Balanços pressionam índices lá fora e aqui as exportadoras pesam no Ibovespa
Os balanços piores que o esperado, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, pressionam os índices globais que também sofrem com a maior aversão ao risco, com investidores buscando posições mais defensivas neste início de semestre. No Brasil, as exportadoras recuam e pressionam o Ibovespa, com destaque para Vale e Petrobras, apesar da recuperação de Embraer. Futuros recuam hoje.
Estados Unidos:
Mantendo a tendência negativa da véspera, futuros hoje nos Estados Unidos amanhecem em queda, pressionados pelos balanços de Tesla, que decepcionou o mercado pelo quarto mês consecutivo. A fabricante de veículos elétricos tem sentido a pressão dos competidores, especialmente os chineses, enquanto continua vendo os maiores custos prejudicarem os lucros. Um quinto das companhias do S&P 500 já reportaram seus números no trimestre e lembramos que as expectativas dos analistas estão bastante otimistas, esperando alta de mais de 9% a/a nos lucros empresariais, sendo cerca de 30% para as 7 Magníficas. No entanto, até o momento, as vendas têm decepcionado, mostrando alguma desaceleração versus o ano anterior. O mercado tem sentido pressão adicional neste verão no hemisfério-norte, com investidores revisando suas posições nas empresas de tecnologia e buscando cases mais defensivos, principalmente antecipando a maior volatilidade por conta das eleições presidenciais.
Mundo:
Na Ásia, as bolsas encerraram a madrugada em queda, seguindo o mau-humor global. As fornecedoras da Tesla e demais fabricantes de EVs sentiram o impacto e os papeis recuaram. No Japão, o iene bateu US$155 pela primeira vez desde junho, com apostas de que o BoJ aumente as taxas de juros nos próximos meses, ou até mesmo na reunião da próxima semana. Na Europa, as bolsas também recuam pressionadas pelos balanços corporativos. Os papéis da LVMH, dona de marcas como Louis Vitton, caíram para menor nível em seis meses, após desempenho vir mais fraco que o esperado, por conta de impacto cambial e menor consumo na China. O Deutsche Bank também perdeu 7%, refletindo desaceleração nos negócios de trade, o que levou a revisão de seu plano de recompra de ações para o restante do ano.
Brasil:
Pressionado pela aversão ao risco global e por Vale e Petrobras, o Ibovespa recuou quase 1% ontem. As commodities em queda ajudaram a puxar as exportadoras para baixo. Por um lado, a Vale sentiu a pressão da queda do minério de ferro, com notícias menos animadoras na China. Já Petrobras refletiu a queda do petróleo, que recua pressionado por aumentos dos estoques nos Estados Unidos. Compensando, os papéis da Embraer reverteram a forte queda e subiram mais de 8%. Ontem, lançamos nossa Inter News, um resumo semanal sobre a bolsa brasileira. Confiram no site! No campo político, ontem Lula disse que o Brasil deve aderir à nova rota da seda, projeto de infraestrutura da China, que busca avançar no Ocidente econômica e politicamente. Mercado segue acompanhando a agenda de tributação do governo que busca compensação à elevação de gastos, após o estresse gerado no mercado quanto ao fiscal.
Abertura:
Na abertura, o índice dólar (DXY) avança, enquanto futuros em Wall Street recuam, assim como os ativos de risco globais. Juros das Treasuries caem levemente. Petróleo está em queda novamente, com estoques nos Estados Unidos subindo novamente e ampliando oferta, enquanto mercado revisa demanda global que desacelera. Bitcoin sobe.
O que esperar?
Mercado local passa a se preparar para a temporada de balanços, com Santander divulgando hoje. No político, o fiscal continua no radar dos investidores, com críticas aos planos de criação e aumento de impostos para compensar a elevação de gastos pelo governo. Mercado monitora também exterior, com a aversão ao risco pesando nos ativos globais.