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Gabriela Joubert

Publicado 31/mai2 min de leitura

Entendendo a oferta de Ethereum e as atualizações na política monetária do Ether na rede

Com a recente aprovação de formulários importantes, como o formulário S-1 (que permite a alteração nas bolsas para recebimento dos ETFs) do ETH do Ethereum e a iminente aprovação do formulário 19b-4 (o qual traz as especificações de cada instrumento), os ETFs de Ethereum estarão em breve sendo negociados no mercado. Diante dessa perspectiva, é crucial compreender melhor a Rede Ethereum e seu ativo nativo, o Ether (ETH).

A Rede Ethereum é uma plataforma blockchain descentralizada que permite a criação e execução de contratos inteligentes e aplicativos descentralizados (dApps). Também serve como base para blockchains de segunda camada (layer 2), que aproveitam a segurança e a infraestrutura do Ethereum, oferecendo escalabilidade e funcionalidades adicionais. O Ether, a criptomoeda nativa da rede, paga pelo poder computacional necessário para transações, contratos inteligentes e dApps, e recompensa os validadores que mantêm a segurança e o consenso da rede através da Prova de Participação (PoS).

A política monetária do Ethereum teve início com a distribuição de 72.009.990,50 ETH no bloco Gênesis em 30 de julho de 2015, sendo 60 milhões de ETH destinados aos participantes da oferta inicial de moedas (ICO) e 12.009.990,50 ETH alocados para os primeiros contribuidores e a Fundação Ethereum. Durante a era de Prova de Trabalho (PoW), aproximadamente 50 milhões de ETH foram emitidos como recompensas de mineração, com uma emissão inicial de 5 ETH por bloco até 16 de outubro de 2017. Após o fork Byzantium em 16 de outubro de 2017, a recompensa foi reduzida para 3 ETH por bloco e, posteriormente, para 2 ETH por bloco com o fork Constantinople em 28 de fevereiro de 2019.

Em dezembro de 2020, a Beacon Chain foi lançada, marcando o início da transição para a Prova de Participação (PoS). Embora o lançamento da Beacon Chain não tenha tido um impacto direto na emissão de ETH, ele afetou a oferta circulante, já que parte do Ether poderia ser travada nos contratos de staking.

A Atualização London, implementada em 5 de agosto de 2021, introduziu a EIP-1559, que estabeleceu uma taxa base de transação que é queimada pelo protocolo, reduzindo permanentemente a oferta de ETH. Essa atualização teve um impacto significativo na política monetária do Ethereum, tornando-a mais dinâmica e dependente da atividade da rede.

Finalmente, a Atualização Merge, ocorrida em 15 de setembro de 2022, marcou a transição completa do Ethereum para o PoS, encerrando a emissão de novas moedas através da mineração e reduzindo drasticamente a emissão geral de ETH. Como podemos ver no gráfico abaixo, a após o Merge, a emissão de Etherpassou a ser determinada pelas recompensas de staking e pela queima de taxas de transação, tornando a política monetária ainda mais dinâmica e potencialmente deflacionária.

Atualmente, após todas as atualizações, a política monetária do Ethereum é caracterizada por um modelo de emissão e queima de Etherbaseado na atividade da rede e nas recompensas de staking.

Podemos fazer uma analogia com as economias reais. Quando a atividade econômica na rede Ethereum está alta, com muitas transações sendo realizadas, a rede queima mais Etherdo que emite, levando a uma diminuição na base monetária. Por outro lado, quando a atividade na rede está baixa, a rede queima menos Ether, resultando em uma emissão positiva e um aumento na base monetária. Isso é análogo a dinâmica que temos onde se reduz as taxas de juros para estimular a economia durante períodos de baixo crescimento. Essa política monetária dinâmica tem permitido que a rede Ethereum se adapte às condições do mercado, mantendo um equilíbrio saudável entre oferta e demanda de Ether.

Números de Mercado

O mercado de criptoativos apresentou estabilidade na semana, com o Market Cap. totalizando US$ 2,53 trilhões, um aumento discreto de 0,03%. O TVL em DeFitambém mostrou um crescimento moderado, fechando a semana em US$ 188,94 bilhões, uma alta de 1,6%.

Entre os principais criptoativos, o Bitcoin (BTC) manteve-se praticamente estável, com uma variação de 0,08%, encerrando a semana em US$ 67.886,95. Ethereum (ETH) apresentou um desempenho positivo, subindo 2,22% e fechando a US$ 3.788,36. Solana (SOL) teve uma leve queda de 0,22%, encerrando a semana em US$ 167,09. A memecoinShiba Inu(SHIB) se destacou com uma valorização de 5,52%, atingindo US$ 0,00002572.

A dominância do Bitcoin manteve-se lateral, fechando a semana em 52,91%, indicando que ainda não há um aumento significativo do apetite por altcoins. Apesar da estabilidade geral do mercado, alguns ativos apresentaram desempenhos notáveis, como a Shiba Inu, demonstrando o interesse contínuo dos investidores em criptoativos alternativos.

