Inter Insights 008
Macro
#1 IPCA de março surpreende. O IPCA de março veio com surpresa de baixa com variação de 0,71%, abaixo do consenso de mercado que era 0,77% e da nossa expectativa de 0,75%. A leitura qualitativa também é positiva com queda na inflação de serviços de 1,41% para 0,25% e difusão também cedeu para 60%. A média dos núcleos também teve forte desaceleração de 0,77% em fevereiro para 0,36%. Da variação de 0,71% no mês, 0,39 pp foi gasolina e 0,09 foi tarifa elétrica, ambos impactos de impostos.
Insights: A queda mais disseminada da inflação em março, ex-monitorados, é uma boa notícia e pode ser um sinal para o início da discussão sobre o afrouxamento da política monetária pelo Copom.
#2 PPI de fevereiro surpreende. PPI nos EUA veio abaixo da expectativa, -0,5% no mês e acumula 2,7% em 12 meses, praticamente voltando para o patamar pré pandemia. A medida excluindo energia e alimentos também ficou abaixo do esperado em -0,1% no mês e 3,4% em 12 meses.
Insights: Tendência de inflação de bens é claramente de queda e CPI terá o mesmo caminho, mais lento, no entanto, por causa da inflação de shelter.
#3 Inter Forecast Abril 2023. Revisamos o call de corte de Selic de junho para agosto. Insights: Apesar de ainda achar que deveria cortar em junho, a ata não dá esse espaço ainda, e vamos ter que esperar as expectativas começarem a cair. Estamos mais bearish com atividade, mas ainda sem alterações na expectativa do PIB (+0,8% baseado no agro, praticamente). Confira nosso relatório.
Bancos
#1 Ajustes acabaram e XP está superpreparada. (Valor)
Insights: Temos uma visão de cautela quanto aos papéis da XP. Com pioneirismo no mercado de investimentos de varejo, a companhia se tornou o player líder em um mercado está sendo cada vez mais disputado, inclusive por grandes bancos e neobanks. O mercado de investimentos em 2023 segue mostrando desaceleração tendo em vista os juros elevados e o cenário corporativo de maior endividamento. Além disso a CVM 178 que retira a exclusividade dos assessores de investimentos pode pressionar a receita da companhia através da competitividade.
#2 Crédito direcionado avança e acende alerta sobre efeito de juros. (Valor)
Insights: Com deterioração da qualidade de crédito ainda afetando tanto as linhas de PF e PJ, mercado de crédito tem se mostrado mais restritivo. Por um lado, players privados têm optado por linhas colateralizadas e por outro bancos públicos continuam avançando em suas carteiras versus players privados. Por outro lado, os efeitos de carrego e de crescimento da relevância nestas linhas de crédito acarretam um menor NII devido aos juros mais baixos destas linhas, o que tende a ser compensado por um menor custo do risco refletindo novas safras com menor inadimplência. No cenário atual, bancos públicos tendem a crescer suas carteiras versus bancos privados, pois atuam de maneira relevante no crédito direcionado, o que temos visto nos últimos dados de crédito e proporcionando maior competição no crédito. Estamos cautelosos com o setor em 2023 e preferindo players com carteiras colateralizadas, caso do BBAS versus os players com alta exposição ao varejo bancário.
#3 Nubank começa a testar empréstimo consignado. (Nubank)
Insights: A notícia é positiva para o Nubank, que visa ampliar a diversificação da sua carteira de crédito, ainda muito concentrada em linhas de maior risco. Em tempos de elevada inadimplência, o consignado se tornou um produto de grande disputa entre os grandes bancos no país. Com liderança no segmento, o BB e a Caixa ainda dominam juntos cerca de 37% do mercado, seguidos pelo Bradesco com 16%, Itaú com 13% e Santander com 10%. Bancos de pequeno e médio porte como Pan e Banrisul também acabam atuando com boa presença no segmento, que passa a ser uma boa opção para Neobanks. Em termos de penetração, no mercado de consignado (principalmente de servidores públicos) bancos federais acabam possuindo forte relacionamento com instituições da União através da administração de folha de pagamento de servidores, o que beneficia seus respectivos market shares, já os grandes bancos privados também têm reforçado sua atuação no segmento disputando folhas estaduais e municipais para ampliar o relacionamento com o consumidor. Nos últimos trimestres, bancos que ganharam market share foram demais players de forma pulverizada, Bradesco, Inter e Itaú, em detrimento do BB, Caixa e Pan.
#4 Pedidos de recuperação judicial e falências disparam neste ano (Valor). Dados da Serasa Experian mostram que, no primeiro trimestre, houve um aumento de 37,6% nos pedidos de recuperação frente ao mesmo período de 2022, enquanto as solicitações de falências subiram 44,1%. Em termos de RJs e falências decretadas, os números alcançam, respectivamente, 51% e 3,7%.
Insights: Notícia corrobora nossas expectativas para um ano desafiador para o crédito corporativo. Bancos devem se manter restritivos no crédito corporativo e também observar uma deterioração da inadimplência. Confira nosso relatório.
