Macroeconomia


Criptoworld | Ciclos de Mercado e o Bitcoin

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Gabriela Joubert

Publicado 19/out6 min de leitura

Estamos em uma janela interessante para o Bitcoin?

Durante o ano 2022 o mercado cripto enfrentou um período de queda brusca nos preços das principais moedas, com o Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH), Cardano (ADA), Ripple (XRP) e outras apresentando desvalorizações de mais de 60%. Isso ocorreu devido ao colapso de várias exchanges, falhas de stablecoins, preocupações com a segurança e regulação, inúmeras ocorrências de fraudes, além de fatores macroeconômicos como o aumento da inflação e o aperto monetário dos bancos centrais, em especial o Federal Reserve. A redução da liquidez global e o aumento das taxas de juros afetou os ativos de risco com uma pressão maior sobre as criptomoedas que também possuem correlação próxima com os índices de bolsas de valores, principalmente o Nasdaq Composite, que fechou 2022 em território de bear market após baixa de mais de 30%.

Esse período, apesar de difícil, é necessário, pois serve como um teste para o desenvolvimento da indústria e uma forma de “limpeza” dos projetos ruins, permanecendo moedas com bases mais sólidas e seguras, e que têm potencial de crescimento futuro. Como em todos os mercados, existem ciclos de baixa permeados por sentimentos negativos e investidores mais pessimistas, seguidos de ciclos de alta caracterizados por otimismo e euforia. Esse padrão sempre se repete de forma sucessiva. Portanto, os períodos de bear market não são permanentes, e quando analisamos eventos semelhantes no passado, vemos que o mercado de criptoativos sempre se recuperou.

Avançando na linha do tempo, o ano de 2023 foi positivo para o Bitcoin até o momento, com a criptomoeda acumulando uma valorização de 64% e alcançando novamente o patamar de R$ 140 mil (US$ 28 mil). Além disso, o market cap de todas as criptomoedas avançou 37% desde o começo do ano, atingindo o valor de US$ 1,1 trilhão. Apesar da tendência positiva, houve bastante volatilidade com altas e baixas ao longo do caminho. Em março, vimos o preço do Bitcoin aumentar cerca de 40% com o colapso do Silicon Valley Bank e preocupações no setor bancário americano. Já no meio do ano, as cotações sofreram com as pressões regulatórias e o “crackdown” da Securities and Exchange Commission (SEC) sobre as duas maiores exchanges de criptoativos.

A próxima “primavera” cripto? Apesar de ainda modesto quando comparado aos retornos obtidos nos últimos “ralis”, o movimento positivo visto neste ano pode ser uma indicação do fim do inverno cripto e o início da “primavera” com um novo ciclo de alta. Por outro lado, no curto e médio prazo, o Bitcoin provavelmente não deve voltar aos patamares vistos durante o “all time high” em 2021 quando atingiu US$ 64,4 mil ou R$ 350 mil. Isso se deve ao fato de que a era das taxas de juros excessivamente baixas nos países desenvolvidos pode ter chegado ao fim e a torneira do dinheiro “barato” e abundante que fluía para ativos mais arriscados como as criptomoedas se fechou. Além disso, ainda existem grandes incertezas macroeconômicas e geopolíticas globais que podem afastar investidores de mercados mais arriscados. Entretanto, tendo em vista alguns eventos catalisadores importantes que ocorrerão no início de 2024 e considerando o ativo atraente também para um horizonte de longo prazo, vemos um momento interessante para o Bitcoin.

Os eventos mencionados são dois: um que poderá afetar positivamente a demanda por Bitcoins e outro que irá reduzir a sua oferta, ou seja, uma combinação perfeita para a elevação do preço. O primeiro trata-se da criação de Exchange-Traded Funds (ETFs) da criptomoeda por grandes gestoras de ativos e o segundo diz respeito a um procedimento programado e recorrente que diminui a “taxa de inflação” do ativo.

Há fortes indicações de que a SEC aprove os pedidos para aceitar ETFs do preço spot de Bitcoin, fazendo com que mais instituições financeiras aumentem a demanda pela criptomoeda, o que pode se traduzir em sua valorização. O sinal verde da agência reguladora pode abrir ainda mais as portas para o investimento institucional no Bitcoin com potencial de levar sua cotação a novas altas. A aprovação dos ETFs à vista não é mais uma questão de “se”, mas de “quando”, com uma perspectiva para o primeiro trimestre de 2024, coincidindo com o chamado halving que deve ocorrer em março do próximo ano.

O processo de halving do Bitcoin acontece aproximadamente de quatro em quatro anos e se refere a redução pela metade na taxa em que Bitcoins são criados. Isso diminui a oferta adicional prevista disponível e, por consequência, o preço tende a subir para uma dada demanda. A oferta total de Bitcoin é pré-determinada e o mecanismo de halving reduz gradualmente a taxa em que as novas moedas são geradas até atingir o limite de 21 milhões de unidades previsto para acontecer em 2140. Os eventos de halving passados estão associados ao aumento do preço do Bitcoin como ocorreu em 2012, 2016 e 2020.


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