Inter Insights 016
Macro
#1 Destaques da ata do Copom
Insight: A ata do Copom foi um pouco mais dovish que o comunicado e indica que a visão “predominante” é de início dos cortes na próxima reunião, considerando o cenário atual de queda da inflação e queda das expectativas. A indicação é de um corte “parcimonioso”, ou seja, 25 bps, em linha com nosso cenário base.
O BC passou a considerar juro neutro de 4,5%, ante 4% usado anteriormente, mas essa elevação na estimativa do juro neutro não impacta o espaço para cortes da Selic no curto prazo, e deve alterar somente a estimativa de taxa terminal, e estamos longe desse debate. Com juro real hoje próximo de 8%, estamos bem acima da taxa neutra.
Por fim, a ata sugere um recado implícito para o CMN, que define a meta de inflação essa semana: reancorar expectativas é fundamental para a credibilidade da política monetária. Expectativas desancoradas são um entrave para a queda dos juros, na visão do Copom.
#2 IPCA-15 Junho: 0,04%
Insight: O IPCA-15 variou 0,04%, um pouco acima da estimativa do mercado de -0,01%. A queda esperada da inflação foi puxada principalmente pela redução dos preços de alimentos e combustíveis, seguindo o movimento que já havia sido antecipado pelos preços do atacado. Mas a inflação medida pelos núcleos também apresentou redução, de 0,42% para 0,35% (4,3% aa) e a difusão teve forte queda para 50%. No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 variou 3,4% enquanto a média dos núcleos também cai para 6,2%. O dado negativo em junho foi a alta da inflação de serviços, mesmo ex-passagem, de 0,29% para 0,39%. Em geral, a leitura do IPCA-15 confirma nossa avaliação do cenário atual de desinflação, ainda que mais lenta nos preços dos serviços, mas que deve confirmar o início do corte da Selic em 25 bps na próxima reunião do Copom em agosto.
#3 IGP-M recua 1,93% em junho
Insight: O IGP-M registrou nova deflação em junho, acumulando queda de 4,46% em 2023 e queda de 6,86% no acumulado dos últimos 12 meses. Como esperado, combustíveis foram a grande força deflacionária, tanto no lado do produtor quanto do consumidor. O IPA registrou queda de 2,73%, acima da queda observada em maio, que foi de 2,72%. O subgrupo de combustíveis apresentou queda de 11,44%, enquanto as commodities, representada pelo grupo de matérias prima bruta, recuou 4,10%. O IPC apresentou deflação de 0,25%, bem abaixo da alta de 0,48% observado em maio. Assim como no IPCA-15, transportes e alimentos foram os grandes responsáveis pela queda. Transportes recuaram 1,68%, puxado pela queda de 3% na gasolina, enquanto alimentos recuaram 0,33%. Por fim, o INCC foi o único componente que apresentou alta em junho, saltando de 0,4% em maio para 0,85% em junho, influenciado pela aceleração nos custos de mão de obra, que aumentaram 1,81% em junho ante alta de 0,75% em maio. O resultado de junho mostra que a tendência de desinflação de bens segue firme, que agora é impulsionada pela queda no preço dos combustíveis. Portanto, considerando o IPCA-15 e o IGP-M de junho, devemos ter um IPCA bem próximo de zero em junho, com chance de deflação, pavimentando o caminho para o início do ciclo de cortes por parte do Copom na reunião de agosto.
#4 Caged Maio
Insight: O número de vagas criadas em maio ficou em 155 mil contra expectativa de 190 mil. Apesar da desaceleração, o mercado de trabalho formal segue robusto. Em 12 meses foram criadas 1,8 milhões de novas vagas o que deve evitar queda mais forte do consumo mesmo em meio ao juro mais alto e crédito mais restrito. O salário médio de admissão teve pequena queda real de 0,8% em maio, por outro lado, o indicador de reajustes da FIPE, mostrou uma leve alta em maio para 5,3%, o que significa um ganho real médio de 1,4% em 12 meses.
#5 Déficit Primário Governo Central
Insight: O déficit primário em maio ficou em R$45 bilhões, acima da expectativa de R$29 bilhões, principalmente devido ao impacto do pagamento de precatórios no mês (no ano passado havia sido em agosto). No acumulado do ano, o governo apresenta superávit de R$2 bilhões até maio, contra R$39,7 bilhões no mesmo período em 2022, com destaque para o crescimento real de despesa de 5,1% e estabilidade da receita líquida. Nossa projeção se mantém em déficit primário de R$90 bilhões no ano (0,9%) do PIB com um crescimento de despesa que deve chegar a 6% e receita líquida variando -1%.