Notícias da Semana

Bancos brasileiros otimistas com o futuro do Drex, apesar dos desafios de privacidade

Apesar dos desafios relacionados à privacidade de dados, os principais bancos brasileiros envolvidos no piloto do DREX, a moeda digital do Banco Central, estão otimistas quanto ao futuro do projeto. Bruno Grossi, Head de Tecnologias Emergentes do Inter, destaca que soluções como a prova de conhecimento zero (ZKP) podem resolver o dilema da privacidade e que a próxima fase do piloto permitirá a criação de produtos inovadores inspirados em finanças descentralizadas (DeFi). (link da notícia)

FIFA lança coleção de NFTs com momentos históricos de Copas do Mundo

A FIFA, em parceria com a plataforma FIFA Collect, lançou uma nova coleção de tokens não fungíveis (NFTs) intitulada "FIFA World Cup First Timers", que eterniza os primeiros gols em Copas do Mundo de grandes jogadores como Cristiano Ronaldo, Roberto Baggio e Sócrates. A coleção é composta por 5.000 itens divididos em quatro categorias de raridade e propõe um desafio aos colecionadores, que podem ter a chance de adquirir ingressos para jogos da fase de grupos da Copa do Mundo de 2026, nos Estados Unidos, México e Canadá, ao completarem a coleção. Essa iniciativa demonstra como a tecnologia blockchain e os NFTsestão sendo utilizados para criar experiências únicas e engajar os fãs, abrindo portas para novas possibilidades de monetização no mundo do esporte.(link da notícia)

Juiz de Utah, Robert Shelby, ordena que a SEC pague US$ 1,8 milhão em taxas legais no caso Debt Box

Em uma decisão recente, o juiz federal de Utah, Robert Shelby, ordenou que a SEC pagasse aproximadamente US$ 1,8 milhão em honorários advocatícios à Digital Licensing Inc., que opera sob o nome de DebtBox. O juiz também rejeitou o caso da SEC contra a DebtBox sem prejuízo, o que significa que o caso poderia ser reaberto no futuro. Essa decisão ocorre após a SEC ter apresentado uma queixa contra a DebtBox em julho de 2023, acusando-a de fraudar investidores em pelo menos US$ 49 milhões. No entanto, o juiz Shelby criticou a conduta da SEC na obtenção da ordem de restrição temporária e, em abril, dois advogados da SEC que lideravam o caso renunciaram após o juiz afirmar que o caso estava “marcado por falsas declarações e deturpações. (link da notícia)

CaitlynJenner e Iggy Azalealançam memecoins em meio a controvérsias e volatilidade

Recentemente, duas celebridades, Caitlyn Jenner e Iggy Azalea, lançaram suas próprias criptomoedas meme nas redes Solana e Ethereum. O token JENNER de Caitlyn Jenner enfrentou uma queda de 66% após o lançamento de uma nova versão na rede Ethereum, que modificava o contrato aplicando uma taxa de 3% em todas as transações para apoiar a campanha presidencial de Donald Trump (link da notícia). Enquanto isso, o token MOTHER de Iggy Azalea registrou ganhos massivos de mais de 22.000%, apesar das controvérsias em torno do promotor de criptomoedas Sahil Arorae das preocupações sobre a pré-compra de tokens por “insiders” (link da notícia). Esses eventos destacam a volatilidade e os riscos associados a tokens meme apoiados por celebridades, bem como as potenciais implicações regulatórias de tais empreendimentos. Em 2022, Kim Kardashian enfrentou acusações da SEC e concordou em pagar uma multa de $1,3 milhão por promover um criptoativo, EthereumMax, no Instagram sem divulgar que havia sido paga para fazê-lo. (link da notícia)

Glossário

  • Altcoins: Termo que engloba todas as criptomoedas e tokens alternativos ao Bitcoin. As altcoinsabrangem uma ampla gama de projetos com diferentes propósitos, tecnologias e casos de uso, como Ethereum, Solana, Cardano, entre outras;
  • DeFi (Decentralized Finance): Ecossistema de aplicativos e protocolos financeiros construídos sobre redes blockchain, principalmente Ethereum, que buscam oferecer serviços financeiros de forma descentralizada. O DeFiengloba serviços como empréstimos, negociação de ativos, gestão de portfólio e seguros;
  • Memecoin: Criptomoeda inspirada em memes da internet, geralmente criada como uma piada ou para fins de especulação. As memecoinsgeralmente têm pouco ou nenhum valor intrínseco ou utilidade prática, e seu valor é impulsionado principalmente pelo humor e pelo interesse da comunidade. Exemplos populares de memecoinsincluem Dogecoin(DOGE) e Shiba Inu(SHIB);
  • PoS (Proof of Stake): Algoritmo de consenso em que validadores são escolhidos com base na quantidade de criptomoedas que possuem e estão dispostos a "travar" como garantia. O PoS é utilizado na blockchain da Ethereum e outras. Esse mecanismo visa ser mais eficiente energeticamente do que o PoW;
  • PoW (Proof of Work): Algoritmo de consenso que exige que os mineradores resolvam problemas matemáticos complexos para validar transações e adicionar novos blocos à blockchain. Esse processo consome uma quantidade significativa de energia e é utilizado na rede do Bitcoin;
  • TVL (Total Value Locked): Métrica que representa o valor total de ativos depositados e bloqueados em protocolos descentralizados de finanças (DeFi) e outros aplicativos baseados em blockchain.

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