Macroeconomia


Gerdau | Revisão de Preço e Resultado 2T23

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Gabriela Joubert

Publicado 09/ago

Resumo

A Gerdau tem conseguido mostrar a resiliência de seus negócios e provar que diversificação, feita da maneira correta, importa. Enquanto nos últimos meses vimos a demanda no mercado interno arrefecer por conta do cenário de juros mais restritivo e as margens pressionadas em razão de custos mais elevados e pressão inflacionária, nos mercados externos o desempenho da companhia seguiu forte, com destaque à operação América do Norte, que desde a reestruturação vem apresentando margens de dois dígitos, elevadas para uma siderúrgica. O primeiro semestre deste ano mostrou que mesmo amplamente diversificada, a companhia não está imune aos desafios macroeconômicos, no entanto, o impacto pode ser menor. No 2T23, a companhia mostrou mais uma vez uma operação sólida, com receitas em linha com o esperado, mas EBITDA de R$ 3.792 mm, 3% acima das nossas projeções, com destaque à ON América do Norte, que continua trazendo números fortes, bem como a recuperação da ON Aços Especiais na base comparativa trimestral. Quando comparamos o 1S23 ao mesmo período do ano passado, fica claro o efeito da desaceleração econômica nos números da companhia. No entanto, já vemos sinais de reversão desta desaceleração, com um cenário mais benéfico para o segundo semestre do ano.Com as novas premissas em nossos modelos, chegamos a um preço-alvo de GGBR4 em R$ 35/ação (R$ 34, anteriormente) e seguimos seguros com nossa recomendação de Compra para o papel.

Diversificação segue fazendo seu papel

ON Brasil: ambiente mais favorável para juros e PIB podem ajudar na recuperação.A mudança de humor quanto à economia brasileira, em especial com cenário de flexibilização da política monetária pode ajudar a elevar o ritmo de recuperação da unidade. Vimos resiliência do setor de Construção, com lançamentos retomando e, consequentemente, influenciando a demanda por aços longos no país. No semestre, as vendas de aços longos no mercado interno recuaram 6,4%, contudo no 2T23 já vimos números estáveis na comparação trimestral. Projetos governamentais como MCMV e Plano Safra, ou até mesmo o PAC a ser anunciado na próxima sexta-feira podem dar mais ímpeto à demanda local e aos negócios da companhia. Na ponta negativa, podemos ver pressão maior de preços em razão do maior volume de importações e dos preços nos mercados internacionais, com China pressionando.

ON América do Norte: uma operação renovada e campeã. Após o processo de reestruturação, sem dúvidas a ON América do Norte segue como destaque positivo dos resultados. Mesmo com os desafios locais de juros elevados, a economia norte- americana segue resiliente e, assim, a demanda por aços. Ao mesmo tempo, a queda nos preços de insumos, em especial a sucata, tem ajudado a manutenção das margens em dois dígitos. Esperamos mesma consistência ao longo do ano, apesar de colocarmos certa cautela com os efeitos da política monetária restritiva do FED e possível cenário de recessão na maior economia do mundo.

ON Aços Especiais e América do Sul: recuperação à vista? A operação de aços especiais vem sofrendo com a menor demanda de veículos no Brasil, apesar do consumo resiliente nos Estados Unidos. No entanto, já vemos sinais de recuperação no mercado local, com volta da operação de algumas montadoras, enquanto nos Estados Unidos a demanda por veículos pesados continua forte. Nos custos, a redução do preço da sucata ajudou na evolução das margens e deve manter a mesma tendência para o restante do ano. Na América do Sul, mantemos uma visão mais construtiva para as operações, seguindo a retomada econômica da região

Resultado do 2T23: Consistência

Os resultados do 2T23 da Gerdau trouxeram, uma vez mais, números consistentes, mostrando que a diversificação das operações da companhia segue como ponto fundamental para seu desempenho. No período, a companhia reportou receita consolidada de R$ 18.265 mm, em linha com nossas estimativas e 3,2% menor t/t, resultado de vendas levemente menores ante o 2T23 e preços também em queda. Na ON Brasil, as receitas ficaram 5,5% maior que o projetado, reflexo de vendas maiores na comparação trimestral, mas com maior participação de volumes exportados, o que levou a um EBITDA de R$ 992 mm, 6,7% menor t/t. Apesar do recuo de volumes de vendas no mercado interno, damos destaque à estabilidade das vendas de aços longos, com setor de construção ainda aquecido. Na América do Norte, produção e vendas foram afetadas por paradas para manutenção no Canada, levando a recuo de 12,9% e 11,7%, respectivamente, o que impactou as receitas, que somaram R$ 6.806 mm (-2,8% R/E e -12,7% t/t). Mesmo assim, a operação entregou uma margem EBITDA de 26,1%, seguindo a queda de preços de insumos, em especial sucata e gás natural. Na ON Aços Especiais, a companhia viu recuperação de volumes de vendas na base trimestral, com destaque para impulso na demanda brasileira com incentivo governamental de vendas de veículos populares no período. As Receitas somaram R$ 3.086 mm (-2,7% R/E e +4,7% t/t). Por fim, a queda de custos contribuiu para manutenção das margens, e vimos o EBITDA consolidado da companhia registrar R$ 3.792 mm, 3% maior que nossas projeções.

A companhia anunciou o pagamento de R$ 752,1 mm em dividendos (R$ 0,43/ação) a serem pagos em 29/08/23. A Gerdau também anunciou investimentos de R$ 3,2 bi em nova plataforma de mineração sustentável, visando a produção de minério de ferro de alta qualidade, com menor emissão de carbono e empilhamento a seco para abastecimento próprio. Empresa também conclui a operação em Whitby que adicionará 200 kton de capacidade anual à sua operação

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