Inflação no radar dos investidores, além de Powell e reforma tributária
Os mercados seguem em modo de espera, de olho nos dados de inflação que são divulgados esta semana. Hoje, no Brasil, teremos o IPCA de junho, com expectativas de continuidade do processo desinflacionário. Amanhã, teremos CPI nos Estados Unidos e PPI na sexta. Discurso de Powell também fica no radar, além da votação da Reforma Tributária na Câmara e da desoneração da folha no Senado.
Estados Unidos:
Os índices em Nova Iorque encerraram mistos ontem, com investidores ainda no aguardo dos dados de inflação, com CPI e PPI saindo no final da semana. O S&P 500 engatou a sexta alta consecutiva e bateu seu 36º recorde do ano. Mercado também refletiu as falas de Jerome Powell, presidente do FED, de que não estamos mais em uma economia superaquecida, corroborando a visão de que os juros mais altos vêm fazendo seu papel de controle inflacionário e desaceleração da economia. Powell também reforçou que o mercado de trabalho parece estar de volta ao equilíbrio. Com isso, mercado precifica que o call de soft landing passa a ser o cenário mais plausível e reforça apostas de até dois cortes para o ano. Hoje, Powell fala novamente ao Congresso. Mercado espera o CPI amanhã, com expectativas de avanço de 0,2% m/m em junho, levando a taxa anual a 3,4% de acordo com a Factset.
Mundo:
Na Ásia, tivemos um dia de comportamento misto para as bolsas locais. No Japão, Nikkei bateu novo recorde, enquanto investidores seguem apostando em novo aumento de juros pelo BoJ em outubro. Na China, as bolsas recuaram, com CPI avançando menos que o esperado, reflexo de uma demanda interna ainda fraca. Na Europa, o sentimento tem melhorado após as eleições francesas e com as falas de Powell ontem que reforçam uma possível reversão na condução da política monetária para este ano, o que poderia liberar espaço para que o BCE também voltasse a cortar juros na região. Os dados mais fracos de inflação e consumo na China preocupam, devido à forte representatividade deste mercado para as empresas europeias. No Reino Unido, a confiança empresarial subiu ao maior nível desde o 1T22, em razão da forte queda da inflação e aumento dos salários, que pode indicar maior consumo à frente.
Brasil:
O Ibovespa encerrou em alta pelo 7º pregão consecutivo, puxado por papéis como Itau e Sabesp, mas também pela sinalização do presidente do FED, Jerome Powell, de que poderemos ver por lá corte de juros em breve. O dólar recuou 0,93% para R$ 5,42. Hoje, o foco fica por conta do IPCA de junho que, de acordo com as expectativas, deve desacelerar a 0,32%, contra alta de 0,46% em maio. Os dados devem confirmar a trajetória de queda da inflação local, apesar das expectativas desancoradas que temos visto, um reflexo da piora recente do prêmio de risco em razão das incertezas quanto ao fiscal. No campo político, a Câmara deve votar o projeto que trata da Reforma Tributária e no Senado devemos ver a votação do PL sobre a desoneração da folha.
Abertura:
Na abertura, o índice DXY opera em leve queda, enquanto os futuros em Wall Street têm pouco fôlego, mas avançam e os juros das Treasuries recuam, com apostas de cortes reforçadas. Do lado das commodities, petróleo cai, apesar do risco de menores estoques nos Estados Unidos, com provável menor demanda na China pesando mais. Minério de ferro e cobre também recuam. Bitcoin sobe, marcando US$ 58 mil.
O que esperar?
Mercado local direciona sua atenção ao IPCA divulgado hoje, uma vez que a trajetória de desaceleração, se confirmada, pode ajudar a trazer algum alívio nas expectativas que permanecem desancoradas. Setores voltados ao consumo interno podem ter volatilidade com o IPCA, além das exportadoras, que devem ser pressionadas mais uma vez pelas commodities em queda.