Resiliência, resiliência
Apesar da sazonalidade e do início de ano cheio de incertezas, a Gerdau apresentou resultados positivos, em nossa opinião, beneficiados por sua diversificação geográfica via suas operações na América do Norte que compensaram a queda de receitas na ON Brasil no período. Na receita, resultados vieram em linha com o esperado, contudo o EBITDA foi impulsionado por custos e despesas menores que o projetado, com margem em 28,7%, em linha na comparação trimestral, mas 2,2 p.p. acima do 1T21. Como esperado, a ON América do Norte foi destaque, refletindo o bom momento de demanda e preços nos mercados norte-americanos e vislumbramos um 2022 repetindo o observado nos primeiros três meses do ano para a ON. Os custos, apesar de menores na comparação trimestral, ainda são ponto de atenção, e devem seguir impondo desafios à companhia ao longo do ano. Reiteramos nossa recomendação de compra para GGBR4, com TP YE22 em R$ 35/ação.
Resultado Consolidado: diversificação e resiliência. A produção de aço bruto no trimestre totalizou 3.406 kton, 4% maior t/t, embora 8% menor a/a. As vendas somaram 3.055 kton, 4% abaixo do projetado, 3% menor que o 4T21, porém apenas 1% abaixo do 1T21. A Receita Líquida veio em linha com as nossas projeções em R$ 20.330 mm, mas retraiu 6% t/t, espelhando os menores volumes vendidos no período, bem como menores preços realizados na ON Brasil. O CPV no 1T22 recuou 7% t/t, ficando em R$ 15.149 mm (em linha R/E), impactado pela alta dos preços dos insumos, em especial o carvão, parcialmente compensado por menores volumes de vendas. As despesas VG&A totalizaram 2,4% da ROL, levando a um EBITDA recorde de R$ 5.827 mm, 15% melhor que o esperado pelo Inter Research (-3% t/t e +35% a/a), com uma margem EBITDA de 28,7%, em linha com o 4T21.
Agenda ESG: colocando em prática. No 1T22, damos destaque ao avanço do Programa Inspira Gerdau, no qual a companhia reconhece fornecedores ativos e compromissados com avanços nas métricas ESG.
ON Brasil: demanda segue resiliente, mas menores preços derrubam receitas. A produção de aço bruto fechou o trimestre em 1.527 kton, 5% acima t/t, enquanto as vendas totalizaram 1.384 kton, recuando 4% t/t, mas ainda assim em patamar elevado tendo em vista demanda ainda resiliente para mercados como construção, máquinas agrícolas, veículos pesados, energia e infraestrutura. Contudo, a queda nos volumes exportados, bem como menores preços realizados na ON em virtude de descontos aplicados para uma base de clientes resultou em queda de 10% nas receitas ante o 4T21, as quais totalizaram R$ 8.022 mm (+7,7% R/E). Mesmo com a queda nas receitas, os custos se mantiveram estáveis, levando a um EBITDA de R$ 1.951 mm, 30% abaixo t/t, e margem de 23,4%, redução de 7,2 p.p. ante o 4T21.
ON América do Norte: you got it! Uma vez mais, a ON América do Norte foi destaque, espelhando o bom momento dos mercados norte-americanos, em especial do setor de construção não-residencial e manufatura. A produção, que segue em total capacidade, somou 1.214 kton, 3% menor t/t. As vendas, por sua vez, totalizaram 1.094 kton, 4% maior t/t. A Receita líquida totalizou R$ 8.222 mm, alta de 4% t/t e 40% a/a, e em linha com nossas estimativas, resultado de uma maior receita líquida por tonelada, bem como metal spread favorável. Com custos em leve queda, somando R$ 5.586 mm no trimestre, o EBITDA, por sua vez, totalizou R$ 2.711 mm, novo recorde para a ON, 25% maior que o 4T21, resultando em uma margem EBITDA de 33%, também recorde para a operação.
ON América do Sul e Aços Especiais: Aços Especiais começa bem o ano. Na ON América do Sul, as vendas recuaram 11% t/t, levando a receitas 22% menores na mesma base comparativa, as quais totalizaram R$ 1.753 mm (em linha R/E). O EBITDA reportado ficou em R$ 483 mm, queda de 7% ante o 4T21. Na ON Aços Especiais, os volumes de produção cresceram 16% no t/t, ficando em 494 kton. As vendas também avançaram, totalizando 418 kton (+4% t/t), com maior demanda de veículos pesados no Brasil e do setor de Óleo&Gás nos Estados Unidos compensando a retração na produção de veículos leves por conta da crise global de semicondutores. As receitas na ON somaram R$ 3.219 mm (+7,3% R/E), avanço de 6% t/t e 32% a/a. O EBITDA totalizou R$ 692 mm, +28% ante o 4T21.
Endividamento e Resultado Líquido. O Resultado financeiro ficou negativo em R$ 503 mm, impactado por receitas somando R$ 89 mm, despesas em R$ 361 mm e variação cambial negativa de R$ 244 mm. A dívida bruta somou R$ 12,8 bi e a dívida líquida ficou em R$ 5,2 bi. A DL/EBITDA fechou em 0,20x contra 0,30x no 4T21. O lucro líquido foi de R$ 2.940 mm ante R$ 3.479 mm no 4T21, levando a um fluxo de caixa livre total de R$ 3,0 bi. Com isso, a Gerdau anunciou o pagamento de JCP no valor total de R$ 973,5 mm aprovados em maio, sendo R$ 0,57/ação, a serem pagos em 25/05/22, além de um plano de recompra de até 55 milhões de ações pelo prazo de 18 meses.