Inflação preocupa no exterior, enquanto no Brasil fiscal volta a incomodar.
Os dados acima do esperado na economia norte-americana ofuscaram o alívio com os conflitos no Oriente Médio, com mercados preocupados com a possibilidade de o FED não cortar os juros agora em junho. Os juros das Treasuries voltaram a subir e as bolsas globais caíram em meio a maior aversão ao risco. No Brasil, fala de Haddad sobre déficit zero em 2025 não foi bem recebida pelos mercados.
*Estados Unidos:*
Apesar de terem iniciado o dia em campo positivo ontem com alívio sobre a ofensiva do Irã sobre Israel, os mercados viraram ao longo do dia e as bolsas fecharam em queda, preocupados com a força da economia norte-americana, após dados do Varejo, e seus efeitos na decisão do FED sobre os juros. A confiança no mercado imobiliário também segue forte, corroborando a visão de que, apesar dos juros restritivos, a situação econômica parece não sofrer. Assim, os juros das Treasuries voltaram a subir, com os juros dos T-Bonds de 10 anos chegando a 4,62%. No corporativo, bancos surpreenderam positivamente e subiram, com Goldman Sachs. Já os papéis da Tesla despencaram mais de 5%, após empresa anunciar demissão de cerca de 10% de sua força de trabalho global. Hoje, temos produção industrial e mais dados macro, além dos números de Morgan Stanley e Bofa e fala de Powell no fim do dia.
*Mundo:*
Na Ásia, as bolsas chinesas encerraram a madrugada em forte queda, refletindo dados mistos apresentados. Por um lado, o PIB do 1T24 avançou 5,3% a/a, bem acima das expectativas de 4,6%, contudo, demais dados de atividade de março decepcionaram. A produção industrial, a capacidade de utilização, vendas ao varejo e o setor automotivo, todos cresceram abaixo do esperado pelo mercado, apenas investimentos e infraestrutura foram os destaques positivos dentre os indicadores. Preços de casas também caíram, apesar das medidas de estímulos. No Japão, o Nikkei também recuou, com sinalização de mudanças na condução da política monetária pelo BoJ e seguindo os pares internacionais. Na Europa, as bolsas caem hoje. Os conflitos no Oriente Médio seguem no radar, apesar de controlados no momento, e mercados olham indicadores econômicos, em especial na Alemanha.
*Brasil:*
A bolsa brasileira não ficou isenta do mau humor que se espalhou nos mercados globais e caiu 0,49% ontem, enquanto o dólar avançou para R$ 5,19. O receio de juros mais altos nos Estados Unidos tem limitado os avanços dos ativos de risco, em especial nos emergentes. Pesou também a fala de Haddad sobre proposta do governo de manter um déficit zero para 2025, contra expectativa anterior de superávit. Com isso, mercado volta a questionar o controle das contas públicas e o risco fiscal reaparece. Hoje, mercado acompanha monitor do PIB da FGV e o relatório Focus.
*Abertura:*
Na abertura, o índice DXY tem leve queda, após forte alta de ontem, enquanto os juros das Treasuries dão uma trégua, mas os futuros em Wall Street indicam mais um dia de pressão baixista. Petróleo recua das máximas de seis meses, mas mercados monitoram situação com Irã.
*O que esperar?*
A maior aversão ao risco nos mercados internacionais deve seguir pesando localmente, com os investidores locais ainda tendo que digerir os novos planos do governo de não entregar superávit fiscal para o próximo ano. Mercado também deve digerir o PIB chinês mais forte, além de monitorar os desdobramentos do conflito entre Irã e Israel e os impactos nos preços do petróleo.
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