#5 Bancos reduzem projeção para o crédito em 2023 (Valor).Crescimento esperado para o saldo de empréstimos e financiamentos é agora de 7,9%, abaixo dos 8,3% estimados em fevereiro.
Insights: Notícia corrobora com nossas expectativas para a desaceleração do crédito em 2023. Com a inadimplência já acima da média pré-pandemia no segmento PF principalmente nas linhas clean e o cenário se deteriorando no PJ, bancos devem continuar restritivos nas concessões. Estamos cautelosos com o setor em 2023. Confira nosso relatório.
#6 Sucesso entre cariocas, pagamento do transporte público com cartão será realidade em todo o Brasil (ABECS). Há projetos em desenvolvimento com o objetivo de expandir a adoção do pagamento com cartões nos coletivos urbanos tanto nas capitais como no interior de todas as regiões do País. Entre eles, destacam-se projetos para estações do metrô de São Paulo, que contam com o apoio da Visa e da Mastercard e devem ser divulgadas em breve.
Insights: A Abecs e as companhias de meios de pagamentos tem trabalho para defender receita fortalecendo o uso do cartão de débito após o forte avanço do Pix frente as demais transações. O uso de cartão de crédito e principalmente de débito nas catracas dos meios de transporte populares tende a beneficiar o setor de meios de pagamentos por meio do TPV nos cartões, que vem perdendo a competitividade após o Pix e no transporte público o bilhete único acaba capturando esse volume transacionado.
Frigoríficos
#1 Exportações brasileiras de carne de frango alcançam 514,6 mil toneladas em março, com redução da oferta no Hemisfério Norte e demanda da China beneficiando. (ABPA)
Insights: Volume exportado recorde de aves em março ameniza queda dos preços externos no período. Apesar de demanda se restabelecer no mês, com China apresentando um consumo robusto e cotação do preço do frango congelado doméstico reagindo positivamente em março, para o trimestre, os custos ainda elevados para os avicultores, com preços no varejo mais fracos no período, limitam um avanço significativo dos resultados do setor no 1T23. Ainda esperamos margens debilitadas para BRF e Seara no trimestre ante ao histórico, contudo, com recuperação da demanda externa e estabilização da oferta, já vislumbramos pontos positivos para o cenário do ano.
#2 Marcos Molina diz à Bloomberg que foco neste ano é melhorar resultados da BRF. (Broadcast)
Insights: Rumores errôneos sobre uma fusão entre as companhias são comentados desde a aquisição de 33,3% da BRF pela Marfrig. Pontuamos que apesar de considerarmos sinergias como um fator favorável para ambas, a administração neste primeiro momento direciona os seus esforços para reestruturação da BRF, o que vemos como um ponto positivo. Com resultados enfraquecidos desde o início do ano e uma estrutura de capital lesionada, o foco para a melhora operacional e financeira são pontos primordiais para que a BRF volte a gerar valor ao acionista, que até o momento, com dados distorcendo as perspectivas, ainda nos parece inviável.
#3 Exportações de carne suína crescem 16,9% em março (ABPA)
Insights: Exportação de carne suína em março se manteve sólida, com preços ainda robustos e volume 17% superior. A manifestação de diversas enfermidades no setor de proteínas, nesse caso com Peste Suína Africana na China e Filipinas, corroborou com o resultado. Entretanto, atenção para custos produtivos elevados globalmente, que devem mitigar os ganhos com preços e volumes. Seara (JBS) e BRF podem se beneficiar do cenário
Utilities
#1. Justiça aceita pedido da Light e suspende vencimentos de dívidas por 30 dias.
Insights: No dia 11 de abril, a Light divulgou Fato Relevante com pedido para suspensão temporária do vencimento de dívidas que engloba cerca de R$ 11 bilhões, sendo R$ 6,3 bi de debêntures da Light SESA. O pedido foi aceito pela Justiça do Rio de Janeiro e o período da suspensão é de 30 dias prorrogáveis por mais 30. Nesse meio tempo, deve ocorrer uma tentativa de renegociação das dívidas e obrigações financeiras com os credores. Recentemente, as agências de classificação de risco cortaram os ratings de crédito da companhia elétrica.
#2. Energias do Brasil ajusta preço da OPA em razão de distribuição de dividendos.
Insights: A EDP Brasil (ENBR3) comunicou que fez o ajuste do preço da Oferta Pública de Aquisição de Ações que anteriormente era de R$ 24 por ação. A mudança se deve a declaração de dividendos aprovada em Assembleia Geral no dia 11 de abril, equivalente a R$ 0,27 por ação, a serem pagos aos acionistas titulares de ações ordinárias da Companhia na data-base da AGOE. Portanto, o novo preço da OPA passa a ser de R$ 23,73 por ação. No dia 2 de março de 2023, a empresa comunicou que pretende fechar capital na bolsa brasileira, por solicitação da controladora EDP - Energias de Portugal, S.A. que deseja adquirir a totalidade das ações em circulação de sua controlada.
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