Inter Insights 013
Macro
#1 Proposta de Arcabouço fiscal revisada.
Insight: O relatório do arcabouço trouxe melhorias no projeto, em linha com a expectativa. Nossa visão é que o risco fiscal é menor, pois temos um pouco mais de previsibilidade sobre o crescimento de gastos, com a inclusão das medidas de contingenciamento, mas o atingimento da meta de zerar o déficit em 2024 ainda depende de outras medidas pelo lado da receita. O relator indica que já há acordo com o governo para a aprovação e que pode ser votado na próxima semana, o que também é positivo pois reduz o risco de incerteza e abre espaço para a discussão de outras reformas como a tributária.
#2 Serviços crescem 0,9% em março, acima da expectativa.
Insight: O setor de serviços teve forte crescimento em março, 0,9% no mês e 6,3% na comparação anual. O resultado foi puxado por serviços administrativos, TI e transportes, esse último bastante ligado à safra recorde. O resultado deve levar a novas revisões do PIB, nosso cálculo preliminar já aponta para um crescimento revisado de 0,8% para 1,5% em 2023. Apesar do bom desempenho do setor, os serviços às famílias tiveram nova queda no mês, 1,7%, indicando que o consumo segue mais baixo, seguindo o aperto monetário, o que pode ser positivo para a queda da inflação à frente. De fato, o deflator do setor está em cerca de 5% no acumulado dos últimos 12 meses, abaixo do patamar de 7% observado na inflação de serviços ao consumidor.
#3 Varejo mais forte em março.
Insight: Assim como serviços, o varejo surpreendeu com alta de 0,8% em março, +3,2% em relação s março de 2022. No trimestre, a alta foi de 2,4% e vai contribuir para revisões positivas do PIB. Mas, assim como serviços, essa melhora não é homogênea e reflete, no mês, a recuperação dos setores de informática e veículos, ainda efeito de normalização de oferta e, no ano, o forte crescimento de combustíveis e supermercado, efeito da queda da inflação no setor, crescimento do agro (que demandou transportes) e aumento do salário-mínimo e Bolsa Família. Apesar do PIB melhor, esses impulsos não são duradouros e a alta taxa de juros deve continuar impactando investimentos e consumo à frente.
#4 IBC-Br março.
Insight: O indicador de atividade do Banco Central teve queda de 0,15% em março, um pouco melhor que a expectativa (que era de -0,3%) e um crescimento bastante robusto na comparação anual, +5,46%. Com isso, o indicador aponta para alta de 2,4% no trimestre e 3,9% na comparação com o mesmo trimestre no ano anterior. O crescimento da atividade no 1º trimestre do ano ficou bem acima do esperado, no Focus, por exemplo, a expectativa para o PIB do trimestre está em 2,1% a/a e indica que ainda teremos revisões positivas nas próximas semanas. O setor agro foi o grande destaque e puxou também serviços, como transportes e a indústria relacionada. O impulso fiscal, com a elevação dos gastos da previdência e aumento do bolsa família, também contribuíram para o crescimento do consumo das famílias.
Para os próximos trimestres, no entanto, a atividade tende a desacelerar, sem a contribuição do setor agrícola e com o impacto da restrição monetária nas atividades ligadas a investimentos, como construção, e consumo de bens duráveis, devido ao maior aperto no crédito. O crescimento do trimestre ainda deve ser suficiente para resultar em variação do PIB acima de 1,5%.
Bancos
#1 Governo propõe projeto de lei para desburocratizar emissão de debêntures (Valor)
Insight: A redução da burocracia com o PL tende a beneficiar o mercado de capitais facilitando a emissão. Debêntures emitidas no exterior terão maior facilidade com a exclusão da necessidade de registro em cartório, tradução juramentada e legalização consular. Ressaltamos que o mercado de capitais ainda enfrenta desafios por parte de maiores spreads e apetite de investidores reduzido após caso Americanas e companhias com maior endividamento e entrando em RJ.
#2 BB: Inadimplência da carteira geral deve ter leve inclinação de alta nos próximos trimestres, diz executivo. (Valor)
Insight:Comentário do VP de gestão e risco do BB vai em linha com a nossa percepção sobre o recente resultado. Tendência negativas na inadimplência tanto em PJ quanto em PF, mas ao nosso ver mais controlada que em demais pares privados. Contudo, o banco provisionou abaixo do NPL formation no 1T23 e deve precisar reforçar sua cobertura nos próximos trimestres. Mantemos ainda uma visão de cautela para o setor bancário em 2023, que enfrenta ainda um cenário de deterioração da qualidade de crédito tanto em PF quanto em PJ. As estimativas de pico de inadimplência permeiam o 2T e 3T do ano caso as condições macro contribuam. Mantemos recomendação neutra para BBAS3 com TP de 49.
#3 Pesquisa mostra que 52% dos brasileiros têm três ou mais cartões de crédito. (Valor)
Insight: A notícia reflete o cenário de aumento de oferta de crédito no país via neobanks/fintechs, por outro lado, também mostra a busca por crédito das famílias que já estão em níveis elevados de endividamento, o que causa ainda pressão na inadimplência no cartão de crédito para o setor. Seguimos mantendo cautela e esperamos que o pico da inadimplência seja atingido no segundo ou terceiro trimestre do ano. BBAS3 (Neutro TP49); BBDC4 (Venda TP 13); ITUB4 (Neutro TP28); SANB11 (Neutro TP 29).
#4 Situação financeira de empresas vai piorar antes de melhorar. Além da atividade muito fraca nos mercados de capitais, crédito bancário está no menor nível da série iniciada em 2016. (Valor)
Insight: a notícia e pesquisa da Cemec-Fipe, corrobora com o que já falávamos aqui sobre as nossas expectativas para o crédito corporativo em 2023. As companhias ainda passam por um cenário adverso de maior endividamento com o juro elevado e as mais frágeis esbarram em um cenário restritivo tanto no mercado de capitais quanto no bancário e têm resultado em algumas RJs. Seguimos cautelosos com o setor bancário no ano, que ainda sente tanto a pressão na inadimplência em PF quanto na cobertura para PJ.
Óleo e Gás
#1 É o fim do PPI? Pero no mucho.
Insight: A nova estratégia comercial para o diesel e a gasolina da Petrobras foi divulgada hoje. A empresa apontou dois pilares na nova diretriz: i) custo alternativo do cliente, sendo a priorização na precificação e ii) valor marginal para a Petrobras. Segundo o mesmo comunicado, o primeiro leva em conta a cadeia de oferta no Brasil, sendo fornecedores ou produtos substitutos, enquanto o segundo se refere ao custo de oportunidade da companhia.
Foi também estabelecido o fim da periodicidade de alteração de preços, com o intuito de evitar o repasse da volatilidade cambial. As decisões quanto a futuras mudanças ficam a cargo do grupo executivo de mercado e preço, composto pelo Presidente da companhia, o Diretor Executivo de Logística, Comercialização e Mercados e o Diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores. O FR ainda declara que a empresa ganha bastante flexibilidade nas tomadas de decisão, bem como o nível de preços garantirá um fluxo de caixa para a realização de investimentos, geração de valor e sustentabilidade econômico-financeira. Na manhã deste mesmo dia, o CEO Jean Paul Prates anunciou uma queda de R$ 0,40 na gasolina e R$ 0,44 no diesel, o que dá início a nova política de preços. Estes números são muito próximos das nossas expectativas e ao PPI.
Últimos Relatórios
É o fim do PPI? Pero no mucho...
Resumo Temporada | Real Estate