB Seguridade)
A Porto vai bem no crescimento das receitas em todas as verticais, mas ainda sente uma sinistralidade elevada no ramo auto, que indicou que pode melhorar nos próximos trimestres vindo do reajuste das apólices. (Comentário 2T22 - Porto).
A Sulamérica teve seu resultado ainda pressionado pela elevação da sinistralidade impulsionada pelo aumento de procedimentos eletivos e ainda resquícios da Covid-19, agora com menores custos por conta de menor nível de internações e casos graves. Seu processo de incorporação com a Rede D’Or vai avançando entre os órgãos reguladores após aprovação da Susep, restando agora aprovações do Bacen, ANS e Cade. (Comentário 2T22 - Sulamérica)
Por fim, o IRB Brasil reportou um prejuízo no 2T22, direcionado principalmente pela alta sinistralidade no ramo rural, que vem afetando todo o setor. A companhia segue arrumando a casa e não contava com este momento atípico no segmento rural e viu sua situação de solvência abaixo do mínimo regulatório novamente, devendo reportar uma solução até outubro à Susep, que pode vir de um aumento de capital de cerca de R$ 1,2 bilhão ou de outras alternativas como venda de imóveis ou cessão de riscos. (Comentário 2T22 - IRBR3)