Macroeconomia


Global Markets Ed. 29.22

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Gabriela Joubert

Publicado 22/nov

Monitorando o Fed e Covid na China

Mercados globais continuam monitorando os próximos passos do Fed após os sinais de desaceleração da inflação nos EUA. A semana tem sido marcada por falas dos dirigentes do Fed e pôde-se observar que a discussão de um aperto monetário em maior ou menor grau continua trazendo dúvidas, e a ata do Fomc a ser divulgada na quarta-feira deve trazer maior clareza. As apostas continuam majoritariamente para uma alta de 75 bps em dezembro e o mercado fica em clima de espera para os próximos dados econômicos e a decisão no mês que vem. O S&P 500 anda quase de lado na semana com queda de 0,7%, Dow Jones estável a 0,0% e Nasdaq cai -1,6%.

Na Ásia, o mercado continua acompanhando a evolução dos casos de covid-19 na China, que atingiu o pico registrado em abril, afastando as especulações de uma maior flexibilização da política de covid zero, que tem impactado a economia do país. Enquanto isso, o governo chinês tem implementado medidas para gerar liquidez ao mercado imobiliário, com anúncio de empréstimos a bancos para o financiamento imobiliário apoiado por uma taxa de juros nas mínimas de 23 meses no país. Nikkei cai 1,3% e SSEC permanece praticamente estável subindo 0,3% na semana.

Ao longo da semana, a Arábia Saudita desmentiu uma notícia que dizia que a OPEP estava estudando aumentar a produção de petróleo e manteve a meta de cortes do cartel, após isso o petróleo avançou na terça-feira puxando ações das companhias produtoras. Com semana mais curta com feriado de Thanksgiving nos EUA, mercado aguarda uma bateria de dados dos EUA como venda de casa novas, sentimento do consumidor de Michigan, PMI da indústria e principalmente a ata do Fomc e do BCE na quarta e quinta-feira. Na Ásia, o PMI e o núcleo do CPI do Japão podem trazer algum movimento ao mercado local.

Confira na edição desta semana!

América: Monitorando discursos.

Após a temporada de resultados, uma agenda menos agitada com o Thanksgiving day chegando e após os dados do CPI de outubro que vieram mostrando desaceleração, o mercado passou a monitorar os discursos dos dirigentes do Fed antes da divulgação da ata do Fomc ao longo da semana e ao que tudo indica a próxima decisão em dezembro será bem discutida, já que as falas dos dirigentes regionais do Fed têm trazido um tom misto. Enquanto alguns dirigentes como James Bullard, de St. Louis e Susan Collins, de Boston, defendem um aumento mais agressivo, mais alinhados a uma alta de 75 bps na próxima decisão, outros como Mary Daly e Loretta Mester de São Francisco e Cleveland, respectivamente, mantém um tom mais brando com receios de uma recessão mais dolorosa. As ações do segmento de consumo discricionário ficaram na mira da aversão a risco ao longo da semana, após um relatório da Target Corp projetar uma queda surpreendente nas vendas do trimestre, sentindo impactos da alta inflação e “mudanças dramáticas” nos gastos do consumidor em todos os segmentos de brinquedos a eletrônicos. As ações da Target chegaram a cair mais de 17% e a companhia lançou um plano de corte de custos de cerca de US$ 2 a US$ 3 bilhões em 3 anos, sem considerar corte de pessoal. Em contrapartida, o Walmart, que atua no consumo essencial elevou sua projeção de vendas e lucro para o ano, mas alertou que a demanda deve cair em outras mercadorias. Na Walt Disney, a volta de Bob Iger como CEO da companhia trouxe otimismo aos papéis, em sinalização de reestabelecer a competitividade do seu segmento de streaming.

Ásia: Avanço da covid distancia a ideia de relaxamento das restrições, enquanto governo tenta apoiar economia.

A China continua lutando para controlar os casos de covid-19, que continuam evoluindo desde Zhengzhou na província central de Henan a Chongqing, no Sudoeste e no domingo, os casos atingiram 26.824 pessoas, pico visto em abril com a ômicron. Com a política de covid zero, que parece que não deve relaxar, contrariando as especulações, o governo vai ampliando as restrições com parques e museus sendo fechados, testes realizados em massa e aceleração das vacinações. Enquanto isso, o governo vai tentando apoiar a economia com medidas como a do Banco Central da China, que deve fornecer 200 bilhões de yuans (US$ 27 bilhões) em empréstimos a seis bancos comerciais para conclusão de moradias, com objetivo de fomentar a liquidez no mercado imobiliário. As companhias do setor acabaram reagindo positivamente após o comunicado. Outra medida do Banco Central Chinês foi a queda da taxa de juros, atingindo a mínima de 23 meses na terça-feira.

Europa: Na expectativa do relatório do BCE e inflação no Reino Unido renova recordes.

Na Europa a discussão também acaba se voltando ao ritmo da política monetária do BCE e da recessão no Reino Unido, que viu dados de inflação acima do esperado em outubro e a maior inflação dos últimos 41 anos registrando 11,1%. Como medidas para conter o avanço dos preços o primeiro-ministro, Jeremy Hunt, anunciou aumento de impostos e corte de gastos. O economista chefe do BCE, Philip Lane afirmou que o banco central aumentará as taxas novamente em dezembro, mas a chance de um outro aumento de 75 bps reduziu. O índice de preços ao produtor alemão divulgado na semana surpreendeu e veio abaixo do esperado registrando queda de 4,2% em outubro, contribuindo para a redução do ritmo de alta de juros do BCE. No front da guerra da Ucrânia, a tensão que quase escalou para outros países reduziu após a Polônia e a Otan confirmarem que o míssil que caiu na Polônia foi disparado pelas defesas aéreas da Ucrânia e não de um ataque russo.

Flashing Forward:

Nos Estados Unidos teremos uma semana agitada, principalmente com a Ata do FOMC, PMI Manufatura, PMI Serviços e Novos Pedidos Seguro-Desemprego. Já na Zona do Euro será reportado o PMI Manufatura bem como o PMI Serviços.

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