#6 PIB americano avança 2% em 2023T1
Insight: O PIB da economia americana cresceu 2% no primeiro trimestre de 2023 na comparação com o último trimestre de 2022, na taxa anualizada. O dado veio acima da expectativa, que era um crescimento de 1,4%. Essa é a terceira estimativa para o primeiro trimestre, e em todas elas a correção veio acima do esperado. O resultado reflete revisões nas exportações e no consumo das famílias, enquanto investimento e gastos do governo reduziram. Isso sugere que a economia americana ainda está crescendo acima da tendência, mantendo-se resiliente em meio à elevada taxa de juros. Outro ponto importante é o mercado de trabalho, que permanece aquecido, sustentando a demanda interna. De fato, nesta quinta-feira foram divulgados os dados de pedidos de seguro-desemprego e estes vieram abaixo do esperado, indicando que menos pessoas estão necessitando de tal benefício. O banco central americano acredita que o crescimento potencial da economia americana, ou seja, a taxa de crescimento que não é acompanhada de aceleração na inflação, seja de 1,8%. Portanto, vemos a economia ainda operando acima do crescimento potencial e o mercado de trabalho ainda aquecido, o que pode levar o Fed a interpretar que a economia não está reagindo à política monetária contracionista como esperado. Como os membros do FOMC antecipam mais duas altas na taxa de juros até o fim do ano, o desempenho da atividade econômica parece corroborar a visão do Fed, tornando novas altas mais provável.
#7 CMN mantém a meta de inflação em 3%*
Insight: O Ministro Haddad anunciou que o CMN decidiu manter a meta de inflação em 3% a partir de 2026, mas passa a implementar um calendário mais flexível para o seu cumprimento, com horizonte de até 24 meses. As metas para 2024 e 2025 também foram ratificadas em 3%, bem como o intervalo de 1,5%. Apesar de estar em linha com a expectativa do mercado de manutenção da meta, após o anúncio, o Ibovespa teve forte alta de 1,5% e o dólar zerou as perdas do dia. Os juros futuros também reverteram o movimento de alta visto pela manhã e fecharam em queda. A curva de juros já precifica Selic em 11,75% no final de 2023 e 9% em 2024. A definição da meta deve contribuir para a redução da incerteza e reancoragem das expectativas de inflação mais longas, o que por sua vez tende a devolver credibilidade para a política monetária e abrir espaço para os cortes de juros.
#8 Emprego | Taxa de desemprego recua para 8,3%
Insight: A taxa de desemprego medida pela PNAD recuou 0,3 ponto percentual no trimestre de março a maio de 2023, apesar da desaceleração da atividade econômica e da elevada taxa de juros. A população desocupada diminuiu 3% frente ao trimestre imediatamente anterior, enquanto o contingente de pessoas ocupadas e o nível de ocupação permaneceram estável. Isso sugere que a queda na taxa de desemprego foi fruto da saída de trabalhadores do mercado de trabalho. De fato, a população fora da força de trabalho aumentou 0,6% ante o trimestre imediatamente anterior. Os dados do Caged, também divulgados nessa semana, apontam para uma desaceleração na criação de empregos formais, mas ainda mantém um patamar elevado. Portanto, observamos uma piora marginal no mercado de trabalho, mas ainda se mantendo robusto. Por fim, o rendimento real habitual ficou estável frente ao trimestre anterior, em R$2.901. Portanto, mesmo com a taxa de desemprego tão baixa, não se observa pressões salariais, o que é um boa notícia para o cenário de início do ciclo de cortes na taxa de juros.
#9 EUA | Inflação medida pelo PCE avançou 0,1%
Insight: A inflação de maio, medida pelo PCE, foi de 0,1%, abaixo da expectativa que era um avanço de 0,5%. O núcleo avançou 0,3%, em linha com o esperado. O resultado foi fruto da queda de 3,9% nos preços de energia. Além disso, os preços dos bens recuaram 0,1%. Por outro lado, os preços de serviços avançaram 0,3%, mostrando que a inflação de serviços está caindo em ritmo mais lento, como era de se esperar. Com o resultado, o PCE acumula alta de 3,8% nos últimos 12 meses e o núcleo de 4,6%. Além disso, a inflação de habitação avançou 8,3% nos últimos 12 meses, abaixo dos 8,4% de abril e a o núcleo de serviços, excluindo habitação, avançou 4,5%, também abaixo do dado de abril, que foi uma alta de 4,6%. Na taxa de 3 meses anualizada, a tendência de desaceleração é ainda mais acentuada. A inflação de habitação avançou 6,4%, abaixo dos 7,2% observados em abril, e a do núcleo de serviços excluindo habitação avançou 3,9%, abaixo dos 4,4% de abril. Portanto, o dado do PCE confirma a tendência de desinflação da economia americana, que deve acentuar nos próximos meses se aproximando rapidamente dos 3% anuais. Apesar disso, o discurso do Fed ainda tem sido de que a política monetária não é restritiva o suficiente, deixando sobre a mesa a opção de novos aumentos na taxa de juros. Até a próxima reunião do Fed, no dia 26 de julho, teremos ainda a divulgação do payroll e do CPI de junho, que serão fundamentais para a decisão a ser feita. No momento, não podemos descartar uma nova alta de 25bps, mas o cenário se mostra bastante favorável para o processo de desinflação.
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