Ruídos derrubam mercados aqui. No exterior, CPI bom, mas Fed hawkish, contém ânimos.
A sessão de ontem não foi nada boa para o mercado brasileiro, que enquanto o mundo tinha um dia positivo e observava a curva de juros norte americana cair e as bolsas subirem após a boa notícia do CPI estável e abaixo do esperado, por aqui vimos mais da insistência do presidente Lula em falas sinalizando que a redução do déficit virá via arrecadação sem sinalizar corte de gastos e o mercado ainda especulou uma suposta saída do cargo do ministro Fernando Haddad. Resultado? A bolsa fechou em forte queda e o dólar disparou. Hoje mercados acompanham a inflação ao produtor e segue digerindo os sinais dados pelo Fomc ontem após manter os juros e sinalizar apenas um corte para o ano
*Estados Unidos*
No mercado norte americano a sessão anterior foi positiva, mas com um gosto amargo ao final da tarde após o Fomc. Para começar o CPI pela manhã animou os mercados trazendo estabilidade em maio e vindo abaixo do esperado. Bolsas subiam e curva de juros caía por lá e assim foi até o final do dia quando o Fed manteve os juros inalterados mas sinalizou apenas um corte de juros para o ano, enquanto o mercado esperava por dois cortes no ano. No comunicado ontem o Fed alegou um progresso “modesto” da política monetária contra a inflação e que a economia segue sólida e Powell em coletiva afirmou que precisam de mais dados bons para reforçar a confiança de que a inflação está convergindo para a meta de 2%. Mercado acompanha hoje o PPI e falas do dirigente do Fed de Nova York e da secretária do Tesouro Janet Yellen.
*Mundo*
Mercados asiáticos fecharam em tom misto, com Hong Kong em alta, mas bolsas chinesas em queda puxadas principalmente pelo setor imobiliário e digerindo a decisão do Fed ao final da tarde de ontem. O mercado também aguarda a decisão de juros do banco central japonês na sexta-feira, onde se esperar que não haja alteração, contudo o país está sob forte pressão com a força do dólar contra o iene neste ano. Bolsas na Europa operam em queda nesta manhã repercutindo a sinalização de apenas um corte nos juros este ano dada pelo Fed ontem. Por fim, a produção industrial na zona do euro divulgada hoje avançou 0,1% em abril e mercados acompanham fala de dirigentes do banco central europeu.
*Brasil*
O mercado brasileiro passou por uma quarta-feira difícil, repercutindo a fala de Lula sinalizando redução do déficit via arrecadação, pressionando por corte de juros e sem mencionar esforço para um corte de gastos. Outro boato que circulou foi uma suposta saída de Haddad do cargo, mas que ficou apenas no boato. Com o excesso de ruído, o Ibovespa ignorou os dados positivos da pesquisa mensal de serviços, que cresceu 0,5% em abril e também ignorou o fato mais importante do dia, o CPI abaixo do esperado nos EUA e a queda na curva de juros por lá, desta forma o índice caiu para a mínima em oito meses a 119 mil pontos e o dólar atingiu R$ 5,40. No noticiário de hoje repercute a decisão do STF para que o FGTS seja corrigido pela inflação e mercado acompanha a divulgação das vendas no varejo.
*Abertura*
Na abertura, o índice DXY tem leve alta, enquanto os futuros em Wall Street operam sem direção definida e juros das Treasuries ampliam perdas após CPI e FOMC. Petróleo cai e commodities metálicas arrefecem, mas com minério de ferro em alta. Bitcoin opera em queda de quase 3% nesta manhã.
*O que esperar*
A curva de juros norte americana amplia quedas de ontem após CPI, o que pode beneficiar ativos de risco, mas a sinalização do Fed ontem de apenas um corte de juros para o ano pode conter a alta nos mercados. Um PPI abaixo do esperado pode manter mercados otimistas. Por aqui, as vendas no varejo ficam no radar, mas cenário político ainda é o principal vetor para a bolsa. Alguma interpretação de que o movimento de ontem foi exagerado pode trazer correção para o mercado hoje.