*Juros cedem com mercado de trabalho nos EUA e aqui, commodities puxam Ibovespa*
Dados de mercado de trabalho nos Estados Unidos deram sinais de desaceleração e levaram a uma correção nos juros, mas duas eleições acirradas, no México e Índia, elevaram a aversão ao risco, trazendo de volta os receios da alta volatilidade durante as campanhas presidenciais. No Brasil, o recuo das commodities pesou na bolsa, em dia de PIB em alta.
*Estados Unidos:*
As bolsas norte-americanas encerraram o pregão de ontem em alta, motivadas por um certo otimismo quanto ao início do ciclo de cortes pelo FED, em reflexo aos recentes dados de mercado de trabalho que mostram desaceleração. Aliás, da semana passada para cá, os receios de uma desaceleração mais forte que o precificado voltaram a aparecer, e mercado relembra o call de recessão técnica, descartado nos últimos meses. A desaceleração do mercado de trabalho poderia dar o estímulo necessário ao FED para cortar os juros na reunião de setembro e entregar ao menos dois cortes este ano. Ao menos foi isso que vimos na curva, com os juros das Treasuries apresentando o maior recuo consecutivo do ano em dois dias. Agora, investidores aguardam o payroll na sexta, enquanto ainda monitoram os papeis de tecnologia e AI.
*Mundo:*
Na Ásia, os mercados cederam, exceto pela bolsa indiana. Após os resultados das eleições, a aversão ao risco aumentou, em meio às incertezas quanto à governabilidade do premier eleito. No entanto, notícias de coalisão entre os três principais partidos vieram como música aos ouvidos dos investidores e as bolsas indianas dispararam, descolando dos pares. Na China, o PMI de Serviços apresentou a maior alta em 10 meses, ficando em 54 pontos, acima das expectativas, mas a confiança segue em níveis baixos, e os investidores continuam divididos quanto ao futuro do país. Na Europa, os índices sobem, com investidores ansiosos pela decisão do BCE na quinta, que pode trazer um corte nos juros, antecipando-se ao FED. Ao mesmo tempo, o PMI da zona do euro avançou mais que o esperado, ficando em 52,2 pontos.
*Brasil:*
O Ibovespa recuou ontem 0,19%, impactado negativamente pela queda das commodities, mas também pela maior aversão ao risco que afastou investidores de emergentes, após os resultados das eleições no México e na Índia. As eleições reacenderam os receios de incertezas políticas e baixa governabilidade de presidentes eleitos e dificuldade de tramitar seus projetos nas demais esferas. Do lado positivo, o PIB do 1T24 cresceu 0,8%, com destaque para o agro e consumo das famílias. No entanto, projetamos uma desaceleração na atividade, pressionada pela política monetária mais restritiva e vemos o PIB crescer 1,9% em 2024. No campo político, ontem foi publicada a MP que compensa a desoneração da folha de pagamento. Hoje o grupo de trabalho na Câmara discute a regulamentação da Reforma Tributária. Investidores olham também Produção Industrial.
*Abertura:*
Na abertura, o índice DXY avança, juros das Treasuries estão de lado com apostas de início de cortes pelo FED e futuros sobem. Petróleo avança, revertendo parte das quedas dos últimos dias, minério de ferro recua e o Bitcoin opera nos US$ 70 mil.
*O que esperar?*
A melhora do humor no exterior e a alta do petróleo, além da redução das incertezas com México e Índia podem ajudar a elevar o apetite ao risco global e beneficiar a bolsa brasileira. Mercado local olha produção industrial e as tramitações dos projetos do governo. Minério de ferro em queda pode pesar nos papéis da Vale.
Cadastre-se para receber nossas análises https://interinvest.inter.co/