Balanços ainda fortes, mas perspectivas amenizam
A semana passada foi marcada por quedas generalizadas nos mercados internacionais, refletindo a maior aversão ao risco em virtude de menores projeções de crescimento da economia norte-americana, potencializada por dados de inflação que vieram acima das expectativas, contribuindo para o movimento de elevação dos juros iniciado pelo FED. As expectativas quanto à temporada de balanços e os efeitos dos juros mais altos nos balanços das empresas pressionaram os preços dos ativos, que também tiveram contribuição negativa da escalada dos conflitos na Ucrânia e avanço de casos de Covid na China. Os S&P500 encerrou a semana em queda de 1,55%, enquanto Nasdaq recuou 3,11%. Na Europa, as bolsas tiveram comportamento misto, com o FTSE reportando queda de 1,89%, em reflexo às incertezas quanto ao novo plano fiscal anunciado pela primeira-ministra, Liz Truss.
Esta semana vemos a manutenção do rally iniciado na sexta-feira, com a temporada de balanços trazendo números melhores que o esperado dos grandes bancos americanos, apesar das perspectivas mais desafiadoras para os próximos meses. Na Europa, a reconsideração da política fiscal anunciada recentemente no Reino Unido também traz alívio aos mercados, contribuindo para a alta dos últimos dias. Na China, o 20o Congresso do Partido Comunista Chinês aborda os próximos passos da rota de crescimento no país asiático, que deverá ser pautado em investimentos em tecnologia e inovação.
Confira na edição desta semana!
América: Bancos batem as expectativas e dão o tom da temporada.
A temporada de resultados do 3T22 nos Estados Unidos teve início na última sexta-feira com os principais bancos iniciando a divulgação de balanços e, em maioria, batendo as expectativas de mercado, o que levou a um rally nos últimos dias em Wall Street. No geral, vimos contração nos lucros das instituições financeiras impactados (i) por receitas menores advindas dos negócios de Investimentos, com mercado perdendo apetite por operações de M&A e emissões, principalmente após os níveis recordes do ano passado, (ii) bem como maiores provisões diante da expectativa de um cenário de crédito mais apertado e provável aumento da inadimplência para os próximos meses. (Confira aqui um relatório especial sobre o setor que preparamos).
Até o momento, 9% das empresas do S&P reportaram seus balanços, com cerca de 70% batendo as estimativas do mercado. O setor de consumo cíclico, por enquanto, apresenta o pior desempenho, com mais de 50% das companhias trazendo números abaixo do esperado. Esta semana, além dos bancos e da J&J, mercado atenta para resultados da Netflix, abrindo a temporada para as Big Techs.
Ásia: Congresso do Partido Comunista e o futuro da economia chinesa.
O Congresso do Partido Comunista acontece esta semana cerceado pelos desafios de uma economia desacelerando, crise no setor imobiliário, população insatisfeita e taxas de desemprego entre os mais jovens em nível recorde. Nos últimos 15 anos, o crescimento econômico do país foi pautado pelos investimentos em infraestrutura e desenvolvimento do setor de construção, modelo este que agora se mostra saturado. Somado a isso, a política zero covid adotada pelo governo chinês desde o início da pandemia tem limitado a recuperação da atividade no país, além de trazer mais incertezas sobre o que esperar para a economia chinesa nos próximos anos. Os estímulos anunciados recentemente, os quais vão desde redução de taxas de juros, aprovação de novos projetos de infraestrutura, novas cotas para financiamentos concedidas pelos bancos, afrouxamento das condições de pagamentos de hipotecas, seguem não surtindo os efeitos desejados de conter a crise no segmento de Real Estate. Durante o Congresso, o governo anunciou novo plano estratégico de crescimento econômico com foco no desenvolvimento tecnológico e inovação, mas reforçou a política restritiva anti-covid, trazendo ainda dúvidas sobre a eficácia e efetividade dos próximos passos do avanço econômico do país.
Europa: U-turn na política fiscal do Reino Unido traz alento aos mercados de bonds.
O novo ministro das Finanças do Reino Unido, Jeremy Hunt, assume com o desafio de recuperar a confiança tanto na capacidade do governo em lidar com a atual situação no país, quanto do mercado de bonds, sob estresse desde o anúncio do novo plano econômico de crescimento de Liz Truss, primeira-ministra britânica. No início desta semana, Hunt afirmou que deverá reverter praticamente todas as medidas fiscais anunciadas, visando acalmar os ânimos do mercado, que receberam bem a notícia, levando as bolsas europeias a engatarem o quarto dia consecutivo de alta. Setor de bancos avança na semana, refletindo os resultados acima do esperado dos pares norte-americanos.
Flashing Forward:
Após o adiamento do PIB Chinês por conta do Congresso do Partido Comunista que acontece esta semana, teremos apenas a divulgação dos Preço Nova Casa M/M nos indicadores do país. Já nos Estados Unidos, mercado aguarda importantes indicadores para o mercado imobiliário, como a Aplicações para Novas Hipotecas, Alvarás Concedidos, Construção de Novas Casas concomitante a uma expectativa de 235 mil Novos Pedidos Seguro-desemprego. Além disso, mercados seguem acompanhando a temporada de balanços que ganha força com Netflix estreando as Big Techs.