Atentos à temporada de balanços
A semana passada refletiu o fim do rally das nas bolsas internacionais, com os mercados incorporando as perspectivas mais limitadas de crescimento global em meio a juros mais elevados, preços de energia ainda impulsionando a inflação, guerra na Europa e limitações na cadeia produtiva da região, além das incertezas quanto ao rumo da segunda maior economia do mundo que lida com política zero covid e crise imobiliária. Com isso, os índices globais fecharam a primeira semana de julho em leve alta, limitada pela intensificação da aversão ao risco na sexta-feira, após payroll acima do esperado nos Estados Unidos.
Após a leitura dos dados de mercado de trabalho na economia norte-americana e reforço dos dirigentes do FED sobre medidas restritivas por mais tempo, os mercados iniciam a semana em queda, pressionados também pela escalada dos conflitos na Ucrânia, além dos receios de novos lockdowns na China, após a volta da Golden Week e o aumento de novos casos de covid no país.
Ainda, a temporada de balanços tem início esta semana e os lucros abaixo do esperado trazem pressão adicional às ações das empresas, que revisam expectativas para baixo, em reflexo a um cenário de crédito mais caro e crescimento menor.
Confira na edição desta semana!
América: atividade desacelera e mercado entende a mensagem.
As ações seguem com tendência negativa, impulsionadas pelo cenário de juros elevados que se soma à notícia de elevação de casos de covid na China e escalada do conflito na Ucrânia. Além disso, esta semana tem início a temporada de balanços do 3T22, com os grandes bancos abrindo a agenda e Wall Street já começa a precificar as expectativas menos animadoras para os balanços das companhias. No consenso, espera-se que em média, os lucros das empresas listadas no S&P500 cresçam 4,1% ante o 3T21, contra o avanço de 11% visto no 2T22 vs 2T21. Contudo, mais que os lucros dos bancos na sexta, os agentes deverão acompanhar atentos as teleconferências de resultados em busca de informações adicionais sobre o que esperar da economia nos próximos trimestres.
Esta semana, o FMI (Fundo Monetário Internacional) cortou mais uma vez as suas projeções para o crescimento da economia global e agora, para os Estados Unidos, a instituição projeta um crescimento do PIB de 1,6% para este ano, 0,7 p.p. abaixo da perspectiva anterior, em julho. Mesmo ainda em crescimento, o sentimento no país já é de recessão, com a inflação pesando no poder de compra do consumidor e os juros mais altos encarecendo o crédito.
Na quinta-feira, o mercado acompanhará os dados de inflação no país, medidos pelo CPI, em busca de mais sinais antes da Ata do FED, que também sai essa semana.
No desempenho semanal, as empresas de tecnologia sofrem as maiores perdas enquanto as companhias de consumo não- cíclico avançam.
Ásia: Volta do feriado, volta da covid.
A volta do feriado da Golden Week trouxe também a volta dos casos de covid na China, que subiram nos últimos dias, trazendo mais preocupação às autoridades no país. O governo iniciou testes em massa em grandes centros urbanos, como Xangai e Shenzhen, inclusive fechando escolas e pontos turísticos. As medidas reforçam o posicionamento da política zero covid adotada pelo governo chinês e que vem limitando o crescimento da economia no país e preocupando o restante do mundo por conta das limitações e choques na cadeia de suprimentos global. Em seu relatório, o FMI revisou o PIB dos emergentes asiáticos para 4,4% para este ano, -0,2 p.p. ante as projeções de julho, com a maior contribuição negativa vindo da China, onde a instituição espera um crescimento de 3,2% este ano, em razão dos impactos das restrições de covid e a piora na crise imobiliária no país.
Europa: mercado de bonds ainda no radar.
A semana começou com os ânimos elevados no Velho Continente após o ataque à ponte que liga a Rússia à Crimeia colocar ainda mais desafios ao cenário de guerra na Ucrânia. O Grupo do G7 convocou reunião emergencial para discutir os próximos passos sobre os ataques e possíveis novas sanções. Ainda, as bolsas regionais têm precificado as prévias da temporada de balanços que deve mostrar lucros das empresas comprimidos por juros mais elevados, além de revisão para baixo das expectativas para os próximos trimestres, refletindo os problemas de escassez de energia que afetam a capacidade produtiva do país e alavancando custos.
No Reino Unido, com o intuito de aliviar as pressões no mercado de bonds – em curso desde o anúncio da nova política monetária de Liz Truss – o Banco Central britânico anunciou um programa de compra de títulos atrelados à inflação, em montante que deve chegar a £ 10 bi, com prazo até 14/10. Fundos de pensão no país tem pressionado por uma ação mais prolongada do BC até que a situação arrefeça.
Flashing Forward:
Nessa semana, os Estados Unidos irão reportar importantes indicadores relacionados à inflação, como o Preços ao Consumidor a/a, Núcleo Preços ao Consumidor a/a, Expectativa para Inflação de 1 Ano de Michigan e Preços ao Produtor a/a. No mercado de trabalho teremos os indicadores de Novos Pedidos Seguro-Desemprego, Salário Real Semanal a/a e com relação à Confiança do consumidor, o Índice de Sentimento de Michigan. Na economia Chinesa, é esperado uma melhora no Resultado da Balança Comercial e uma elevação no Preços ao Consumidor a/a concomitante à estabilidade na Taxa de Juros de 1 Ano.