Macroeconomia


Global Markets | Projeções S&P500 2023

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Gabriela Joubert

Publicado 29/dez

Juros em alta e 2023 deverá ser o ano da Renda Fixa. Nesse cenário, como ficam as ações e o que esperar para o S&P500?

Com o início de 2023 chegando, atualizamos nosso cenário para o mercado de ações norte-americano, trazendo um exercício de projeções para o S&P e nosso preço-alvo para o índice no final do próximo ano. Desde nosso último relatório sobre o tema, o Federal Reserve acentuou seu movimento de aperto monetário, elevando os juros nos Estados Unidos de 2% para a banda de 4,25% - 4,5%, em um movimento bastante acentuado, visando o controle da inflação que se encontra em 7,1%, de acordo com os últimos dados do CPI. Apesar de mostrar desaceleração, o índice de preços continua acima da meta de 2% e, de acordo com o presidente do FED, Jerome Powell, será necessário que os juros sigam em patamar contracionista por mais tempo até que a inflação volte a convergir o nível esperado. Ademais, pelos discursos das autoridades do FED, e recentes projeções de cenário, estimamos que a taxa de juros deve chegar entre 5,0% e 5,50%.

Neste sentido, 2023 inicia como o ano da Renda Fixa, com investidores partindo em busca de títulos governamentais e corporativos, visando uma relação “risco versus retorno” mais satisfatória. Desde o início deste ano, o S&P500 já recuou mais de 20%, seguindo, principalmente, a forte correção das companhias de growth, dentre elas as Big Techs, desfavorecidas pelo aumento dos juros e seus impactos nos altos níveis de endividamento que essas companhias detêm, os quais devem sentir com maior expressividade os efeitos das despesas financeiras nos resultados.

Um pouco mais de tempestade antes do céu azul.

Esse grau de aperto monetário aumenta a probabilidade de uma recessão. De fato, a probabilidade estimada da economia entrar em recessão está acima dos 40%, a maior em 40 anos. O nível contracionista dos juros deverá pesar no resultado financeiro das empresas, pressionando os lucros e, consequentemente, as projeções para o ano. Além disso, devemos esperar também uma demanda mais enfraquecida, por conta da possível recessão para a qual caminha o país, limitando o avanço das receitas nos principais setores. A desaceleração no mercado global também deve limitar as receitas externas, deixando pouca alternativa para um cenário diferente. Com estes fatores em pauta, revisões de premissas e preços-alvos devem ocorrer, em especial no 1S23, conforme as companhias apresentam seus resultados trimestrais, o que deve pressionar ainda mais os índices.

Pela visão fundamentalista, mesmo diante de um cenário adverso, vemos algumas oportunidades no mercado. Com contração pela frente, preferimos setores que não possuem forte dependência cíclica para a entrega de resultados e, portanto, apostamos nossas principais recomendações nos segmentos de consumo não-cíclico, energético – não apenas Oil&Gas, mas também as companhias voltadas para energia renovável – e o segmento de saúde, focado principalmente nas farmacêuticas, devido à baixa elasticidade na demanda por remédios.

Estudando os Cenários

Para o S&P500 especificamente, em nosso último relatório (leia aqui), fizemos um estudo sobre o comportamento dos diferentes setores que compõem o índice e traçamos um preço-alvo para o final deste ano (2022) em 3.500 pontos. Apesar da queda recente, o índice P/L segue acima da média de longo prazo, o que poderia levar a futuras quedas para o índice conforme as temporadas de balanços do 1S23 se materializam. No entanto, esperamos que na segunda metade do ano, conforme o FED suavize o ritmo de seu aperto monetário, os mercados entrem em rota de recuperação, podendo levar o S&P500 a 4.100 pontos, um upside de cerca de 8%, considerando a possível volta ao patamar de 22x preço sobre lucro dos últimos anos.

Apesar do nosso cenário base de 4.100, fizemos uma análise de sensibilidade para uma possível conjuntura mais otimista e pessimista na economia americana. Sendo assim, chegamos a 4.500 para o S&P 500 ao final de 2023 em um cenário mais bullish, com a inflação apresentando bons resultados aos “remédios” implementados pelo FED junto ao arrefecimento das despesas financeiras nos resultados das companhias presente no índice. Já na visão mais pessimista, projetamos o S&P 500 em 3.800 principalmente com a falha do FED em realizar um soft landing, seguindo com a persistência inflacionária concomitante a elevação nas taxas de juros que, provavelmente se concretizará em uma recessão econômica.


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