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Gabriela Joubert

Publicado 16/nov

China flexibiliza restrições, mas é suficiente?

O mix de dados de atividades nos Estados Unidos e os próximos passos do FED diante destas divulgações têm determinado o humor dos mercados globais nos últimos dias. Se por um lado a inflação norte-americana deus sinais de desaceleração, por outro observa-se ainda um mercado de trabalho forte, dificultando a leitura do mercado e da própria autoridade monetária sobre o ritmo do aperto e o prazo destes juros mais elevados, mas que fez com que na semana passada Wall Street fechasse em alta, com destaque para Nasdaq que avançou mais de 8%.

Já na Ásia, notícias sobre flexibilização das medidas anti-covid na China foram recebidas com alívio e impulsionaram as bolsas locais, em especial nos setores de real estate, turismo e tecnologia, com a bolsa de Hong-Kong avançando mais de 7% no acumulado da semana. As notícias também impulsionaram as bolsas europeias, que foram puxadas pelas exportadoras e pelo Varejo de Luxo.

Já nesta semana, as atenções seguiram voltadas a mais dados macroeconômicos nos Estados Unidos, como produção industrial e vendas ao varejo, além de falas de dirigentes do FED sobre a necessidade de um posicionamento ainda firme no combate à inflação. No contraponto, novos estímulos ao setor imobiliário chinês anunciados pelo governo, continuaram a impulsionar ações de exportadoras e commodities, apesar das incertezas da efetividade dessas medidas para o médio e longo prazo, limitadas ainda por novos casos de covid no país que voltaram a subir.

Confira na edição desta semana!

América: Inflação desacelera e eleições intermediárias vão ditando o tom:

O mercado norte-americano repercutiu os dados da inflação de outubro que vieram abaixo do esperado pelo mercado, reportando 0,4%, abrindo margem para expectativas de um Fed mais brando nas próximas decisões da política monetária. Em reflexo ao CPI, o S&P 500 reagiu positivamente com ações dos setores de tecnologia, varejo, real estate e bancos em alta. Do outro lado, as atenções se voltaram aos resultados das eleições intermediárias, que se mostraram bem disputadas entre democratas e republicanos, com o Senado indicando controle dos democratas, favorável a Joe Biden, mas na Câmara dos Deputados a previsão é de maioria dos republicanos. Ainda no noticiário eleitoral, o ex-presidente Donald Trump comemorou a retomada da Câmara pelos republicanos, antecipando o projetado e anunciou que pretende disputar a próxima eleição presidencial em 2024. Para chacoalhar ainda mais o mercado, a crise de liquidez na FTX (uma das maiores corretoras de criptomoedas do mundo) ocasionou na renúncia do seu CEO Sam Bankman-Fried, além do pedido de falência da companhia e passos iniciais de uma intervenção de reguladores sobre o setor no mundo.

A temporada de balanços chega praticamente ao fim, com menos de 70% das empresas superando as estimativas, abaixo do nível histórico, antecipando um trimestre mais desafiador com um cenário de juros elevados e inflação pressionando margens das companhias. No destaque negativo, vimos o setor de Real Estate com o pior desempenho relativo, tendo apenas 55% dos balanços acima do consenso. Já o setor de consumo não cíclico foi o destaque positivo, com quase 80% das empresas batendo as expectativas do mercado.

Ásia: Flexibilizações ainda enfrentam desafios com aumento de casos.

Apesar de um certo otimismo na semana passada com flexibilizações acerca das medidas da política de Zero Covid, a China continua relatando aumento das infecções por Covid-19, inclusive em centros industriais no sul do país, denotando a persistência dos casos. Restrições rigorosas adicionaram pressão negativa em conjunto com a crise do setor imobiliário, empréstimos em queda e dados de inflação mais fracos na semana passada. Ainda assim, há uma perspectiva de que o gigante asiático possa relaxar as restrições na próxima primavera, o que ainda sustenta a alta dos ativos. Em complemento, estímulos vindos do órgão autorregulador do mercado interbancário da China apontam para uma expansão no financiamento de títulos para empresas privadas, incluindo desenvolvedores, com o apoio do banco central, que deve beneficiar o setor privado, mas em medida que possa não ser suficiente para resolver os problemas financeiros enfrentados pelas companhias. Durante a cúpula do G-20, Joe Biden e Xi Jinping se reuniram e discutiram as ambições nucleares e Taiwan, a situação da guerra na Ucrânia e a Coreia do Norte e mostraram maior abertura para conversas para estabilizar a situação entre os países, o que causou certo otimismo nos mercados.

Europa: ataque à Polônia e crise no Reino Unido.

Um ataque de míssil à Polônia, primeiramente atrelado à Rússia, mas ainda a confirmar, elevou a cautela nos mercados internacionais, especialmente na Europa, quanto a uma possível escalada dos conflitos na região. A guerra na Ucrânia, que já está em seu oitavo mês, continua afligindo o Velho Continente que lida com inflação recorde, limitações produtivas e logísticas, escassez de energia e políticas monetárias restritivas. No Reino Unido, a inflação chegou a 11,1% em outubro, atingindo maior nível desde 1981, e bem acima da meta de 2% do banco central do país (BoE). Mercados já precificam uma nova alta de 50 bps nos juros britânicos na próxima reunião em dezembro, com 40% das apostas sinalizando uma alta de 75 bps. O desafio do BoE é grande, com a crise enfrentada pelo governo britânico desde a saída de Boris Johnson e, posteriormente, Liz Truss, somado a taxa de financiamento imobiliário em patamar mais elevado, juntamente com custos de energia pressionados por preços de commodities restringindo poder de consumo da população, além do novo orçamento a ser anunciado em 17 de outubro.

Flashing Forward:

Nesta semana, o foco fica por conta da COP27 que acontece no Egito e dados de atividades nos Estados Unidos, com vendas ao varejo que subiram 1,3% em outubro, acima das expectativas, dissipando o bom-humor de um FED mais brando depois dos dados de inflação da semana passada. Ainda, vimos produção industrial norte-americana ficando praticamente estável na comparação anual. Por fim, ainda acompanharemos dados de mercado imobiliário nos Estados Unidos, com Novas Construções e Alvarás Concedidos, Novos Pedidos de Seguro- Desemprego e, na China, Vendas de Casas usadas.

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